O esforço de atletas que treinam bidiariamente, que se sacrificam como poucos, foi todo por água abaixo devido a uma organização vergonhosa

No passado domingo, ainda bem cedo, estive como sempre quando não me é possível ir ver, atento ao Campeonato Nacional de crosse através da transmissão televisiva na RTP 2. E se estava contente com o desempenho dos juniores em ambos os géneros, que se sagraram campeões nacionais, e com a nossa equipa de seniores femininos que, apesar das diversas contrariedades no decorrer da prova chamaram também a si o título de campeãs nacionais, já no sector masculino, com a percepção de que, pese o equilíbrio ante os atletas do eterno rival ser latente, a "calculadora" ia dando vantagem para o Sporting Clube de Portugal, preparava-me para festejar o quinquagésimo título nacional neste sector, fruto de uma hegemonia dos demais que vem de antanho.

E cada vez mais via o sonho a concretizar-se. Mas assim não seria. Rui Pinto, que seguia em terceiro lugar, como que num ápice passa para o sexto lugar. Alguma quebra teria provocado isso? Pensei eu como que resignado, quando no fim a classificação dava 17 pontos para o adversário e 19 para nós.

Fiquei atónito após ver a tabela classificativa e não queria acreditar. Até que me chegam notícias de um protesto do Sporting CP, logo seguido de informação de altercações junto da meta. Fiquei curioso por perceber o que na realidade havia acontecido, tendo ouvido falar em amadorismo da organização, mas sem perceber a sua verdadeira dimensão.

Até que me fizeram chegar um vídeo do momento-chave da prova. Aquando da ida para a última volta, a organização, ou neste caso a falta dela, num amadorismo digno do terceiro mundo levou a que atletas, entres eles Rui Pinto, seguissem por percurso errado e com isso levasse ao atraso e perda do lugar que era seu. Um inacreditável erro que quero acreditar que o melhor caminho seria a não homologação desta prova, que assim ficou falseada na sua verdade, ferindo-a incontornavelmente de morte.

Em pleno Século XXI, e estes erros ainda acontecem. Dito assim, é apenas surreal. O esforço de atletas que treinam bidiariamente, que se sacrificam como poucos, foi todo por água abaixo devido a uma organização vergonhosa. Assim, não. O atletismo não merece. A Instituição Sporting CP também não. Que seja reposta a justiça, é tudo quanto peço e desejo. Porque se aceito derrotas, e até parabenizo os adversários se forem melhores, indignam-me estas "derrotas". Por falsas e atentatórias à verdade desportiva. Quem ganhou não tem culpa do erro. Mas tinha que ganhar com verdade. E isso não aconteceu. Os nossos representantes, e bem, não foram ao pódio. Fazê-lo era admitir algo que não foi verdadeiro passasse a ser. Era pedir muito à Federação Portuguesa de Atletismo que, pelo menos, não homologasse esta competição completamente ferida de verdade, fazendo-a repetir em nova data? Como desportista não me lembro de ter visto nada igual e que tanto tenha desvirtuado a verdade desportiva. Lastimável!