Pavilhão do SC Livramento, em Mafra
Árbitros: João Paulo Romão e Ricardo Leão (Lisboa)
Ao intervalo: 7-0
SPORTING: Ângelo Girão, Tuco, André Centeno (2), João Pinto (1), Cacau (2). Jogaram ainda: Ricardo Figueira (1), Luís Viana (2), Poka, Zé Diogo e Rodrigo Campelo
Treinador: Nuno Lopes
Exclusões: Cacau
Sanjoanense: Marco Lopes, Filipe Sousa, João Oliveira, Tiago Ferraz (1), Chico Barreira (1). Jogaram ainda: David Nogueira, Gil Vicente, Pedro Cerqueira, Afonso Santos e Daniel Costa
Treinador: Vítor Pereira
Exclusões: João Oliveira (2)

Um jogo é feito de duas partes, mas a estreia do Sporting no Campeonato Nacional ficou resumida apenas a uma, a primeira. Que, verdade seja dita, valeu por duas: frente a um conjunto que na última época trouxe grandes dificuldades aos ‘leões’ (derrota fora por 2-1, vitória em casa por 3-2), os comandados de Nuno Lopes deram um verdadeiro recital de hóquei nos 25 minutos iniciais, chegando com relativa facilidade ao 7-0 antes de tirarem o pé do acelerador já a pensar nas próximas batalhas, nomeadamente a primeira mão da Taça Continental com o Barcelona. E o segredo desta transição de resultados e de mentalidade vencedora entronca sobretudo num ponto: as... transições.
Com os visitantes a apresentarem-se de início num 2:2 com marcações individuais e à procura do erro adversário em termos atacantes, a formação ‘verde e branca’ entrou com grande intensidade e decidida a resolver cedo a questão, chegando ao primeiro golo logo aos dois minutos por Cacau, após uma saída rápida de Tuco. Pouco depois, Centeno podia ter aumentado o marcador mas seria o samba do brasileiro a ‘inventar’ o segundo tento, após uma fantástica finta na área a Chico Barreira. O Sporting interpretava da melhor forma a defesa individual do adversário, encontrando soluções para dar espaço à criatividade das unidades mais avançadas e não concedendo qualquer tipo de veleidades ao ataque do conjunto de São João da Madeira.
Aos 11 minutos, e na sequência de um cartão azul muito forçado a Cacau, Chico Barreira teve a oportunidade de reduzir num livre directo, mas este seria um momento de viragem... ao contrário: após a defesa de Girão, e em situação de ‘under-play’, seria a formação ‘leonina’ a dilatar o marcador por João Pinto, abrindo espaço para um autêntico atropelo nos últimos oito minutos da metade inicial, com o resultado a chegar aos 7-0 com golos de André Centeno (17’), Ricardo Figueira (19’) e duas obras-primas de Luís Viana (21’ e 24’), daquelas que por si só justificam um bilhete para qualquer espectáculo. O mesmo Zorro teve ainda a possibilidade de completar o ‘hat-trick’ no último lance antes do intervalo, mas acabou por falhar um ‘penalty’.
Em resumo, ficou uma exibição de grande qualidade técnica e colectiva, muito sólida em termos de transições (defensivas e ofensivas) e a mostrar um leque alargado de opções a nível de ataque organizado, um dos principais pontos de análise na evolução que a actual equipa demonstra em relação à derradeira temporada.
No segundo tempo, o cariz do jogo mudou de forma radical. No final da partida, Nuno Lopes admitiu isso mesmo, vincando ainda assim a ideia de ser mais pertinente elogiar o desempenho na primeira parte do que ‘torcer o nariz’ à performance depois do intervalo. No subconsciente dos jogadores pode ter pairado a primeira mão da Taça Continental frente ao Barcelona, no próximo sábado, mas a verdade é que a qualidade exibicional caiu a pique: os ‘leões’ deixaram de funcionar tantas vezes como um bloco compacto, cometeram alguns erros defensivos (sofreram mesmo um golo de grande penalidade quando estavam em ‘power-play’) e perderam faro de golo, mesmo beneficiando de muitas oportunidades (Centeno fez o único tento, quando a equipa tinha mais dois elementos em campo). Mas o essencial estava garantido, era tempo de dar minutos aos menos utilizados. E a vitória, na sua globalidade, teve nota artística.