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O 'leão' que fez xeque-mate ao Campeonato

Por Jornal Sporting
14 Jan, 2016

Reportagem com o campeão de xadrez Pedro Rego no Jornal Sporting

Quando se fala em xadrez, surgem na memória os grandes duelos entre Garry Kasparov, Bobby Fischer e Anatoly Karpov. Este sempre foi um desporto associado à sabedoria da idade, afastado da irreverência muito própria da juventude. No entanto, o paradigma parece estar a mudar, e uma nova vaga de jovens está a surgir em Portugal para tomar de assalto um desporto que conta com mais de 500 anos de existência. Pedro Rego é um deles. Atleta do Sporting, este jovem de 24 anos sagrou-se campeão nacional de xadrez na categoria de ‘Partidas Rápidas’, ao bater a concorrência de Luís Silva (segundo classificado) e António Fernandes (terceiro).

Ao Jornal Sporting, Pedro Rego explicou a alegria de um triunfo que lhe colocou muitos obstáculos pelo caminho. “Foi muito importante para mim ganhar este troféu, acima de tudo depois de ter perdido o último torneio de uma forma que custou um pouco. Era algo para o qual trabalhava há muito tempo”, disse.

O gosto pelo xadrez surgiu na escola primária. Numa altura em que grande parte dos jovens prefere jogar futebol no recreio, Pedro Rego descobriu uma actividade extra-curricular que lhe mudou a vida. “Comecei a jogar com oito anos. Na altura, descobri que a minha escola tinha esta actividade e decidi experimentar”, começou por explicar, continuando: “Depois disso comecei a fazer mais jogos, a estudar os movimentos e as jogadas possíveis e surgiu esta paixão”.

A paixão foi crescendo de tal maneira que nem o facto de ser futebolista federado, num pequeno clube da Associação de Futebol de Aveiro, o afastava do tabuleiro, do qual se tornou “um verdadeiro apreciador”, sobretudo após descobrir que tinha algumas qualidades. “Comecei a entrar em algumas provas, em torneios escolares, e apercebi-me que até tinha jeito porque ganhava quase todos os jogos”, concluiu.

O convite do Sporting, em 2013, confirmou essa mesma qualidade e deixou Pedro Rego extasiado de orgulho. O atleta deixou o seu pequeno clube para representar aquele que considera “um dos maiores clubes a nível nacional” e acima de tudo, o clube do seu coração. “Sou Sportinguista desde pequeno, e por isso nem pensei duas vezes antes de aceitar. É um prazer enorme representar o meu clube, fazendo aquilo de que mais gosto”, atirou.

Apesar da idade, Pedro Rego conta com várias participações em Campeonatos Nacionais, onde diz já ter visto “um pouco de tudo”. “Normalmente as pessoas têm a impressão que o xadrez é um desporto muito calmo, mas já vi acontecerem algumas situações caricatas. Num torneio cheguei a testemunhar adversários a atirarem peças uns aos outros”, contou, por entre sorrisos.

Actualmente, o xadrez é a sua vida e o seu sustento, como faz questão de frisar. Ainda que, em Portugal, os jogadores desta modalidade não tenham o estatuto de profissional, Pedro Rego considera-se assim mesmo “um profissional do xadrez”.

Com o 12.º ano concluído, o atleta ‘leonino’ foi convidado por uma associação de pais para começar a leccionar aulas de xadrez no Agrupamento de Escolas D. Filipa de Lencastre, em Lisboa. Desta forma, Pedro Rego espera despertar nas gerações mais novas a mesma paixão que o leva todos os dias a sentar-se várias horas em frente ao tabuleiro de xadrez, movendo peões, torres, cavalos, bispos, reis e rainhas.