Uma questão Central
23 Jul, 2020
A todos, mas em especial a Jérémy Mathieu, que agora nos deixa, muito obrigado. O Sporting Clube de Portugal será também sempre vosso
Nos últimos anos, tivemos a oportunidade de ver em campo dois dos melhores defesas-centrais que já jogaram no nosso país. De um lado, Jérémy Mathieu, que, entretanto, anunciou a sua reforma, do outro, Sebastián Coates, El Patrón, que esta semana atingiu a singela marca de 200 jogos de Leão ao peito. Foi uma dupla que trouxe ao Clube mais classe, esforço, devoção, dedicação, atingindo por vezes também a glória, deixando em campo muito suor e lágrimas pelo Sporting Clube de Portugal. Coates continuará em campo e Mathieu ficará agora a torcer por nós fora dele. Nas páginas centrais desta edição do Jornal Sporting poderá ver a radiografia desta história contada a dois, um francês e um uruguaio que o destino quis juntar em Lisboa.
Coates e Mathieu fazem parte de uma elite de centrais que construíram a defesa do Clube nas últimas décadas. Confesso que desde que me lembro de ver futebol, o Sporting CP sempre teve naquela posição pilares das suas equipas, patrões, homens fortes e de carácter. Se na versão nacional nomes como Eurico, Morato, Venâncio ou Beto (o mais marcador entre iguais com 25 golos) fizeram as honras da casa, foi do estrangeiro que o Sporting CP trouxe o talento para aquela posição central no terreno de jogo.
Além dos já referidos, há, porém, outros nomes que conquistaram o pleno direito de fazer parte do imaginário colectivo do Sporting CP. Sem ordem futebolística ou de importância em campo, destacaria sempre a classe de Nourredine Naybet (que fez apenas 73 jogos pelo Clube), o imperador Marco Aurélio (172 jogos), o esquerdino André Cruz com a sua colocação em campo e nos livres directos (que nos valeram 15 golos em 105 jogos), o primeiro Campeão do Mundo de Selecções a jogar em Portugal, Anderson Polga, que fez mais de 300 jogos (342 para ser exacto) com a camisola do Leão e, por fim, Luizinho. O tal central que provou que os defesas-centrais não se medem aos palmos (tinha “apenas” 1,79 m) e que era titular da selecção brasileira que encantou o Mundo em 1982 – e da qual faziam parte nomes como Zico, Falcão, Sócrates, Toninho Cerezo, Eder ou Roberto Dinamite. Um momento certamente inesquecível foi aquele golo nos instantes finais contra o Bologna FC em 1991, nos quartos-de-final da Taça UEFA, que nos permitiu passar e medir forças com o todo poderoso FC Internazionale Milano, de Walter Zenga, na eliminatória seguinte. Acabámos por cair nas meias-finais depois de uma exibição magistral em Alvalade e o Inter acabou por ser o vencedor da competição (ganhou na final, por 2-1 a outros italianos, da AS Roma).
A todos, mas em especial a Jérémy Mathieu, que agora nos deixa, muito obrigado. O Sporting Clube de Portugal será também sempre vosso.
* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal