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As tertúlias…

Por Juvenal Carvalho
23 Jan, 2020

Pensemos então Sporting CP. Sobretudo no que conta e que todos deveremos venerar: o símbolo!

O tempo passa. A sociedade evoluiu. Até o clima já não é o que era. Também no Sporting Clube de Portugal os tempos de hoje são diferentes.

O que uns, hoje, apelidam de evolução, outros, quiçá mais saudosistas em termos sociais e clubísticos, em tudo vêem tempos piores, mais perigosos, ou mesmo de pura regressão.

No Sporting CP, se calhar estarei no lote dos saudosistas, mas com mente aberta para os tempos actuais e até para os futuros.

Mas quando falo do nosso Clube, lembro-me sempre do velho ditado de que quem não tem memória, não tem história.

E eu prezo-me de ter memória, e o nosso Clube de ter uma imensa história.


E como tenho memória, dou por mim a recuar no tempo e a recordar as inúmeras tertúlias Leoninas então existentes. Quando ao fim de um dia de trabalho ou de escola o caminho era para Alvalade, para falar de Sporting CP na antiga central ou na 'Toca do Lagarto', ou ainda na sala de sócios, denominada de 'Joaquim Agostinho'. Era um grupo vasto de Leões que acaloradamente discutiam Sporting CP. Nem sempre concordávamos uns com os outros. Mas debatíamos civilizadamente, com o bem do Clube como denominador comum. De tantos que conheci, recordo o Coelho, o Pinheiro, o Eduardo, o Vasconcelos, o Timóteo, o Rui, o Jojó, o Marinho, o Quim, etc. Eu era um puto quando comparado com eles. Mas 'bebi' de todos eles ensinamentos que guardo ainda nos dias de hoje. Falávamos de tudo o que fosse modalidade. Não tínhamos dirigentes como ídolos. Apenas os respeitávamos pelo desempenho do cargo. Era tudo olhos nos olhos. Discussões até exacerbadas.

Hoje tudo isso acabou. Chegaram as novas tecnologias e vieram as conversas virtuais e até ofensas entre pessoas que não se conhecem sequer. Vale tudo. Se não gostas de determinada conduta logo és rotulado de algo depreciativo. O 'eu' e os egos, qual feira de vaidades, prevalecem. 

Sente-se e respira-se um Sporting CP diferente. Para uns, melhor. Para outros, onde me incluo, para não ser antipático, diferente.

Sim, tenho saudades de vivenciar as velhas ‘tertúlias Leoninas’ que eram puras, genuínas, e com fervor. 

Tão puras, que não tinham vírus ou, mais british ainda, bugs. Não tinham sequer qualquer outro interesse que não o Sporting CP. Tudo era diferente e facial. Tudo mudou desde então, até o Sporting CP. 

O que em mim nada mudará é o amor que sinto pelo Clube em detrimento das pessoas. Sou dos que me curvo só pelo símbolo. Porque temos mais de cem anos de histórias para contar, e sobretudo porque todos passamos. Fica o símbolo.  Mas também este, será aquilo que nós quisermos que o seja doravante. 

Pensemos então Sporting CP. Sobretudo no que conta e que todos deveremos venerar: o símbolo!