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Um grande ‘leão’ de raça

Por sporting
10 maio, 2013

Manuel Assis Teixeira, capitão da nossa equipa de rugby, cumpriu o sonho de ser campeão pelo clube do coração.

Manuel Assis Teixeira, 32 anos, é jogador de rugby há 20 anos, mas nem nos seus sonhos mais felizes algum dia imaginou ser campeão nacional ao serviço do seu adorado Sporting. Mas foi isso mesmo que lhe aconteceu no último dia 27 de Abril, quando o nosso Clube bateu o São Miguel, por 39-10, na final do Campeonato Nacional da II Divisão. “Comecei aos 12 anos no Cascais, influenciado por amigos meus que jogavam rugby. Actuei por todas as camadas jovens do clube e representei as selecções nacionais jovens, em todas as categorias. Quando tinha 21, 22 anos, o Cascais desceu de divisão e apesar de ter tido convites para sair, continuei. Mas sinto que decresci um pouco de nível. Dois anos depois, fui contactado pela Agronomia e aceitei o convite, até porque estava lá o Duarte Cardoso Pinto, um grande amigo meu”, recorda. E a Agronomia foi a melhor equipa que representou. “Tive a oportunidade de ser campeão nacional e ibérico e de ganhar uma Taça de Portugal. Tínhamos jogadores estrangeiros de grande qualidade, mas não sei se não seria uma equipa a viver um pouco acima das suas possibilidades… Mas foi uma experiência inacreditável, durante quatro épocas”, destaca. Depois, voltou ao Cascais, o seu outro clube do coração, para além do Sporting. “Joguei mais quatro anos lá, mas fui fustigado por lesões, que nunca me deixaram acabar qualquer das temporadas. Na época passada, tive uma grave lesão no perónio e o objectivo era parar por ali, até que surgiu a oportunidade do Sporting, que agarrei com ‘unhas e dentes’, como não poderia deixar de ser”, realça. Após a vitória no Nacional da II Divisão, Manuel Assis Teixeira anunciou o final de carreira. “É difícil conciliar a vida profissional e familiar com o rugby. A minha mulher trabalha até tarde e tenho uma filha de 4 anos, sou eu que chego a casa primeiro, por volta das 19h30 e tenho de tratar das questões ‘logísticas’, não é fácil… Este ano consegui conciliar tudo isto, com a compreensão da minha mulher e dos meus colegas no Sporting, pois treinei menos do que eles”, reconhece. E a sua filha Eugénia vibrou com o título de campeão do pai: “Fazia-lhe um pouco de confusão, porque eu dizia que ia ver jogos de futebol e de futsal e depois que também jogava rugby. Só agora, depois de ter assistido à final é que percebeu o que se passa…Adorou o ambiente e as tochas de fumos dos nossos adeptos. Só quer que eu compre tochas para abrir na nossa varanda!” A Eugénia também já é uma grande sportinguista. “Não é que ela tivesse grandes hipóteses de escapar, pois percebe a maneira como eu vivo o Clube… Ainda por cima, ela é sócia desde o dia em que nasceu e a Juve Leo ofereceu-lhe um cartão de sócia”, revela. Já o sportinguismo de Manuel Assis Teixeira não é de família. “Ninguém era do Sporting, até eu aparecer! Sempre adorei futebol e durante um Verão, quando tinha 7 ou 8 anos, passei muito tempo com uma grande família de sportinguistas. Falavam do clube a toda a hora… Comecei a ligar muito ao Sporting e depois da primeira vez que fui a Alvalade não houve volta a dar!”, confessa. Graças à sua influência, os seus irmãos são todos do Sporting, assim como muitos primos. Manuel Assis Teixeira não duvida que o regresso do Sporting ao rugby foi uma óptima notícia para a modalidade. “Sem dúvida! Para já, porque temos um grupo de adeptos muito fiéis e o rugby precisa disso. Por outro lado, a escola de valores que o rugby transmite precisa de ser ampliada a mais pessoas. O próprio futebol só tem a ganhar em aprender com o rugby. Atenção, não estou a dizer que o rugby é um desporto melhor do que as outros, pois todos têm as suas virtudes…Mas através do Sporting, é possível chegar a mais gente, não só adeptos, mas inclusivamente atletas que nunca pensaram em jogar rugby e que certamente o farão com a camisola do Sporting”, defende. A final do Campeonato Nacional de Rugby da II Divisão foi presenciada por mais de 3 mil espectadores, que encheram o Campo A do Estádio Nacional. “Viveu-se um ambiente fantástico e antes do jogo, no balneário, disse aos meus colegas que seria impossível deixar escapar a melhor oportunidade da nossa vida. Toda a equipa percebeu a mensagem e conseguimos ganhar, de forma indiscutível”, refere. O capitão «leonino» faz questão de agradecer o grande apoio dos adeptos. “Estamos muito gratos a todos os que responderam ao nosso apelo. Sem dúvida que os jogos na minha carreira em que senti que o público fez diferença foram claramente os dois últimos do Sporting no campeonato, com o Famalicão [segunda mão das meias-finais] e na final, com o São Miguel”, elogia. A equipa de rugby subiu ao relvado do Estádio José Alvalade a poucos minutos do início do último Sporting-Nacional. Momentos que nunca mais serão esquecidos por Manuel Assis Teixeira. “Foi arrepiante! E antes, tivemos oportunidade de ir às três casinhas das claques [Juventude Leonina, Torcida Verde e Directivo Ultras XXI] para lhes expressar o nosso agradecimento pela forma como nos apoiaram, pois foi em parte devido a eles que chegámos tão longe”, sublinha. De resto, pertence à Juve Leo há 15 anos e é na Superior Sul do Estádio José Alvalade que continua a ver os jogos. Os seus grandes ídolos no Sporting são Carlos Xavier, de quem até é amigo hoje em dia, Beto, de quem comprou várias camisolas com o seu número, quando era mais novo, Beto Acosta, cujos calções apanhou na bancada do Estádio Engenheiro Vidal Pinheiro, depois do Sporting se ter sagrado campeão nacional em 1999/2000, Ricardo Sá Pinto e Manuel Fernandes. Na próxima época, Manuel Assis Teixeira admite vir a ter funções na equipa de rugby, que irá competir na I Divisão. “Vamos ver…Ligado ao rugby do Sporting vou estar sempre, pois vou acompanhar os jogos, como aliás faço com as outras modalidades. Estou a pensar tirar um curso de treinador em Julho, algo que eu já estava para fazer há algum tempo”, revela. No Nacional da II Divisão, Sporting e Benfica vão defrontar-se. “Isso ainda me faz pensar em continuar a jogar (risos). Se calhar, ainda me vou inscrever! Espero que tudo corra bem dentro e fora do campo”, antevê. Por outro lado, tem a certeza que a aposta que o Sporting está a fazer nos seus escalões de formação, que treinam no Estádio Universitário de Lisboa, irá dar os seus frutos. “Esse é o caminho, se olharmos para o nosso rival da 2.ª Circular, percebemos que está na situação em que está [desceu para a I Divisão] por ter negligenciado completamente a aposta na formação durante anos e anos. O objectivo do Sporting é formar jogadores que depois possam ‘alimentar’ a equipa senior. E acreditamos que o título de campeão nacional do Sporting pode ser um chamariz para os miúdos”, realça. E nestes 20 anos de rugby, qual o melhor momento? “O título de campeão nacional pelo Sporting! Também foi fantástico ter sido campeão pela Agronomia, naquele que foi o único título do clube, mas o do Sporting foi melhor, por ter sido inesperado e por ter tido uma grande importância para a minha auto-estima de ‘leão’!”, reconhece, acrescentando que ter ouvido pela primeira vez o hino na selecção nacional “também foi muito especial”. Outra das razões para Manuel Assis Teixeira ter abandonado a carreira de jogador de rugby tem a ver com o facto de ser desde há dois meses comercial no prestigiado hotel de cinco estrelas The Oitavos, situado em Cascais, função que o obriga a cuidados redobrados com a apresentação. “Tenho de vender o hotel, dentro e fora do país, por isso, os constantes arranhões que trago dos jogos de rugby não são nada bonitos de se ver… Essa foi outra razão para abandonar a modalidade como jogador”, confessa. Texto André Cruz Martins Foto: Melissa Duarte