Os primeiros jogos do Sporting
Por sporting
28 Jun, 2012
28 Jun, 2012
O primeiro campo do Sporting custou 550 mil réis e em 3 de Fevereiro de 1907 aconteceu a primeria participação «leonina» no futebol.
O primeiro campo do Sporting, no Lumiar, custou, na época, 550 mil réis. E, apesar de se dar prioridade ao ténis, como determinavam os estatutos, a 3 de Fevereiro de 1907 aconteceu a primeira participação «leonina», num torneio organizado pelo CIF no seu Campo de Alcântara, frente ao Cruz Negra. Na assistência encontravam-se muitos curiosos, entres os quais muitas senhoras (o que para a altura era uma grande novidade). O jogo teve como árbitro Pinto Basto e o Sporting perdeu por 1-5, sendo que o primeiro golo da história foi apontado por João Vila Franca, que mais tarde se tornou numa figura de destaque na modalidade de ténis. Por essa altura, o Sport Lisboa encontrava-se a passar um mau momento. Os treinos aconteciam em Belém, no mesmo local onde decorriam os exercícios de dois regimentos de tropa a cavalo. Aliás, tudo acontecia às escuras, pois os exercícios era realizados ao final de tarde. O Sport Lisboa acabou por suspender as suas actividades e José Alvalade, que sonhava com um Sporting cada vez mais forte, convidou os melhores futebolistas do Sport Lisboa para representarem as cores «leoninas». José Alvalade ofereceu-lhes o que na altura se podia chamar de «Mundo». Um campo decente para a prática do futebol, balneários para banho com águas quentes, bolas novas em cada jogo, duas camisolas por desafio e ainda a possibilidade de participarem nos «soirées» e chás dançantes com as senhoras mais ilustres da alta sociedade lisboeta. O convite era irrecusável. Assim, António Couto (arquitecto da estátua do Marquês de Pombal), Daniel Queirós dos Santos (acabou por chegar a presidente da direcção do Sporting), Albano dos Santos, José da Cruz Viegas, Henrique Costa, Emílio de Carvalho, António e Cândido Rosa Rodrigues tranferiram-se todos para o Lumiar. A segunda mão do torneio com o Cruz Negra, aconteceu a 3 de Maio – e com eles o Sporting já venceu, por 3-1. Esta foi, aliás, a primeira vitória do Clube de Alvalade. Por 2-0, o Sporting ganhou o jogo de desempate. No entanto, este só não foi o primeiro troféu da história do Clube porque o colectividade de Pedro del Negro protestou o jogo com uma argumentação insólita: «numa avançada, a bola elevou-se demasiado tendo ido bater numas árvores que se curvam sobranceiras ao goal e na queda o sr. Vila Franca meteu uma esplêndida cabeça, com que rematou ao goal». Do resultado do protesto não há registo em nenhum jornal. Mas, a verdade é que este troféu nunca entrou na sede do Sporting Clube de Portugal. A primeira «escaramuça» dos «derbys» No primeiro Campeonato de Lisboa da República, venceu o CIF. O Benfica foi segundo e o Sporting terceiro. Este foi também o ano em que o futebol viveu o seu primeiro momento quente. Os sportinguistas estavam a ganhar por 1-0 e o seu guarda-redes defendeu uma bola para canto. Só que, atrás da baliza, encontrava-se uma criança que, de impulso, acabou por empurrar a bola para dentro do campo, para a zona de perigo dos «leões» . Já dentro do campo, um jogador do Benfica aproveitou o momento para voltar a rematar. O guarda-redes do Sporting defendeu e o benfiquista voltou a rematar. O que aconteceu de seguida, foi relatado no jornal “O Século” da seguinte forma: «Os atacantes vermelhos com uma desumanidade que toca as raias da selvajaria, caem sobre o keeper, ainda no chão, massacram-no com pontapés na cara, pela cabeça, por todos os lados. Queriam marcar golo, fosse de que maneira fosse... Pouco depois, o campo de football tranformou-se num campo de batalha, vendo-se o refree (Eduardo Pinto Basto) na necessidade de dar o desafio por nulo». A Associação de Futebol de Lisboa homologou o resultado mas, depois, mandou repetir o jogo. Pelo caminho suspendeu José Alvalade, por um ano, acusando-o de ter instigado os seus jogadores a abandonarem o recinto. Por causa disso, sem avisar espectadores nem adversários, no dia marcado para a repetição, o Sporting não abriu as portas do Estádio, dizendo apenas que o «Benfica não era digno de pisar as suas instalações».