Queda de varandim vitimou dois Sportinguistas em 1995

O dia era de festa. A tarde, um misto de ansiedade e nervosismo. A noite vestiu-se de luto. O Sporting recebia o FC Porto num encontro de carácter decisivo para a I Liga mas o futebol passou para plano secundário (se é que teve plano) face ao trágico acidente do varandim em Alvalade, que vitimou dois ‘leões’ e feriu mais 18 Sportinguistas. Hoje, duas décadas depois, o Clube não esquece Zé, Paulo e todos aqueles que já partiram. Pouco depois das 19 horas desse 7 de Maio de 1995, dezenas de adeptos acudiram à zona do varandim perto da porta 10A aquando da chegada do autocarro do FC Porto ao Estádio e a estrutura acabou mesmo por ceder à pressão exercida pelos presentes. Domingos Gomes, médico dos ‘dragões’, juntou-se aos primeiros socorros até que chegassem várias ambulâncias, pouco depois. A equipa ‘leonina’ seguia do estágio para Alvalade. À chegada, já depois desse momento negro, todo o plantel e equipa técnica cruzou a porta 10A olhando para o lado direito onde ainda eram muitos os vestígios da tragédia. Já dentro do balneário, a consternação e a tristeza deram lugar ao choro, com os jogadores arrasados com o sucedido. O jogo realizou-se mesmo mas o resultado, esse, foi o menos importante. Porque 7 de Maio de 1995 ficará para sempre como um dos dias mais tristes e negros da história do Clube, que ainda hoje é assinalado de forma sentida com o ‘Dia de Leão’. “Infelizmente não me recordo de nada depois de ter caído, nem da queda me lembro. Foi tudo muito rápido. E digo infelizmente porque gostava de me lembrar como é que tudo se passou. Fiquei cinco dias em coma e demorei algum tempo a restabelecer-me”, referiu António Dionísio, hoje com 37 anos, um dos Sportinguistas envolvidos no acidente que fez questão de marcar mais uma vez presença na homenagem. “Espero que este dia continue por muitos e longos anos e enquanto acontecer vou estar sempre presente”, garantiu, acrescentando: “Significa muito para todos nós podermos estar aqui nesta pequena cerimónia deste dia. Sentimos o apoio e o carinho de todos os Sportinguistas. Espero que esta tragédia nunca mais se repita”. “É uma data muito importante para o Sporting, onde relembramos e homenageamos aqueles que já partiram e os que sofreram de alguma forma com o que se passou, a quem o Sporting presta apoio incondicional. Este dia representa todos aqueles que já nos abandonaram e os que ainda nos acompanham. Todos os anos é bom que o Sporting nunca se esqueça desta data”, sublinhou Bruno de Carvalho, Presidente do Clube. “O Sporting tem memória e não tem medo da sua história. Todos nós temos honra na nossa história. Mais do que a condição física, ser do Sporting é uma condição de alma”, rematou o líder ‘verde e branco’.