Jorge Fonseca: "Vou dormir com a medalha ao pescoço"
31 Jul, 2021
Primeiras palavras do judoca após a chegada a Portugal
Jorge Fonseca, atleta do Sporting Clube de Portugal que conquistou a medalha de bronze na prova de judo -100 kg dos Jogos Olímpicos de Tóquio, aterrou ao final da noite desta sexta-feira no Aeroporto de Lisboa.
Após a chegada, o judoca verde e branco, que era aguardado pela família e por várias dezenas de adeptos, falou sobre as primeiras sensações em solo nacional.
“Estava ansioso para chegar, não dormi quase nada. Queria partilhar este momento com os portugueses e com os meus familiares. Esta medalha é o reflexo de tudo o que fiz, do meu trabalho e da dedicação nos treinos”, começou por dizer aos muitos jornalistas presentes.
“Não estava à espera desta recepção, mas imaginava que pudesse acontecer. Está cá a minha mãe, a minha namorada e o meu filho, o que é importante, e os portugueses que me apoiam todos os dias. Hoje vou dormir com a medalha ao pescoço”, revelou, antes de frisar que não sentiu qualquer pressão durante a prova. “Sabia que estava bem e sentia que ia acontecer algo histórico. Não tenho medo de nada, tinha de chegar e fazer o meu trabalho”, referiu, antes de explicar o porquê de ter deixado escapar algumas lágrimas aquando da subida ao pódio.
“Foi por ver o meu objectivo, a medalha de ouro, a passar por mim enquanto recebia o bronze. Foi um momento de frustração, mas ao mesmo tempo estava feliz pois estava no pódio. Ser bronze nos Jogos Olímpicos não é fácil, não é para todos, mas eu consegui. Tinha de estar feliz, festejei em grande e chorei porque fui o primeiro português medalhado em Tóquio”, contou, apontando “o trabalho e a dedicação” como os segredos para a conquista desta medalha.
Já depois de dedicar o feito à mãe, que disse ser a sua "fã número um", Jorge Fonseca revelou que já sabe onde vai guardar a medalha. “Vai para casa da minha mãe, trabalho para fazê-la feliz. Ela estava muito nervosa, até mais do que eu. Ligou-me muitas vezes para saber como estava a lidar com a pressão”, referiu, desejando em seguida “boa sorte aos colegas portugueses”.
“Acredito que Portugal vai ter muitas medalhas nestes Jogos Olímpicos. No atletismo, por exemplo, já temos atletas na final. Deixei-lhes uma mensagem de boa sorte e acredito que vai acontecer algo histórico para Portugal”, afirmou, prometendo depois o ouro em Paris.
“Vou descansar dois ou três dias e depois começo a trabalhar o mais rápido possível. Desta vez não dancei porque não conquistei o ouro, mas vou dançar em Paris, vai ser lindo. Prometo e vou cumprir. Vou estar ainda em melhor forma do que agora e vou conquistar o ouro”, disse.
Por fim, o atleta verde e branco dirigiu algumas palavras a Frederico Varandas.
“Tenho de agradecer ao presidente do Sporting CP, que me tem apoiado bastante. A minha ligação com o Clube tem evoluído cada vez mais e tenho uma grande amizade com o presidente. Está tudo a correr muito bem, tal como ele sempre quis”, explicou.
Pedro Soares, treinador de Jorge Fonseca, revelou que o factor psicológico foi crucial durante a prova ao contribuir de forma decisiva para que o judoca saísse de Tóquio com uma medalha.
“O Jorge tinha condições físicas, técnicas e tácticas para vencer qualquer um dos adversários. Só o aspecto psicológico podia tirar-lhe a medalha, mas ele mostrou que, além de ser um atleta excepcional, é muito forte em termos mentais. Foi a superação psicológica que o colocou no pódio”, atirou, antes de avaliar as hipóteses do seu atleta para Paris.
“O Jorge chegou a estes Jogos Olímpicos com cinco anos de trabalho, sem lesões graves e empurrado por dois títulos Mundiais. Embora não tenhamos criado grandes expectativas para não haver pressão, ele era um dos grandes favoritos ao ouro. Se todo este contexto se repetir até Paris, em 2024, ele volta a ser candidato ao ouro. Ainda assim, há variantes neste desporto que não conseguimos dominar como as lesões ou as ausências mais prolongadas”, concluiu.