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E Se 2021 não for como 2021?

Por André Bernardo
17 Jun, 2021

Muitos Parabéns e obrigado ao Jorge Fonseca, à equipa de futsal e a todos os que pertencem ao Universo Sporting, por terem tomado uma decisão, por terem tomado a decisão de Ser Sporting

E Se Jorge Fonseca não tivesse sido Campeão do Mundo duas vezes?

E Se o Sporting CP não tivesse feito a sua melhor época de sempre no futsal?

E Se estivéssemos a caminhar para o vigésimo ano sem o título nacional no futebol?

E Se há quase 115 anos José Alvalade e os seus congéneres não tivessem tomado a decisão que tomaram?

E Se?

Num estudo efectuado em Harvard a estudantes universitários, 70% responderam considerarem-se procrastinadores. Em bom português, sete em cada dez destes estudantes adopta o lema “É p’ra amanhã, deixa lá não faças hoje”*.

Não decidir é em si mesmo uma decisão. Uma que nos deixa à mercê do acaso ou do status quo mais do que devia.

E uma coisa é certa, se não tivéssemos alterado o nosso rumo, o Sporting CP de hoje seria uma ilusão.

Recupero, a propósito, parte de três editorias que escrevi anteriormente:

[Edição 3775] - “É necessário que tudo mude para que tudo (Não) fique na mesma”

“Tanto no Jornal Sporting como em toda a nossa restante estratégia, viemos mudar para que o futuro do Sporting Clube de Portugal mude de facto para melhor, num regresso ao seu ADN de pioneirismo, vanguardismo, união e inclusão. 

Não esperamos que seja fácil e relembro as palavras de Maquiavel a esse propósito: “Devemos convir que não há coisa mais difícil de se fazer, mais duvidosa de se alcançar, ou mais perigosa de se manejar do que ser o introdutor de uma nova ordem, porque quem o é tem por inimigos todos aqueles que se beneficiam com a antiga ordem, e como tímidos defensores todos aqueles a quem as novas instituições beneficiariam”.”

[Edição 3776] - “Regresso ao Futuro – A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”

“Regressando ao Futuro” até à data actual, e olhando em retrospectiva, haveria certamente caminhos diferentes ao que trilhámos. 

No âmbito desportivo poderíamos não ter investido os poucos recursos disponíveis na retenção de 89 atletas das camadas jovens, não ter alterado o modelo de rendimento desportivo, não ter feito obras na Academia, ter deixado continuar os miúdos sem rede de transportes, ou não ter renovado os relvados dos campos de treino.

No âmbito operacional poderíamos ter negligenciado os nossos colaboradores que nunca tinham tido um processo colectivo de revisão salarial, protelado o investimento urgente em instalações e equipamentos obsoletos, não ter iniciado um projecto de transformação digital ou ter enveredado por um caminho de soluções ‘chave na mão’.

Existe um caminho, aparentemente mais fácil, de apresentar soluções rápidas e de cosmética, mas que compromete sempre o futuro.

A luz ao fundo do túnel existe e o caminho para lá chegar está identificado. Mas não é um percurso curto. E prometer atalhos para saídas mais rápidas é entrar na mesma senda de sempre, em que a luz ao fundo do túnel revela ser um comboio que vem em sentido contrário e atropela o futuro do Sporting CP por mais dez anos.

Achamos que é fundamental a continuação desta maratona, assim como é também agora crítico encontrar novas respostas para uma situação diferente.”

[Edição 3795] – “Porque 2021 não será como “2021”

Qualquer marca é consequência da percepção gerada por dois factores: i) a sua herança; ii) a experiência que as pessoas têm com os vários pontos de contacto com a mesma.

Quanto à primeira, cabe-nos com orgulho recuperar a nossa identidade de Ser Sporting e transmitir o nosso ADN único. E só tem ADN quem tem um código de valores que preserva. 

Quanto à segunda, uma marca tem de entregar aquilo que “promete” na experiência que fornece aos seus nos diversos pontos de interacção existentes. E como tal, falando somente no plano extradesportivo, a experiência que queremos dar no nosso Estádio/Pavilhão/Academia, nos nossos canais digitais, entre outros pontos, são temas que temos identificados e que requerem um ponto de viragem.

Temos um projecto muito bem definido para isso e, apesar das limitações financeiras, os Sportinguistas ‘vão poder ver porque 2021 não será como “2021”’.

Nas incertezas da vida, uma coisa é certa: se tivéssemos vivido na dúvida da acção não tínhamos vivido “à nossa maneira”, se tivéssemos vivido no conforto da certeza não tínhamos evoluído, se não tivéssemos tomados muitas decisões que tomámos, uma delas Ser Sporting, nenhum de nós seria quem é. E se nenhum de nós fosse quem é, o Sporting Clube de Portugal não seria o que é.

Muitos Parabéns e obrigado ao Jorge Fonseca, à equipa de futsal e a todos os que pertencem ao Universo Sporting, por terem tomado uma decisão, por terem tomado a decisão de Ser Sporting.  Desfrutemos de um ano pleno de Glória na História do Sporting Clube de Portugal.

* Excerto da letra da música “É P’ra Amanhã…” de António Variações.

 

Editorial da edição n.º 3824 do Jornal Sporting