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O cair e levantar!

Por Juvenal Carvalho
08 Out, 2020

(...) o SCP é muito mais do que uma equipa de futebol. Não descurando que muito daquilo que nos faz gostar do Clube é devido ao desporto-rei, e eu não sou excepção, a verdade é que objectivamente somos também de um eclectismo ímpar

Ser do Sporting Clube de Portugal não pode nunca servir para nos escondermos das derrotas quando elas são factuais, e por vezes até nos machucam no nosso orgulho Leonino.

Foi o sentimento que eu, bem como milhares de Sportinguistas, sentimos aquando do apito final do jogo do play-off da Liga Europa de futebol ante os austríacos do LASK. Sou, comum dos mortais, um homem de sentimentos, e até impulsivo. Fiquei incomodado, termo ligeiro. Não o assumir é fazer aquilo que é contra a minha forma de estar e de ser.

Mas, depois de uma noite mal dormida, as derrotas do Sporting CP, pese a idade ir avançando, conseguem ainda ter este condão em mim, e longe vão os tempos do acne juvenil, recebi através de amigo uma mensagem via WhatsApp com o sorteio da fase de grupos do nosso andebol na EHF Europe League, e como que ‘ressuscitei’. Afinal, o Sporting CP é mais – direi até muito mais – do que uma equipa de futebol. Não descurando que muito daquilo que nos faz gostar do Clube é devido ao desporto-rei, e eu não sou excepção, a verdade é que objectivamente somos também de um eclectismo ímpar.

O cair e ter de levantar é, contudo, apanágio da existência centenária do nosso Clube, tal como aliás os nossos rapazes do futebol o fizeram galhardamente, entrando de rompante em Portimão, com dois golos de compêndio através de Nuno Mendes – quanto talento tem este menino – e do reforço Nuno Santos, um dos que na minha opinião veio acrescentar qualidade ao nosso plantel, e tudo isto apenas setenta e duas horas após um desaire que, como já o referi, pelo seu carácter pesado, poderia ter deixado sequelas complicadas. 

Na antevisão ao jogo, Rúben Amorim apareceu na conferência de imprensa do mesmo, e como que rejuvenescido mas pragmático, fez menção de dizer que ele e o seu grupo não iam deixar de acreditar, e que sabia que muitos de nós – a irracionalidade do futebol tem destas coisas, que são de enorme volatilidade – teriam desistido de acreditar. 

No pós-jogo, Rúben Amorim – gosto do discurso desde a chegada – voltou a falar que só unidos em torno deste grupo de trabalho poderemos chegar a bom porto. É óbvio que as discordâncias, sobretudo as honestas intelectualmente, são até saudáveis, porque é disso que a democracia precisa, e servem até para crescer e emendar a mão a erros de decisão.

Eu sou dos que me agrada ver um Leão de roupagem made in Alvalade, com muitas crias a despontar. Claro que ninguém ganha só com jogadores da formação, eles terão que ser alicerçados com a experiência de quem traga valor. Acredito no lema do jogo a jogo mais que nunca. As contas fazem-se no fim, e se com todos a remar para o mesmo lado, com o único “ista” a relevar a ser o de Sportinguista, a equipa de futebol, bem como de toda e qualquer modalidade, estará seguramente mais perto de ganhar.

E por falar em ganhar, parabéns ao futebol de praia pelo título nacional, bem como ao ténis de mesa pela conquista da Supertaça. Ganhar é mesmo o nosso ADN. O museu ficou mais rico. O Sporting Clube de Portugal também!