Pavilhão do SC Livramento (Mafra)
Árbitros: Alessandro Ecelsi e Franco Ferrari (Itália)
Ao intervalo: 0-0
SPORTING: Girão, Tuco, André Centeno (1), João Pinto e Cacau (1). Jogaram ainda: Ricardo Figueira, Luís Viana, Tiago Losna e Poka
Treinador: Nuno Lopes
Exclusões: -
Barcelona: Egurrola, Marc Gual, Sergi Panadero, Matias Pascual e Lucas Ordoñéz. Jogaram ainda: Pablo Álvarez, Xavi Barroso, Xavi Costa e Edu Lamas
Treinador: Ricardo Muñoz
Exclusões: -
O ambiente que se viveu no Pavilhão do SC Livramento trouxe à memória uma série de episódios que fizeram, e estão a fazer, a história de sucesso do hóquei em patins do Sporting na Europa. Não estava a chover no rinque como na primeira mão da meia-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1977, com o Voltregá (derrota por 5-2 corrigida em Alvalade com um 8-3), mas o piso estava húmido como na segunda mão da final da Taça das Taças de 1991, na Nave, frente ao Novara. Nesse dia, os bombeiros tiveram mesmo de ser chamados para fazerem passar condutas que permitissem uma melhor circulação de ar; no sábado, abriram-se as portas laterais e pouco mais havia a fazer: ninguém tem culpa de o Sporting ter adeptos à prova de tudo, tal qual a equipa comandada por Nuno Lopes. E aquilo que se verificou no final, perante a análise dos responsáveis do Barcelona à derrota por 2-0 na primeira mão da Taça Continental, foi que ficou a faltar qualquer coisa. Neste caso, uma letra: os catalães falaram na humidade, os ‘leões’ deram uma lição de humildade. E mostraram que têm um verdadeiro conjunto com seguro contra todos os riscos, numa tarde que, a nível táctico, esteve perto de roçar a perfeição.
O encontro começou com temperaturas distintas: morno em rinque, a escaldar fora dele. As equipas tiveram uma fase de estudo mútuo que se arrastou pelos primeiros dez minutos, com as defesas a controlarem quase por completo ataques que procuravam ainda a melhor solução para não desequilibrarem a equipa fruto dos constantes desequílibrios em campo. Sentia-se um maior receio de não sofrer golos do que propriamente em marcar, o que foi fazendo prevalecer a parte mais táctica do jogo, com transições defensivas a inviabilizarem quase por completo contra-ataques com vantagens numéricas. Um desvio de Luís Viana ao poste, a meio da metade inicial, trouxe mais alguma dinâmica e movimentação à partida, mas o nulo, justo apesar do ligeiro ascendente ‘verde e branco’, iria mesmo manter-se até ao intervalo deste jogo ‘atípico’.
Na segunda parte, e em mais uma prova da fantástica capacidade da formação ‘leonina’ em adaptar-se às condições que o jogo oferece, o Sporting beneficiou de boas oportunidades nos primeiros minutos por Centeno e João Pinto, em transições rápidas com superioridade, mas ia acumulando muitas faltas atacantes que aproximavam perigosamente os ‘verde e brancos’ do livre directo. Cacau era um dos principais ‘alvos’ nesse particular, apesar dos constantes avisos ao árbitro para a forma como a defesa catalã o empurrava da zona de acção de Egurrola, e tornou-se ‘vedeta’ principal quando, aos 11 minutos, desviou de forma oportuna um remate de meia-distância de Figueira, inaugurando o marcador e provocando a primeira explosão no Pavilhão.
O Barcelona acusou o tento e, pela desvantagem e pelo facto de continuar a zero com 36 minutos de jogo, apostou mais na frente, avançando as linhas defensivas e obrigando o Sporting ao erro nas saídas de bola e ataques organizados. Ainda assim, verdade seja dita, Girão esteve sempre bem mas este não foi dos encontros mais complicados que teve pela frente face à desinspiração dos catalães. O jogo partiu e quem se aproveitou disso mesmo foram os ‘leões’, que aumentaram o ‘placard’ num disparo indefensável de Tuco ao ângulo. O Sporting, que apenas por uma vez tinha ganho ao Barça em dez partidas, arrancou um triunfo inquestionável frente ao bicampeão europeu, provando que tem uma equipa à prova de tudo e fortíssima em termos físicos, técnicos e tácticos. Assim ficou escrita mais uma página de história. Que, neste caso, ainda está a meio.