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Foto Mário Vasa

"Patrícia Mamona, campeã da Europa, obrigada"

Por Sporting CP
01 maio, 2020

Entrevista exclusiva ao Jornal Sporting

O nome de Patrícia Mamona fica na memória por ser fora do comum, mas é a carreira de sucesso que tem construído que fica na história. Na do atletismo do Sporting Clube de Portugal, Clube que a recebeu em 2011, de Portugal e do Mundo.

Vista como ‘a menina bonita’ do atletismo português, a triplista de 31 anos tem lutado por ser muito mais do que isso. Foi campeã da Europa em 2016 e no mesmo ano alcançou o recorde nacional nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro – 14,65 metros. Um percurso sempre em crescente de uma atleta que estudou Medicina nos EUA e está prestes a formar-se em Engenharia Biomédica.

À conversa com o Jornal Sporting, Patrícia Mamona recordou a carreira de quase duas décadas e deu, sobretudo, a conhecer-se para lá da pista e da caixa de areia

Quem é a Patrícia Mamona?
É uma atleta que começou a praticar atletismo aos 12 anos e que hoje, 19 anos depois, já participou em grandes competições – europeus, mundiais e Jogos Olímpicos (JO) –, mas que ainda tem uma carreira longa pela frente. É uma atleta que começou e ainda faz tudo por gosto, apesar da pressão de se representar não só a si, mas também o Sporting Clube de Portugal e Portugal.

“Sou superdescontraída, bastante trabalhadora e lutadora”

E a Patrícia Mamona não-atleta?
Sou atleta 24 horas por dia (risos), mas, claro, tenho a minha personalidade. Sou superdescontraída, bastante trabalhadora e lutadora. Por ser assim, até há quem ache que sou arrogante porque, por exemplo nos treinos, estou sempre muito focada, mas quando falo ficam surpreendidos (risos)… acham-me simpática e bastante extrovertida.

Qual é o seu lema de vida?
Tenho vários, mas o principal é que nós nos conseguimos superar sempre. Por exemplo, se há quem salte 15 metros porque é que eu não hei-de fazê-lo? Temos é de ter garra e de trabalhar mais, mas quando acreditamos tudo é possível.

Quais são os seus hobbies?
Gosto muito de ver séries e anime [animação japonesa], dormir, falar com a minha família, brincar com o meu gato, fazer desafios matemáticos – sempre gostei e até fui às olimpíadas quando era nova –, passear, ir às compras, maquilhar-me e experimentar os produtos que a minha irmã me envia, que é editora de beleza de um jornal em Inglaterra.

E vícios tem? Parece que o café…
(risos) O café é um vício desde que me lembro. Recordo-me de uma vez que competi sem beber [café] e senti-me estranha e a prova não correu bem. Desde esse dia que levo sempre café comigo e tenho de beber antes de uma competição.

Café antes das provas e… sempre meias brancas?
(risos) Sim, sinto que quando estou com meias brancas a prova me corre melhor. Além disso, também combina melhor com o nosso uniforme (risos). As meias brancas funcionam como um amuleto, digamos.

Nota-se que é focada, como disse, e de ideias fixas. Também cumpre à risca a dieta?
Sim, porque aumenta a minha performance e também me ajuda na recuperação. O peso é essencial no triplo salto, é importante que sejamos leves e eu tenho muito peso para a minha estatura, porque ganho muito músculo. Por isso, só seguindo a dieta à risca é que consigo ser leve. Mas, na pré-época, posso comer mais doces – ai o pastel de nata… – e uma vez por semana posso prevaricar sem abusar.

Tendo origens angolanas, mas sendo portuguesa, gosta mais de muamba ou de bacalhau?
Hmmm… bacalhau porque é o prato português que eu gosto mais. Uma vez que a minha família está no estrangeiro, não como muamba há muito tempo, mas também gosto de comer porque é uma forma de viver a cultura dos meus pais, que também é minha.

Os seus pais e as suas irmãs vivem no estrangeiro e a Patrícia também já viveu. Como correu a experiência nos Estados Unidos da América (EUA)?
Foi espectacular, gostei muito, e fez-me crescer não só como atleta, mas também como pessoa. Tive de aprender inglês e fazer tudo sozinha. Se não tivesse ido para os EUA, se calhar, não seria a atleta que sou hoje. Provavelmente não estaria a treinar a tempo inteiro e não teria sido campeã da Europa.

Foi para lá para estudar Medicina, mas não tirou a especialização e não teve equivalência em Portugal, e por isso agora está a terminar o curso de Engenharia Biomédica. Porquê essa área?
Porque sempre tive um dote natural para as ciências e, confesso, os meus pais também me incentivaram a ir para Medicina. E, sinceramente, foi a melhor decisão e a razão para ter ido para os EUA. Ganhei uma bolsa e consegui conciliar o curso com o atletismo. Antes disso ainda fiz um ano de Medicina em Portugal, mas não foi nada fácil de conciliar com a vida de atleta. Mas, quanto à pergunta, as ciências sempre me interessaram e agora escolhi Engenharia Biomédica porque envolve a parte humana e a tecnologia, que é algo que me agrada. Ainda assim, depois de acabar o curso sou um livro aberto, tenho vários interesses e também ainda não sei o que é que, além do atletismo, realmente gosto. Sei sim que um dia o atletismo vai acabar, e já tenho o plano B, mas tudo pode acontecer.

“Era melhor do que os rapazes em quase tudo – até a jogar à bola!”

O que sonhava ser quando era pequena?
Queria ser médica, ou melhor veterinária, por causa de um sonho que tive e que até hoje não esqueci. Nesse sonho vi um sapo quase morto, fiz-lhe uma cirurgia e ele começou a saltar (risos). Não sei se o sapo a saltar também já era um pré-indicador de que iria ser saltadora (risos), mas a partir daí comecei a dizer que queria ser médica para salvar animais e pessoas.

O que recorda da sua infância?
Lembro-me de ser uma criança bastante animada, livre e activa. Gostava muito de brincar, jogar ao 35, que era basicamente correr, saltar e fugir da bola, e chegava muitas vezes magoada a casa porque subia às arvores. Era uma criança rebelde e queria sempre fazer um bocadinho de tudo. Por isso, também andava de patins, bicicleta e experimentei karaté e ballet – que detestei porque era muito de menina e eu era mais maria-rapaz. Tive uma infância bastante feliz.

E como é que surgiu o atletismo na sua vida?
Foi num corta-mato, eu era melhor do que os rapazes em quase tudo – até a jogar à bola! – e os professores disseram-me para participar e ganhei. Mal cortei a meta, apareceu o meu actual treinador, o José Uva, a perguntar se eu queria fazer parte da Juventude Operária do Monte Abraão (JOMA).

Só que parece que isso não agradou a toda a gente…
Pois, os meus pais não gostaram muito da ideia e não me deixaram ir, mas eu fui ver uns treinos, adorei e comecei a ir treinar sem eles saberem.

E como é que eles descobriram?
Foi de uma maneira pouco agradável (risos). Como vivia no Cacém e o clube era em Monte Abraão, tinha de ir de comboio, mas sem bilhete… um dia fui ‘apanhada’ e levada para a esquadra porque era menor. Os meus pais passaram uma vergonha imensa e foi assim que descobriram que andava a treinar às escondidas deles, mas nesse momento perceberam que eu gostava mesmo muito de atletismo e começaram a deixar-me ir treinar.

Desde essa altura que praticou várias disciplinas, mas vários anos mais tarde decidiu focar-se no triplo salto…
Sim, durante a formação na JOMA e até 2012 fiz um pouco de tudo, mas em 2007 já tinha o bichinho do triplo salto porque era uma disciplina difícil e eu sempre gostei de desafios. Mas em 2012, depois de me ter qualificado para os JO e de não ter ido à final por um centímetro, percebi que era isto que queria fazer a sério. Queria ir a outros JO, fazer uma grande performance e queria que me conhecessem como uma grande triplista.

E como é que se treina, diariamente, para conseguir o salto mais longo?
Não se baseia só em saltar, claro, e acho que no triplo os atletas têm de ser o mais completos possível. O treino baseia-se em corrida, saltos e força, mas também faço musculação e um treino com uma variante mais cardiovascular, muito parecida ao crossfit. E faço duas vezes por semana cada uma dessas coisas.

Pensa em alguma coisa quando salta ou consegue abstrair-se de tudo?
Sim, consigo abstrair-me e separar as coisas, mas, na realidade, também nunca tenho grandes problemas. Talvez a única vez em que tenha pensado mais em algo exterior tenha sido em 2017, após ser operada ao joelho. Como não estava na melhor forma, pairava na minha mente aquele sentimento de ‘estou aqui, mas não sei se sou capaz’. E o que é certo é que o pensar muito não me ajudou.

E como descreve a sensação do salto?
Sinto que estou a voar. É essa a sensação e é espectacular, mas por exemplo o meu salto nos europeus de Amesterdão foi tão bom que eu nem me lembro do que senti (risos), estava tão ‘zen’ que saltei e nem sei o que fiz.

“Havia o estereótipo de que nós mulheres não nos podíamos produzir e eu ajudei um pouco a quebrar esse tabu. (…) Não é por usar eyeliner que vou saltar menos...”

Está há quase duas décadas no atletismo e hoje em dia é reconhecida internacionalmente, mas sente que o facto de ser mulher na alta competição é um desafio ainda maior?
Hoje em dia não acho que seja difícil, o mais complicado é ter o mesmo tipo de regalias ou de visibilidade que os homens têm. Sentia mais quando era mais nova, que ouvia que o triplo salto era para homens e que as mulheres não tinham aptidões físicas para o fazer.

A Patrícia Mamona já provou que é possível e até com uma postura muito feminina…
Sim, e se calhar isso ajudou-me. Havia o estereótipo de que nós mulheres não nos podíamos produzir e eu ajudei um pouco a quebrar esse tabu. As mulheres são diferentes dos homens, mas não acho que nos devam impor certo tipo de tarefas. Desde que tenhamos pernas, braços e cabeça podemos fazer aquilo que quisermos independentemente do sexo.

Ainda assim, teve de lutar contra algum preconceito?
Para mim, mais importante do que isso é não ter medo de mostrar quem somos ou quem queremos ser. Cada pessoa tem a sua personalidade e tem o direito de se expressar da melhor forma. Lembro-me de ver uma vez uma peça a criticar certas atletas por não se cuidarem, mas para mim cada um faz aquilo que quer desde que em prova apresente resultados.

A Patrícia Mamona usa maquilhagem e até costuma fazer alguns penteados…
Sim, temos é de ser nós próprios e isso é o mais importante. Não é por usar eyeliner que vou saltar menos, não há problema nenhum em pintar os olhos. Criou-se o estereótipo de que os desportistas têm de se comportar de certa maneira e se algum sair da norma já não é atleta. Eu acho que não devia ser assim…

E como reage quando a chamam de menina bonita?
Antes aborrecia-me, mas não vou negar que agora até utilizo isso a meu favor. Uma vez li o título de uma notícia que começava com ‘a menina bonita do atletismo…’ e parecia que o que vinha a seguir na frase não era importante. Ok, posso ser [bonita], mas sou campeã da Europa e tive de trabalhar muito para isso durante vários anos e com imensos sacrifícios. Detesto quando me resumem a isso.

(…)
É importante transmitir que há muito trabalho e esforço associado ao sucesso, porque as pessoas dão demasiada importância à aparência, mas para mim, aquilo que valem é o mais importante. Sinceramente, não gosto muito da maneira como a sociedade está a levar as coisas e a resumir tudo ao que parece e às redes sociais. Estamos a reduzir tudo à aparência e não ao trabalho em si. Por isso, quando tenho esta oportunidade para rematar, digo sempre ‘Patrícia Mamona, campeã da Europa, obrigada’.

Já agora, que mulheres é que a inspiram e porquê?
Posso dizer alguns nomes como a Oprah Winfrey e a Michelle Obama, porque têm impacto mundial, mas inspiram-me sobretudo aquelas que se têm superado e que foram bem-sucedidas, o que não se resume a dinheiro ou fama e sim a terem conseguido atingir objectivos que lhes disseram que não eram capazes. Por exemplo, também me disseram que não conseguia saltar mais de 14 metros, mas afinal faço-o facilmente.

Disse o nome de duas mulheres que também tiveram de lutar contra o preconceito da cor de pele, a mesma que a sua. A Patrícia Mamona já sentiu racismo?
Sim, senti quando era mais nova. Embora tenha tido uma infância feliz, era a única ‘preta’ da turma e ouvi coisas que me fizeram chorar. Até me lembro, e isto é um bocado triste, de uma vez ter posto farinha na cara para parecer branca. Não era fácil, mas os meus pais sempre me disseram para ter orgulho na minha cor, preparam-me para o que ia acontecer – o segurança vir atrás de mim no supermercado, por exemplo –, e incentivaram-me a ter boas notas na escola. Independentemente de ser preta ou branca, eu era sempre a melhor aluna da turma e isso era uma forma de resposta. Tanto pode ser bom a matemática um branco como um preto.

(…)
Agora já consigo lidar muito bem com o racismo. Sei que não posso controlar o que pensam de mim. Em Portugal o racismo é um pouco mais invisível, mas nos EUA senti muito. Não para comigo, mas para com os outros. Por exemplo, os meus amigos brancos não percebiam porque tinha amigos pretos e os meus amigos pretos não percebiam como me dava com gente branca. Cada um tem a sua cultura e deviam respeitar.

“Estou muito agradecida ao Sporting CP pela oportunidade que me deu de crescer como atleta e, por isso, faço tudo pelo Clube”

Depois de a conhecermos melhor, falemos da sua carreira. Está feliz com o seu percurso?
Sim, estou felicíssima. Independentemente do que vier, sei que fiz de tudo para ter a melhor performance e estou contente por me ter superado – comecei no triplo salto a fazer 11 metros e nunca na vida pensei atingir os 14,65 metros – e da história que vivi, tanto dos momentos felizes como infelizes. Além disso, tive a oportunidade de conhecer vários países e várias pessoas que me inspiraram. Estou bastante agradecida por tudo isso, sobretudo porque não foi por sorte, mas sim porque trabalhei muito e isso orgulha-me.

Chegou ao Sporting CP em 2011, depois de regressar dos EUA. Acredita que foi na altura certa?
Sim, neste caso até tenho de dizer que tive sorte. Acabei a bolsa nos EUA e não sabia como ia ser a minha vida, a minha carreira, e o Sporting CP convidou-me. Por isso, o Clube foi essencial e bastante importante, deu-me todas as condições e juntou-me a uma equipa superforte. Quando estava na JOMA invejava o espírito de família do Sporting CP e o facto de ser o melhor.  Por isso, para mim, chegar ao maior Clube de Portugal, foi incrível. Estou muito agradecida ao Sporting CP pela oportunidade que me deu de crescer como atleta e, por isso, faço tudo pelo Sporting CP.

Quais foram os maiores sacrifícios que fez ao longo destes anos todos de carreira?
Foram muitos, principalmente enquanto jovem. Tive de abdicar de muita coisa nessa altura: das olimpíadas da matemática, viagem de finalistas e actividades na faculdade. Foram maioritariamente coisas sociais, mas também tive de abdicar da minha família. Podia ter ido para Inglaterra e continuar a viver com eles, mas fiquei em Portugal por causa do atletismo. Por isso, sempre que tenho oportunidade vou até lá para matar saudades.

E arrepende-se de tanta dedicação e de ter abdicado de tantas coisas?
Não, não me arrependo porque está a correr bem (risos), mas se não estivesse a correr bem mudava, não é?

“Ouvires o Hino Nacional e saberes que és tu a razão para toda a gente o estar a ouvir é incrível”

Em tantos anos de carreira, tem alguns recordes e várias medalhas, mas, naturalmente, também teve provas menos boas. Qual foi a prova mais difícil de digerir?
Recordo-me de duas. A primeira ainda em júnior. Tinha sido quarta no Mundial e no Europeu do ano seguinte falhei a final. Acho que encarei a prova como mais uma competição e, claro, não foi adequado. A outra foi em Zurique, em 2014, onde também falhei a final. Estava toda a gente com grande expectativa e eu também. Foi a única vez, como adulta, que me lembro de chorar depois de uma prova.

E, por outro lado, houve alguma conquista que lhe deu mais gozo?
Claro, o Europeu de 2016 em Amesterdão. Deu-me muito gozo não só porque venci, mas pela forma como o fiz. Quase tinha falhado a final e depois conquistei a medalha de ouro no último salto. Até ao quinto salto estava em quarto, e até era a minha melhor performance em europeus, mas ficar em quarto lugar é péssimo. É aquilo a que chamamos o lugar do morto. Deste tudo e não foi suficiente para chegar ao pódio. Por isso, era preferível ficar em quinto lugar (risos).

(…)
Não queria vir para casa com o quarto lugar, então saltei a pensar ‘seja o que Deus quiser, vou saltar’ e nem me lembro do salto. Quando surgiu o resultado comecei a saltar e a correr com a bandeira, que é algo que não costumo fazer, porque costumo guardar as emoções, mas não estava nada à espera desse desfecho.

Ficou no lugar mais alto do pódio e ‘pôs’ o Hino Nacional a tocar. O que é que se sente nesse momento?
É arrepiante. Ouvires o Hino Nacional e saberes que és tu a razão para toda a gente o estar a ouvir é incrível. Nem sabia o que fazer. Também o ouvi nos JO do Rio, mas esse sexto lugar foi agridoce porque a distância para as medalhas foi pouca. Antes das provas também o costumo ouvir, assim como algumas músicas portuguesas e fado, para ficar logo arrepiada e emocionada.

Disse no início da entrevista que ainda tem uma carreira longa pela frente. Sendo assim, depois de tantas conquistas, quais são os objectivos que ainda tem?
O meu objectivo é superar-me sempre. Para além dos JO, tenho ainda várias provas, europeus e mundiais para participar. Mas, nos JO, o melhor que fiz foi um sexto lugar, por isso não vou ficar satisfeita com menos do que isso. A menos que salte mais do que 14,65 metros. Ainda assim, nos JO tudo pode acontecer, até posso saltar menos do que o habitual e ser medalhada. Gostava de alcançar o pódio. Um pódio nos JO muda vidas e é muito especial.

Vive obcecada com o sucesso ou leva a carreira na desportiva?
Acho que não vivo obcecada, mas é difícil de explicar… gosto e preciso disto, mas não sinto que seja obcecada. Até sinto que se for obrigada a parar, consigo, mas tenho de arranjar alguma coisa que me dê tanto prazer como me dá treinar e competir. Acho que quando acabar, não vou querer fazer triplo (risos), porque isto dói muito (risos), mas este isolamento social fez-me crescer o bichinho de ser treinadora. Até já perguntei quando é que abrem os cursos…

Tem actualmente 31 anos, até que idade pensa competir?
Queria fazer mais outros JO, os de Paris. Depois disso, talvez pense mais na minha vida, no que perdi e no que quero recuperar, mas até posso estar muito bem para competir e, se estiver, continuo. O que vier agradeço. Vou aguardar.

(…)
Espero nessa altura já ter acabado o curso de Engenharia Biomédica e não descarto em retomar o curso de Medicina em Portugal. Além disso, também quero construir uma família, o que neste momento seria ingrato para mim e para possíveis filhos porque gosto de me focar em tudo a 100 por cento.

A primeira pergunta foi ‘quem é a Patrícia Mamona’, por isso para terminar faz sentido perguntar como é que a Patrícia Mamona gostava de ser recordada pelos outros depois de terminar a carreira…
É uma pergunta difícil... para além das marcas e dos recordes, gostava, acima de tudo, que me recordassem como alguém que ajudou alguém a ser melhor, independente do quê e em quê. Claro que ganhar uma medalha olímpica era fantástico, porque é um objectivo pessoal, mas gostava era que esse objectivo ajudasse a inspirar alguém.

E que a recordem como a ‘ex-atleta que também é bonita’?
Claro, a beleza é apenas um bónus.