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Foto DR

Ou Vai ou Racha

Por Jornal Sporting
18 Jan, 2018

Editorial do Director do Jornal Sporting na edição n.º 3659

Ou vai ou racha” é uma expressão usual e que nos é a todos familiar. Traduz um sentimento, uma expectativa, de que as coisas ocorram como desejamos ou, então, em caso contrário, e assumindo o respectivo risco, de que o resultado seja totalmente o oposto do desejado.

No início desta semana, no estádio António Coimbra da Mota, teve lugar o jogo que opôs o Estoril ao FC Porto. A partida foi para intervalo com a equipa da casa a vencer por 1-0, não voltando a recomeçar. Este foi interrompido por ter aparecido uma racha na bancada, o que obrigou à evacuação dos espectadores, perante o risco iminente de derrocada.

Se foram trolhas, as hortas regadas pela ribeira que passa por debaixo da bancada, ou outra situação qualquer, a verdade é que as causas deste incidente estão ainda por apurar. Independentemente destas, o que é incompreensível é que, após se ter verificado a impossibilidade de o jogo continuar, se tenha saído da Amoreira sem a data fixada para realizar os restantes 45 minutos. Dizem os regulamentos da competição que estes deverão ser jogados nos 15 dias seguintes. Esta data é definida por mútuo acordo dos clubes envolvidos. Caso não exista consenso, o jogo terá que se realizar nas 30 horas seguintes. Por que assim não foi? Consequências? Para já, temos um jogo em que o intervalo não são os normais 15 minutos, mas sim, e apenas... 37 dias!!! Esta situação vem beliscar a competição e os seus regulamentos. E, quando assim é…

Sentiu-se forte esta semana um terramoto com epicentro em Arraiolos. Mas, possivelmente, as ondas sísmicas terão tido início muito antes, e em Braga, dada a actividade aí registada. A racha sísmica afectou a cidade dos arcebispos, com consequências evidentes no rendimento da equipa local no encontro de amigos aí realizado com os nossos eternos rivais. Esta quebra foi tão ou mais evidente quanto nos é possível comparar com o rendimento apresentado face à nossa equipa. Além de dirigentes, treinador e equipa afectados, o abanão terá sido de tal forma que terá tido impacto nos neurónios criativos dos brincalhões do Tinder que não conseguiram perceber que “mais vale cair em graça do que ser engraçado”. Cederam à tentação do insulto gratuito e mataram aquilo que poderia ter sido, de facto, a concretização de uma boa ideia criativa e bem-humorada.

Mas, pensando melhor, a racha já abrira brechas há mais tempo e em outros locais. Recordamo-nos agora das vigas e estruturas abaladas no futebol português, situação agravada nos últimos dias por uma pseudo-equipa de reconstrução liderada pelo guru dos empreiteiros – auxiliado por uma equipa de três serventes –, que fora já o responsável pela construção do empreendimento que agora se está a desmoronar.

As ondas sísmicas propagam-se pelos mais inusitados meios, através de tickets refeição – vulgo vouchers –, sms’s, emails, empurrões e outros expedientes. Mas o que mais nos impressiona é que, com tanto estrago e à vista de toda a gente, haja ainda quem nos queira fazer crer que no pasa nada!

Assistimos, incrédulos, ao facto de que apesar de a devastação ser tal e tão evidente, ainda persistam janelas abertas que continuam a libertar veneno e gases tóxicos sem que, quem tem poder para tal, as decida fechar. Esta situação é tão ou mais preocupante quanto já se registam vítimas, e graves, por inalação dessas toxinas. Tratam-se de jornalistas que saíram, por este facto, do recato do seu canto para andarem nas bocas do mundo. A culpa não pode morrer solteira, pelo que estes acidentados têm que se libertar destas nefastas toxinas e exigirem justiça. Caso não o façam, levam-nos a acreditar que as toxinas se tornaram, para eles, um vício ou adição.

Verificamos ainda, com preocupação, que as ondas de choque persistem e ainda nem a meio vão. A confirmar-se a veracidade dos e-mails em que Sérgio Azevedo, deputado e vice-presidente de uma bancada parlamentar na Assembleia da República, forneceu documentos sigilosos à alta estrutura do Benfica violando o dever de sigilo e confidencialidade, estamos perante uma situação que nos deixa a todos em POLVOrosa. Se assim for, só resta um caminho: as mais diversas entidades actuarem energicamente para que a legalidade seja reposta. Isto é o que é exigido num estado de direito e a instituições de bem, porque ontem já era tarde.

Boa leitura!