Uma História de Violência
13 Fev, 2020
Uma agressão gratuita a um membro de um Órgão Social do SCP ou a um funcionário do Clube é um acto violento contra o próprio SCP
A chegar à meia centena de crónicas neste jornal, pela primeira vez, não vou falar de um título, de um jogo ou de uma figura do Sporting Clube de Portugal. Só uma razão muito forte me poderia levar a quebrar a linha destes textos, que procuram celebrar o que une todos os Sportinguistas: a paixão pelo Clube e por todos os seus feitos e conquistas. Mas é impossível ser indiferente a mais um episódio de violência gratuita sobre membros do Conselho Directivo do Sporting CP que, desta vez, – pasme-se! – atingiu até uma rapariga de 16 anos, que cometeu o desplante de acompanhar o pai para ver um jogo do Clube.
Nos últimos anos, o Sporting CP tem vivido não um, mas vários episódios de violência. Nem tudo começou com Alcochete. Antes, bem antes, houve uma ameaça séria com faca a um presidente do Sporting CP. Foi há dez anos, mas nem por isso esquecida. Também nem tudo terminou com Alcochete. Logo a seguir, decorreu uma assembleia geral em pleno Meo Arena que mais pareceu uma prova ao estoicismo dos Sportinguistas, tal era o clima de intimidação e de insulto. A violência pairava no ar, tanto por gestos, como por palavras. Nenhum Sportinguista poderá ter gostado desse triste espectáculo.
Das palavras aos actos vai, por vezes, uma distância curta. E no Sporting CP começa a não haver distância nenhuma. Desde o início desta época que membros do Conselho Directivo são ameaçados e agredidos. Isto já de si é grave. Ainda é pior quando essas cobardes agressões têm lugar nas instalações do próprio Clube, no Pavilhão João Rocha ou no Estádio José Alvalade. Não que o sítio importe. Porém, é esclarecedor que ocorram dentro do Clube, onde o símbolo devia pesar bem mais do que a pulsão destrutiva e violenta.
Uma agressão gratuita a um membro de um Órgão Social do Sporting CP ou a um funcionário do Clube é um acto violento contra o próprio Sporting CP. Se repudiamos com veemência agressões contra os nossos – como tem sucedido recentemente com Miguel Albuquerque –, não podemos transigir, compactuar ou entender nenhuma destas agressões. Duvidar ou pôr em causa a palavra dos agredidos é apenas a continuação da violência, retirando a quem sofreu a agressão a sua palavra. O Sporting Clube de Portugal que todos queremos não é e não será este pedaço de inumanidade. As grandes instituições centenárias sobrevivem porque assentam na sabedoria de quem lhes dá vida. Estou certo que neste momento difícil os Sócios e Adeptos do Sporting CP saberão muito bem que posição tomar perante este estado de coisas e decidir quem tem e quem não tem lugar no Clube.