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"Sinto que ainda não têm noção real do que é o Sporting"

Por Jornal Sporting
08 Jan, 2016

Bruno de Carvalho marcou presença no programa 'A Hora do Presidente'

Bruno de Carvalho marcou presença em mais um programa ‘A Hora do Presidente’ na Sporting TV e, ao longo de uma hora, abordou vários temas do Universo ‘leonino’, como a dimensão do Clube, o contrato com a NOS, a política de desespero dos rivais, o caso Doyen, a Assembleia do próximo sábado e o regresso do ciclismo, entre outros temas. Aqui ficam os principais excertos da entrevista do líder do Clube na passada quinta-feira.

O que é ser líder? “Ser líder é ser ousado, ter muita paciência e tentar ser um motivador por natureza. Mas sobretudo acho que as duas grandes definições de líder são a audácia e a perseverança. São as duas palavras que têm que caracterizar mais aquele que quer ser líder. Tenho dito várias vezes que é impossível liderar sem ter os pés assentes na terra e sem saber perfeitamente para onde queremos caminhar. É isso que o define: pragmatismo, muita calma, ponderação, audácia. É prever cenários e arriscar. Para se fazer uma boa liderança, tem que se ser audaz. Costuma dizer-se que a sorte protege os audazes mas a sorte dá muito trabalho e um líder tem que ser o primeiro a dar o exemplo para que depois toda a equipa trabalhe da mesma forma do que ele”.

A dimensão do Sporting. “Gostava de explicar que, enquanto Presidente do Sporting, não estou preocupado com a casa dos outros. Preocupo-me com o Clube, a situação que se vivia e aquilo que é a defesa dos valores do Sporting, as suas regras, ideias, aquilo que é, de facto, a sua marca. O que me chateia é a questão de quem fez o melhor contrato. Tenho 43 anos e sinto que as pessoas ainda não têm a noção real daquilo que é o Sporting Clube de Portugal. Nenhum daqueles chavões que vão marcando a actualidade é real. Os seis milhões, os 14 milhões, Portugal a vermelho, o Mundo a azul. Já visitei filiais em todo o Mundo e vi com os meus olhos a dimensão do Sporting Clube de Portugal. Este negócio provou isso – a dimensão do Sporting. Quando não há esses títulos no futebol – e já ganhei uma Taça de Portugal e uma Supertaça, estou a falar de Campeonatos – esse peso é questionado. O Sporting é gigante e isso vê-se nos Associados e no contrato que fez. Por isso é que digo que o Clube tem de começar a ganhar títulos para que a sua dimensão seja alavancada pelas vitórias”.

Os ‘experts’ que falam do que não sabem. “Vejo muitos ‘experts’ a fazerem contas estranhas onde faltam conhecimentos do que é a economia e do que está nesses contratos. Não fazem ideia dos activos e dos custos desses mesmos activos na Sporting TV, na Benfica TV e no Porto Canal, por exemplo. Volto a dizer: o que o Sporting vendeu foi a publicidade estática de primeira linha que está sempre associada ao operador, tudo o resto é nosso como sempre foi, à excepção da publicidade na camisola e da Sporting TV na NOS em exclusividade, como referimos. Luís Filipe Vieira deu uma entrevista de oito páginas para dizer duas coisas: que vai meter processos a mim, ao Sporting e a todos; e que em Janeiro se vai sentar com a NOS para renegociar – só essas ideias mostram que o Sporting fez o melhor contrato. Toda essa campanha devia, no mínimo, ser coerente, mas nem isso é: por um lado colocam os peões de brega a dizer que o contrato foi melhor; por outro, põem a figura máxima a dizer que vai renegociar. Diz que tem uma cláusula automática? O Sporting também. Por isso, vai ser engraçado”.

A política do desespero. “O futebol, infelizmente, é altamente previsível. Informação, contra-informação, mas tudo de forma medieval, descarada, desesperada. Diz-se também que o Benfica foi o grande impulsionador disto tudo. Quero dizer que quem liderou o processo foi o presidente Vale e Azevedo, quando rasgou o primeiro contrato... É engraçado que Rui Gomes da Silva, que faz parte dos órgãos sociais do Benfica, tenha dado a informação ao Mundo de que o Benfica tinha secado o mercado e que o FC Porto e o Sporting não conseguiriam nem metade – isso não aconteceu, o que prova que não lideraram o processo. Queriam a fatia de ‘leão’ mas não perceberam que o ‘leão’ está do outro lado da 2.ª Circular. Existe uma política de manipulação que é extensível ao futebol, como aconteceu com os erros grosseiros que se viram no V. Guimarães-Benfica. Depois quando o Sporting ganha sem casos, vem cá para fora que os árbitros tiveram nota negativa. São pressões vis, uma política de desespero e de descaramento total. Vítor Pereira continua a fazer nomeações que ninguém percebe. Aquilo não é pereira, parece uma peneira porque vem tudo cá para fora. É assustador porque as pessoas que estão no futebol não conseguem mudar isto e é preciso fazê-lo”.

As arbitragens e os ‘vouchers’. “No outro dia perguntaram-me se não falava demasiado de arbitragens. Pelo contrário, sou das pessoas que desde que cheguei mais defendeu a classe dos árbitros e a introdução das novas tecnologias no futebol. Os árbitros têm de ser olhados com respeito e para isso têm de ser feitas alterações. Há um desespero geral porque já se percebeu que tenho razão. Quando as coisas começam a ser explicadas, o que não é fácil, tem os seus efeitos. Não há ninguém, à excepção de dois ou três comentadores, que não seja a favor das novas tecnologias. Essa é uma das grandes marcas que sinto e quero levar comigo. Em relação aos ‘vouchers’, as pessoas jogam um pouco com o conceito de que o tempo apaga tudo, mas há um problema – o Bruno de Carvalho não deixa apagar. Sim, estou em primeiro, e? Se estiver bem na vida, não vou impedir que um ladrão seja apanhado? Posso estar em primeiro, segundo ou quinto, mas quem fere os regulamentos não o pode fazer”.

A situação das VMOC. “Quero aconselhar as pessoas a que se deem ao trabalho de ir ver um artigo no ‘Expresso’ relacionado com a falência do BES. É engraçado ver as entidades que devem mais dinheiro e que três entidades estão ligadas a Luís Filipe Vieira. Passou-se a ideia de que o Sporting podia ter um problema gravíssimo e que os bancos iam tomar conta do Clube, o que é completamente falso. Tivemos há pouco tempo uma reunião muito agradável e os bancos têm elogiado o quão diferente tem sido, porque antigamente os dirigentes ligavam dia sim, dia não e agora isso não se passa”.

O caso Doyen. “Temos uma tendência de fazer de propósito para tentar esquecer e os nossos rivais têm de pegar em alguma coisa. Quero relembrar que, por iniciativa da Direcção, houve uma Assembleia Geral a 17 de Janeiro, onde fomos levar aos Sócios todo o caminho que estava a ser trilhado, as estratégias para os Sportinguistas perceberem e saberem todas as coisas boas e más desse rumo e pensar em conjunto se esse era o caminho mais correcto. Falei tudo ao pormenor e o apoio foi esmagador numa sala cheia. Não houve, que me lembre, uma intervenção negativa. Se tivesse sentido que não era o que queriam, mudaria. E existem pessoas que fingem que isso não aconteceu. Coincidências da vida: essa decisão apareceu depois da primeira derrota no Campeonato e numa altura em que éramos o único que ainda não tinha negociado os direitos televisivos e o patrocínio nas camisolas. Era um período conturbado, achavam eles. A decisão do caso Doyen foi hedionda. Diziam que não era possível fazer recurso, agora já viram que é. Mas vejamos o resto das coincidências – acharam que estava fragilizado, sai a decisão; depois, há uma entrevista de um conselheiro ‘leonino’, Rui Barreiro, antes de um jogo com o Benfica, o cartaz magnífico colocado durante a noite e nova intervenção às 12h56 de Rui Barreiro. Às 14h, é colocado o acordo de 515 milhões na CMVM. Todos têm direito à opinião, adoro que haja opositores, mas têm de ser um pouco mais inteligentes nas ideias e argumentos”.

Assembleia Geral de sábado. “A Assembleia Geral vai dar todo o tempo que os Sócios entendam que seja necessário para falarem e isso  já está aprovado. Gostava que as pessoas deixassem de se esconder atrás umas das outras e começassem a aparecer e a confrontar, como eu fiz. Fui humilhado, chamaram-me nomes, intimidaram-me a mim e à minha família, mas tinha três minutos e fui lá. A partir do momento em que falamos para fora, temos de falar para dentro. Quem já disse em duas entrevistas ‘Estou aqui’ não tem desculpas, é porque tem ideias e sabe o que quer para o Sporting. Em relação ao cartaz, é tão descabido que não posso acreditar que seja obra de Sportinguistas. Quem monta estas coisas é gato escondido com o rabo de fora. Há uma simbiose de Sportinguistas e benfiquistas em vários grupos de apoio no Facebook, que é mais fácil porque não têm de dar a cara. Devem pensar que somos tolinhos, mas o problema é como existem Sportinguistas que se prestam a servir os nossos rivais. Enquanto estiver no Sporting não há tachos, não há empregos e podem fazer o que quiserem porque o dinheiro do Sporting é para o Sporting. É importante fazer uma análise ao que foi feito e, das 120 medidas – tirando dez que foram redefinidas – temos 100 executadas. E as dez por executar têm a ver com sustentabilidade ambiental e energias limpas mas que, infelizmente, ainda não nos podemos preocupar. Ainda assim, para mim está ainda tudo por fazer. Qualquer pessoa normal que viesse para o Sporting nestes quatro anos quereria equilibrar o Clube; eu não, equilibrei, reestruturei, ganhei, dei força às modalidades, arranquei com o Pavilhão”.

O regresso do ciclismo. “Era nosso objectivo promover o regresso das modalidades históricas. Começámos pelo hóquei em patins e tínhamos no horizonte trazer mais porque apostamos muito forte, em termos de investimento, nas modalidades. O ciclismo era um sonho do Comandante Vicente Moura. Todos sabemos o que se passou com ele e, sinceramente, mesmo estando muito feliz com o contrato com a NOS, o que mais me marcou foi poder dizer-lhe que tínhamos ciclismo e ele dizer-me ‘Vamos vencer’. Está numa situação grave mas consciente e foi das coisas mais emocionantes que vivi ver a alegria nos olhos dele quando lhe mostrei uma foto grande de toda a equipa. Além do orgulho de nos termos associado ao clube mais antigo do Mundo, o CC Tavira, com uma tradição tremenda, temos uma boa equipa, com ambição de vencer e respeitar a tradição do Sporting e do CC Tavira. É nestas coisas que mostramos a nossa dimensão, não somos um clube regional ou de bairro. Somos um Clube de Portugal e verdadeiramente Mundial, porque ninguém pode dizer que tem mais de 300 Núcleos, Filiais e Delegações espalhados pelo Mundo”.