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Os Miúdos

Por Pedro Almeida Cabral
09 Jul, 2020

(...) Grandes jogadores haverá sempre. Miúdos que queiram entrar em Alvalade de leão ao peito depende muito do que nós, Sócios e adeptos, lhes queremos e desejamos

Há muitos e muitos anos, quase por acaso, tive o privilégio de jantar ao lado de Aurélio Pereira, um dos maiores recrutadores de talentos de todos os tempos. Primeiro, como treinador do futebol da formação, depois como líder da captação do Sporting Clube de Portugal, Mestre Aurélio deixou uma marca profunda no futebol. Futre, Figo, Quaresma e Cristiano Ronaldo são jogadores de classe mundial que foram descobertos e começados a delapidar por este enorme Sportinguista.

Nesse repasto Leonino, perguntei a Aurélio Pereira o que era determinante para que um jovem singrasse. Surpreendentemente, e creio não cometer inconfidência alguma, Mestre Aurélio disse que nunca havia certezas. Dependia de muitos factores. Tanto físicos e desportivos, como psicológicos e motivacionais. O actual mercado global de jogadores torna o crivo de ascensão a um patamar de excelência muito apertado. Cabe aos clubes reconhecidamente formadores, como o Sporting CP, reduzir ao mínimo os riscos neste caminho. E não deixar de apoiar quem, investindo muito de si, por alguma razão, fica para trás.

Nestes últimos dias, temos falado dos miúdos lançados por Rúben Amorim. Eduardo Quaresma, Nuno Mendes, Matheus Nunes, Tiago Tomás e Joelson Fernandes prometem. Ainda não é certo como evoluirão. Cada um de nós terá as suas certezas. Mas sabemos que tudo se define desde cedo, na primeira ou na segunda época na equipa principal.

Em tempos de esperanças nestes jovens, há a notícia que Fábio Paim visitou, tantos anos depois, a Academia que lhe deu fama, mas que, por mau destino, não lhe deu proveito. Talvez hoje não se tenha bem a noção do que se dizia de Fábio Paim, curiosamente, na mesma altura em que jantei com Mestre Aurélio. Era certo que seria um dos maiores. Mas não foi. Nem perto andou. Vê-lo na Academia, não escondendo as saudades do que poderia ter sido, faz-nos pensar em todos os que agora têm uma oportunidade. A eles, a melhor das sortes. Ao Fábio, tudo de bom. Aos Sportinguistas, a consciência de sabermos lembrar quem um dia sonhou de verde e branco. Grandes jogadores haverá sempre. Miúdos que queiram entrar em Alvalade de leão ao peito depende muito do que nós, Sócios e adeptos, lhes queremos e desejamos.