Jogo Sujo
06 Fev, 2020
No futebol português continua a valer um pouco de tudo. Apesar de algumas tentativas para dizer o seu contrário, os poderes estão confortavelmente instalados e para disfarçar carências de uns ou vontades de outros, chegámos à fase do vale tudo. Até mentir.
Em apenas três dias, um mesmo órgão de comunicação lançou uma campanha que, de vez em quando, até se autodesmente. Se num dia, o médico Manuel Resende “alegou incompatibilidades com a estrutura liderada por Frederico Varandas” para sair do Sporting Clube de Portugal, no dia seguinte, quando finalmente foi contactado (aquela regra irritante a que os jornalistas deveriam estar obrigados) Manuel Resende reagiu dizendo que tinha uma “dívida de gratidão” para com o actual presidente do Clube. Elucidativo.
As coisas teriam a sua gravidade se se reportassem apenas a este caso. Mas não. A narrativa ficcional é diária: ontem era a SAD que procurava substituto para Silas (mentira) e um esclarecimento de um movimento marginal tinha causado divergências na Mesa da Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal (outra mentira); hoje o Jogo ficou mais sujo com uma manchete que Frederico Varandas estaria a ser “pressionado a demitir-se” e que os Órgãos Sociais do Sporting Clube de Portugal sugeriam mesmo eleições antecipadas.
Qual a intenção? Qual a necessidade? E contactar a parte interessada? E fazer notícias sobre factos verdadeiros? “O descontentamento de vários dirigentes é elevado e (…) estão prontos para avançar com as respectivas demissões (…) se a AG de cariz destitutivo avançar”. Quais dirigentes, já agora? Um nome? Dois? Nem meio. Porque é falso, porque é mentira, porque é propositado. Desviar a atenção de relatórios de contas que têm de ser apresentados até final do mês, de queixas na FIFA e de investigações jornalísticas sobre lavagens de dinheiro, inventando notícias sobre o Sporting CP, é simplesmente um Jogo demasiado sujo para ser jogado.
* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal