Empate no dérbi de Alvalade deixou o Sporting CP a uma vitória do apuramento para a Liga dos Campeões
Sem golos, mas com emoção de sobra, para dar e vender. Adrenalina própria de um dérbi, que deu o pontapé de saída com um ambiente eletrizante nas bancadas, contagiando rapidamente os protagonistas no relvado. Durante cerca de 97 minutos (mais coisa, menos coisa), Sporting CP e Benfica esgrimiram argumentos olhos nos olhos, com o leão a rugir mais alto no final, ou não estivesse no seu território. O nulo até acaba por ser penalizador para as ambições leoninas (0-0), uma vez que permitiu ao FC Porto sagrar-se campeão nacional, mas deixou o segundo lugar mais perto, assim como os consequentes milhões da Liga dos Campeões.
Agora, à entrada para a última jornada, e já com vantagem no confronto directo para os encarnados (1-1 na Luz e 0-0 em Alvalade), embora se registe uma igualdade pontual (78 pontos) na tabela classificativa, a formação verde e branca sabe que um triunfo frente ao Marítimo garante desde logo o apuramento para a 3.ª pré-eliminatória da Champions.
Faltou o xeque-mate
Com Piccini e William Carvalho de regresso ao onze inicial, os comandados de Jorge Jesus travaram uma intensa (e suada) batalha táctica a meio-campo na primeira parte, uma vez que Rui Vitória decidiu apostar num trio musculado para o miolo, composto por Samaris, Fejsa e Zivkovic. Battaglia foi mesmo obrigado a desdobrar-se consecutivamente em tarefas defensivas para conter as transições rápidas adversárias, que surgiam com perigo na área verde e branca, muito por culpa da verticalidade de Rafa.
Pelo meio, o guardião Rui Patrício mostrou reflexos ao defender de forma atenta e segura as tentativas de Samaris, Rafa e Pizzi – os postes também deram uma ‘mãozinha’. A resposta do Sporting chegou já perto do intervalo, com um toque de génio de Bas Dost – deixou dois defesas ‘pregados’ ao chão –, que na cara do golo, que é como quem diz de frente para Bruno Varela, optou pelo passe para Gelson Martins e o lance perdeu-se…
No segundo tempo, a intensidade baixou e o relvado assemelhou-se a uma partida de xadrez. Muita táctica e, sobretudo, cheia de estratégia. Pudera, ambos os treinadores sabiam que um simples erro poderia ser fatal. A entrada de Acuña aos 63’, que fez Bryan Ruiz recuar para o lugar de William Carvalho, ainda deu alguma frescura ofensiva aos leões, mas a ligação entre sectores teimava em dificultar a chegada à área contrária.
Já depois do susto provocado por Raúl Jiménez, que após uma combinação com Salvio ficou perto de marcar, o míster Jorge Jesus colocou ‘água na fervura’, promovendo a subida ao relvado de Misic e Lumor – era imperial refrescar os dois sectores mais recuados. Aos 80', Bryan até podia ter inaugurado (finalmente) o marcador, mas atirou de cabeça, em boa posiçao, por cima do alvo. Até final, mais do que o empate que persistiu até ao apito de Carlos Xistra, ficaram na retina dois erros graves da equipa de arbitragem.
Primeiro, uma agressão de Rúben Dias sobre Gelson Martins, atingido com um cotovelo na cara [não se percebeu o silêncio do VAR] – já na primeira parte o central do Benfica havia puxado em falta Mathieu dentro da sua área; depois, um fora de jogo (mal) assinalado ao camisola 77 verde e branco, que se tinha isolado após um passe de Bruno Fernandes. Já dizia o provérbio popular: ‘Maior cego é aquele que não quer ver’.