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Passado, presente e futuro

Por Miguel Braga*
01 Out, 2020

Temos agora de capitalizar esse golo, essa qualidade individual, no espírito colectivo que está a ser construído naquela que é a futura Academia Cristiano Ronaldo

O golo de Tiago Tomás, na semana passada frente ao Aberdeen FC, da Escócia, teve mais do que um significado. A começar, para o Sporting CP, que garantiu a passagem à eliminatória que hoje jogamos frente ao LASK, da Áustria; depois, para o próprio jogador, que logo a seguir ao jogo confessou: “foi uma noite inesquecível para mais tarde contar aos meus netos”. Por fim, foi também um regresso ao passado, em concreto àquela noite europeia onde então o jovem teenager Litos inscreveu o seu nome da História do Sporting CP ao ser o jogador mais novo de sempre a marcar pelo Sporting CP nas competições europeias. Tiago Tomás, o nosso “TT”, na passada quinta-feira, seguiu-lhe os passos, entrando directamente para o segundo lugar nessa lista.

Em 1984 o mundo, o país e o Sporting CP viviam realidades bem distintas das de hoje. E se o ano em questão foi título de um livro de George Orwell que deveria ser de leitura obrigatória para todos, foi também o ano em que Carlos Lopes venceu a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em que Mark Zuckerberg, Thiago Silva, Katy Perry ou Le Bron James nasceram e que Ronald Reagan foi reeleito para a presidência dos Estados Unidos da América.

Entre os dois golos, passaram 36 anos e um sem número de jogadores oriundos da formação do Sporting CP pela equipa principal. E, por isso mesmo, o feito de Tiago Tomás merece o nosso aplauso. Não só pela execução técnica, não só pela qualidade do remate, não só porque nos deixa sonhar com quem não treme em frente à baliza, mas porque reforça que o regresso a esta aposta dá frutos. Temos agora de capitalizar esse golo, essa qualidade individual, no espírito colectivo que está a ser construído naquela que é a futura Academia Cristiano Ronaldo. 

Litos foi um jogador que deu muito ao Sporting CP, mas quem se lembra de o ver jogar, ficou também com a sensação de que poderia ter dado ainda mais. Fez cerca de 200 jogos de Leão ao peito, chegou a internacional A (apenas duas chamadas à selecção principal), mas a qualidade e a inteligência em campo nunca enganaram ninguém. Faltou-lhe o título de campeão, o próprio admite isso, mas além daquele momento mágico frente ao AJ Auxerre e de outros que muitos se recordam, há um que sempre foi especial para mim: a forma inteligente com que passou por toda a defesa do SL Benfica nos saudosos 7-1, na jogada do golo mais bonito da tarde, marcado por Manuel Fernandes em salto de peixe.

Ainda sobre algumas polémicas estéreis que marcaram a semana Leonina, convém sempre recordar Orwell: “Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir”. Assim será, sempre na defesa do Sporting CP.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal