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Um extremo que fez história no Sporting

Por sporting
10 Fev, 2013

Marinho, que constituiu um trio ofensivo fantástico com Dinis e Yazalde, recorda episódios marcantes e personagens imortais do nosso Clube.

Marinho foi sem dúvida um dos bons extremos que envergou a camisola do Sporting. Contratado ao Atlético Clube de Portugal no início da temporada 1967/68, quando tinha 23 anos, desde logo ganhou lugar de destaque na nossa equipa, onde alinhava no flanco direito, tendo ficado célebre o trio atacante que anos mais tarde formou com Héctor Yazalde e Dinis e cujo expoente máximo se verificou em 1973/74. Nessa fantástica temporada, em que o Sporting ganhou o campeonato nacional e a Taça de Portugal e foi eliminado pelo Magdeburgo nas meias-finais da Taça dos Vencedores das Taças, Yazalde, Marinho e Dinis marcaram nada mais nada menos do que um total de 72 golos nas várias competições, com o grosso da fatia (50, dos quais 46 no Campeonato Nacional) a pertencer naturalmente ao “Chirola”, beneficiando de inúmeras assistências dos dois extremos. Marinho ganhou dois campeonatos nacionais e três Taças de Portugal como jogador do Sporting e exerceu ainda a função de treinador-adjunto no plantel principal e de técnico nas camadas jovens, isto para além de ter tomado conta da equipa principal de forma transitória, em duas ocasiões. “Não me considero um dos melhores extremos da história do Sporting, mas reconheço que fui um bom jogador. Não é qualquer um que chega do Atlético com 23 anos e depois faz 400 e tal jogos ao serviço do Sporting. Fiquei na história”, reconhece. Para além de muito veloz e exímio no último passe, Marinho destacava-se igualmente pelos golos, tendo marcado mais de 100 na sua carreira. “O melhor goleador do Sporting em apenas uma época foi o Yazalde, na tal célebre temporada de 1973/74, ao marcar 46 golos. Eu e o Dinis fizemos-lhe muitos passes e ele aproveitou, com a sua enorme qualidade”, sublinha, notando ainda que “toda a equipa era excelente e não apenas os avançados”. Marinho não esconde as saudades que sente de Yazalde, que morreu em 1997, com apenas 51 anos. “Dava-me muito bem com ele. O ‘Chirola’ era um grande jogador, mas ainda era melhor como pessoa. Fazia bem a todos os que estavam ao seu lado! Havia três miúdos que moravam ao pé do Estádio José Alvalade e ele fazia questão de os levar à escola todos os dias”, recorda, revelando que privaram mesmo depois de terminadas as respectivas carreiras. Por outro lado, elogia ainda o espírito de sacrifício que o ponta de lança argentino exibia. “Nessa época em que marcou 46 golos no campeonato, ele teve muitos problemas físicos, devido a uma pubalgia, mas só mesmo quando não dava é que não jogava”, realça. Marinho era um jogador que costumava “engatar” nos grandes jogos e por isso ficaram célebres algumas exibições que realizou com o Benfica, rival com o qual o Sporting dividia quase todos os títulos. “Os grandes jogadores têm de aparecer nos grandes jogos! Lembro-me que o primeiro derby que disputei com o Benfica foi em Alvalade e ganhámos por 3-0. Foi marcante para mim e lembro-me que o Coluna teve um desentendimento com o Figueiredo”, recorda. A 24 de Abril de 1974, o Sporting jogou em Magdeburgo, na Antiga RDA, em jogo da segunda mão das meias-finais da Taça dos Vencedores das Taças. Depois do empate a uma bola em Alvalade, seguiu-se uma derrota por 2-1 na Alemanha. Foi uma eliminatória na qual não participou Yazalde, a “estrela da companhia”, devido a lesão. Com o argentino em campo, a história teria sido diferente, assegura Marinho: “Tínhamos ganho a Taça das Taças, não duvido, conseguido o pleno, juntando esse troféu ao Campeonato Nacional e à Taça de Portugal”. Entretanto, quando a comitiva «leonina» ainda estava na Alemanha, deu-se o 25 de Abril em Portugal. “Depois da desilusão da eliminação, tivemos de nos levantar às quatro da manhã do dia seguinte, para ir de autocarro até Frankfurt, na antiga RFA e depois apanhar o avião de regresso a Portugal. Entretanto, no autocarro, soubemos que tinha havido um Golpe de Estado em Portugal. Depois, em Frankfurt, já não havia avião para Lisboa e tivemos de seguir em direcção a Madrid. Lá, tínhamos o nosso autocarro à espera e viajámos para Badajoz, onde a fronteira com Portugal estava fechada”, conta. Os jogadores optaram por passar a noite no autocarro. “Não havia hotéis em parte nenhuma e algumas camas que estavam disponíveis não tinham as mínimas condições… O tempo passou-se bem, com o saudoso Artur Agostinho a contar algumas anedotas e na manhã seguinte a fronteira abriu e seguimos para Lisboa”, lembra. Texto: André Cruz Martins Foto: Melissa Duarte