Pavilhão Flávio Sá Leite, em Braga
Árbitros: Duarte Santos e Ricardo Fonseca (Madeira)
Ao intervalo: 8-17
ABC: Humberto Gomes (C), Diogo Branquinho (4), Nuno Grilo (4), Pedro Seabra (4), Hugo Rocha (3), Pedro Spínola (6) e Miguel Sarmento (3). Jogaram ainda: Emanuel Ribeiro, Fábio Vidrago, Carlos Martins, Ricardo Pesqueira (1) e André Gomes
Treinador: Carlos Resende
Exclusões: Hugo Rocha (2 e V) e André Gomes (2)
SPORTING: Daniel Svensson, Pedro Solha (4), Fábio Magalhães (3), Carlos Carneiro (4), Bruno Moreira (C, 2), Frankis Carol (7) e Pedro Portela (4). Jogaram ainda: Bosko Bjelanovic, João Antunes (2), João Paulo Pinto (2), Samvel Aslanian (1), Sérgio Barros (1), Edmilson Araújo e Francisco Tavares
Treinador: Zupo Equisoain
Exclusões: Edmilson (3, V), João Antunes, Fábio Magalhães, Bosko Bjelanovic e Frankis Carol

O conjunto ‘leonino’ deu um passo de grande importância para repetir presença na final da prova, depois de um fim-de-semana amargo com a derrota na Taça de Portugal por razões daquelas que não se conseguem controlar. Como foi conseguida a redenção? Na antevisão ao jogo 3 em Braga, Hugo Canela, treinador adjunto da formação ‘verde e branca’, tinha citado Fernando Pessoa para fugir aos percalços. “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo”, comentou. E foi a partir daí que nasceu a concludente vitória dos ‘leões’ frente ao ABC, definida com uma primeira parte de luxo que colocou o Sporting com nove golos de vantagem em 30 minutos.
Os ‘leões’ começaram com um ligeiro ascendente a partida, exibindo um jogo muito fluido e movimentado em termos ofensivos a colocar grandes dificuldades à defensiva visitada. Ainda assim, e até aos cinco minutos, o ABC ainda foi conseguindo acompanhar o ritmo ‘verde e branco’, com um golo de Nuno Grilo a fazer o 3-2 antes de 15 minutos verdadeiramente diabólicos em que os comandados de Zupo Equisoain arrancaram para um parcial de 9-2, chegando aos 20 minutos da partida já com um claríssimo (e inesperado) avanço de oito golos (12-4). Por um lado, o Sporting mostrou trabalho de casa bem feito na forma como superou com múltiplas jogadas atacantes de laboratório a defesa 5:1/3:2:1 dos bracarenses, explorando bem o pivot Bruno Moreira e as entradas dos pontas para segundos pivots; por outro, a grande arma que está no ADN da equipa ‘leonina’ e que funciona como maior força para suprir qualquer fraqueza, que é a defesa, esteve a um nível altíssimo, incluindo o guarda-redes Daniel Svensson, que terminou o encontro com uma percentagem de 32% de eficácia. Assim, era com naturalidade que tudo corria de feição aos ‘verde e brancos’, face a um adversário a quem nada corria bem (ia somando remates falhados e, sobretudo, falhas técnicas pouco habituais neste conjunto). Um exemplo prático: em lances seguidos, os visitados não aproveitaram duas bolas não concretizadas pelo conjunto ‘leonino’ no ataque por terem cometido mais uma falha técnica e, a seguir, por Fábio Vidrago ter escorregado quando ia fazer o apoio decisivo para armar o remate numa acção de contra-ataque.
Após mais um desconto de tempo de Carlos Resente, que tentava de tudo para poder pelo menos discutir o resultado neste jogo 3, o ABC, que já tinha na ficha de jogo Nuno Rebelo (esteve um largo período parado por lesão) ainda tentou trocar o sistema defensivo, passando para um 6:0 semelhante ao Sporting mas nem isso travou a eficácia ‘leonina’ na frente, desta feita com Carlos Carneiro e Frankis Carol a brilharem a grande nível nas combinações de primeira linha e nos remates de meia-distância, aproveitando a passividade da defesa bracarense. Ao intervalo, os nove golos de vantagem (17-8) eram um espelho fiel de uma exibição quase perfeita dos ‘verde e brancos’.
O segundo tempo teve características distintas, como seria de esperar: os minhotos entraram apostados em reduzir a desvantagem ao ponto de poderem ainda entrar na discussão do resultado, mas nunca conseguiram aproximar-se o suficiente para colocar em perigo a supremacia ‘leonina’, com uma gestão exímia da vantagem jogando também com o encontro que se disputou ontem. Assim, foi com naturalidade que se atingiram os primeiros dez minutos da etapa complementar ainda com nove golos de diferença. Os visitados conseguiram ainda chegar ao 25-19 já sem Hugo Rocha, desqualificado por protestos com a dupla de arbitragem que teve uma exibição regular, mas o jogo teve de ser interrompido depois de ter sido aberto um pote de fumo no Pavilhão Flávio Sá Leite, obrigando a uma paragem de dez minutos benéfica para os ‘leões’, que responderam ao parcial de 4-1 do ABC com três golos de rajada que voltaram a colocar o resultado em 28-19. O encontro ficava de vez decidido, o que permitiu ainda que todos os jogadores de campo com menos minutos, como Sérgio Barros, Samvel Aslanian, Edmilson Araújo ou Francisco Tavares – que no dia seguinte contribuiu com seis golos para a vitória dos juniores frente ao FC Porto por 32-28 no Colégio dos Carvalhos –, pudessem actuar para gáudio dos adeptos ‘verde e brancos’, muitos deles a fazer uma espécie de ‘pit stop’ para apoiar o andebol a caminho do encontro do futebol em Moreira de Cónegos.
Frankis Carol, com sete golos em oito remates, foi o melhor marcador ‘verde e branco’, seguido de Carlos Carneiro, Pedro Portela e Pedro Solha, todos com quatro. Em termos globais, nota para a enorme diferença a nível de eficácia de remate (68%-56%) e de faltas técnicas (2-6), dados que demonstram de forma fiel a superioridade do Sporting no jogo mais desequilibrado até ao momento.