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O eterno Presidente

Por sporting
27 Mar, 2015

Conheça o líder que dá nome ao futuro Pavilhão do Sporting

Impulsionador, visionário, apaixonado. Com espírito de iniciativa, sem medo de desafiar o impossível. João Rocha era um homem de causas e lutou como ninguém por uma em particular: o Sporting. “Fascina-me a ideia de erguer uma grande obra, apoiada por milhares ou milhões de pessoas e que possa representar uma viragem histórica na vida dos nosso clubes desportivos”, salientou na tomada de posse como Presidente do Clube, a 7 de Setembro de 1973. A chegada à liderança dos ‘leões’ foi a sorte de uma instituição a atravessar um complicado período a nível económico-financeiro e de sobrevivência. Os 13 anos em que esteve no cargo foram o azar dos rivais, que não tiveram armas nem engenho para lutar contra a grande potência desportiva nacional. Grande e cada vez maior. Gigante nas ambições, enorme na onda apaixonada que varreu as décadas de 70 e 80, desmesurável na panóplia de soluções pioneiras que encontrou para os problemas. E a maior de todas acabou por abortar com o 25 de Abril: a S.C.P.. Em 1974, ano em que o Sporting caminhava para uma fabulosa época em termos de futebol – Campeonato, Taça de Portugal, meias-finais da Taça dos Vencedores das Taças (eliminados na véspera da ‘Revolução dos Cravos’, em Magdeburgo) e Yazalde como Bota de Ouro após apontar 46 golos –, José Luís Sapateiro, Secretário de Estado do Tesouro da altura, já tinha concedido autorização para o nascimento da Sociedade de Construções e Planeamento S.A.R.L., com respectiva emissão de 2,5 milhões de acções ao valor nominal de 100 escudos. Seria o primeiro projecto de Clube-Empresa do País e já tinha merecido aprovação dos Sócios em Assembleia Geral, mas estagnou na turbulência política após o 25 de Abril. Ainda assim, e olhando para tudo o que foi feito de seguida, é fácil perceber que esse foi apenas mais um problema que conheceu uma solução diferente do que tinha sido inicialmente pensado. Como em tudo na sua vida, João Rocha nunca desistiu do sonho de colocar o Clube no topo de Portugal e do Mundo e, ao colo de uma veia de pioneirismo demasiado avançada para a época, deixou uma marca sem precedentes no panorama do dirigismo desportivo: dos pavilhões à pista de tartan, da Bancada Nova à Nave de Alvalade, ficou a obra de um líder que introduziu ainda conceitos e ideias de angariação de receitas como o Bingo, a Loja Verde, o primeiro departamento montado em torno do conceito de venda de publicidade e ‘merchandising’ ou o primeiro grupo organizado de adeptos, a Juventude Leonina. Hoje, parece óbvio; na altura, só um foi capaz de sonhar. E, acrescente-se, fazer nascer, colocando na prática as palavras sábias de Fernando Pessoa sobre alguém que se destaca dos demais. Sempre na primeira linha, a dar o exemplo, como se pôde ver na reportagem que o Jornal Sporting fez em Janeiro a propósito do nascimento dos pavilhões de Alvalade. Qual flautista de Hamelin, a música que João Rocha conseguiu introduzir no quotidiano do Clube – que não apenas pelos títulos, apesar de estarmos a falar em mais de 1.200 troféus conseguidos... – foi a melodia perfeita para o encantamento dos Sportinguistas com uma alma mais viva e crescente. A nível de Associados, e segundo o que o próprio mais tarde referiria em entrevista ao Jornal, o Sporting saltou de 20 mil para 136 mil Sócios. E tudo poderia simplesmente não ter existido: pouco depois da saída de Valadão Chagas da presidência, apenas um dia depois de ter sido eleito (aceitou o convite de Marcelo Caetano para Secretário de Estado da Juventude e do Desporto), João Rocha chegou a ser abordado por um grupo de adeptos para se candidatar a número um do V. Setúbal, algo que declinou pela paixão ao ‘verde e branco’ de Lisboa... e de todo o Mundo. Nesse período, e apesar dos títulos conseguidos no futebol (três Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal e uma Supertaça com algumas das melhores e mais marcantes equipas ‘leoninas’), foi no ecletismo que assentou toda a força motriz do plano. O Clube cresceu a nível de modalidades, passando de 15 para 22, dominando por completo o panorama desportivo nacional e europeu não só a nível de títulos – com destaque para os oito europeus, entre atletismo e hóquei em patins – mas também de praticantes. Um exemplo prático para se ter noção da dimensão do Sporting a nível de atletas: os 15.000 ‘leões’ que todos os dias representavam o emblema ‘verde e branco’ eram mais do que o máximo atingido em jogos da Taça da Liga esta temporada, incluindo uma meia-final da prova realizada na Luz. Sintomático da expressão esmagadora do Sporting... Nascido a 9 de Julho de 1930, em Setúbal, João Rocha estava associado à Comundo, a maior ‘trade company’ nacional na altura, além de ter cargos de relevo em bancos e demais empresas quando chegou à presidência do Sporting. Foi essa dimensão de empresário muito conhecedor do Mundo que permitiu também que os ‘leões’ fossem o primeiro Clube português a visitar a China e Angola a seguir ao 25 de Abril (1978 e 1979, respectivamente). Mas foi sobretudo a dimensão humana e de líder que catapultou o Sporting para patamares nunca antes alcançados. Todos recordam a figura e as histórias com ela partilhadas, onde o tacto e o humanismo estavam sempre presentes. Mas João Rocha preferia salientar que o Clube dava 300 mil refeições por ano no Lar do Jogador. “E tínhamos a preocupação de não falhar com ninguém”, acrescentou na última entrevista ao Jornal Sporting, em Julho de 2008. O ‘Eterno Presidente’, como foi tantas vezes lembrado, partiu há dois anos. E ainda hoje todos os atletas, Sócios, adeptos e simpatizantes tentam respeitar o pedido que fez nessa mesma entrevista: “Estou esperançado que o Sporting continue a ser a maior força desportiva nacional”.