Parte I - Existem três tipos de pessoas…
15 Oct, 2020
… “as que gostariam que as coisas acontecessem, as que desejam que aconteçam, e as que as fazem ACONTECER”.
A frase não é minha, é de Michael Jordan, o “Deus” do basquetebol.
23 é o número que Air Jordan imortalizou na sua camisola e 23 foram precisamente os anos que o Sporting Clube de Portugal esteve sem basquetebol depois da sua extinção em 1995.
Há menos de dois anos, a 7 de Novembro de 2018, o Clube “fez acontecer”. O basquetebol regressou e criou-se uma equipa de raiz. E é caso para dizer que a equipa de basquetebol chegou, viu e venceu.
40 é um número com valor simbólico forte na cultura ocidental, sobretudo pelas referências bíblicas.
Foram 40 os dias de jejum de Jesus no deserto da Judeia e 40 anos o jejum do Sporting CP até à reconquista da Taça de Portugal de basquetebol, na passada quinta-feira. Um orgulho para todos, mas que infelizmente não teve ainda a possibilidade de contar com o calor do público que esperemos que esteja de volta brevemente.
1980 tinha sido o ano da última conquista, sendo esta a sexta taça do Clube na modalidade, que coroa mais um fim-de-semana (quase) pleno de vitórias em todas as modalidades. A excepção foi o empate por 1-1 no dérbi do hóquei em patins que teria sido uma vitória caso existisse tecnologia de linha de golo ou VAR.
De destacar também a presença de seis atletas da formação que participaram na vitória do futsal por 8-2 frente à AD Fundão. É um caminho fundamental no modelo desportivo sustentável que o Clube tem de trilhar progressivamente e consolidar.
Vintage. E é também num regresso a 1979/1980 que hoje “fazemos acontecer” a estreia da linha “Vintage Limited Editions” com a edição limitada da réplica da camisola 11 em homenagem a Rui Jordão que infelizmente nos deixou há um ano. Nessa época, o Sporting CP foi campeão e a Gazela de Benguela marcaria 31 golos, um dos quais numa vitória contra o FC Porto. Que seja um pronúncio para o jogo de sábado. Jordão é também uma das Lendas que propusemos que figure imortalizada nas portas do estádio e que, tal como Damas, vamos dar a conhecer hoje. É um piloto de três portas que servirá de amostra para depois os Sócios poderem decidir em Assembleia Geral (sem limitações de COVID-19).
Rui Jordão foi um artista dentro de campo e fora dele. Pela sua dedicação às Artes, mas sobretudo pela sua forma de estar. O minuto 11 de silêncio em seu apoio que ocorreu em 2019 é um marco dos melhores valores que fazem parte do ADN Sporting Clube de Portugal.
A propósito de valores, este fim-de-semana assistimos no ténis a mais do que uma soberba vitória de Rafael Nadal. Assistimos também a uma vitória de uma forma de estar no desporto que o espanhol representa. O Maiorquino celebrou a sua 13.ª vitória em Roland Garros e o seu vigésimo Grand Slam, alcançando o recorde de Roger Federer. O suíço que esteve à altura do feito na sua publicação de Twitter em elogios ao seu rival. Um bom exemplo de que o problema não está propriamente nas redes sociais, está em quem muitas vezes as usa da pior forma.
E, nem por acaso, é no único artigo conhecido de José Alvalade intitulado “Lawn-Tennis”, que o nosso fundador tão bem define esta forma de estar que está na génese do Sporting CP e que nos cabe preservar. O Sporting Clube de Portugal do futuro tem de fugir a muito daquilo que foram os seus 40 anos do passado, mas tem que recuperar o seu ADN. A alternativa é deixar vencer-se pelo bullying, pelo populismo, pelas panaceias ou pelos interesses individuais.
Esta é a primeira parte deste editorial, voltarei mais tarde com a Parte 2 porque há muito que vamos fazer acontecer ainda este ano…
Editorial da edição n.º 3789 do Jornal Sporting