Associação Nacional de Fazedores de Futebol
11 Mar, 2021
(...) Teríamos até que dar os parabéns a tão atenta Associação e aos sapientes instrutores da Liga por terem desmascarado esta tramóia. Se não fossem eles, nunca se teria descoberto que Rúben Amorim treinava o Sporting CP
Soube‑se há dias que Rúben Amorim pode ser suspenso por um a seis anos da sua actividade profissional. Em Março de 2020, a Associação Nacional Treinadores de Futebol fez uma denúncia à Liga acusando‑o de não poder ser treinador de futebol do Sporting Clube de Portugal. E agora, um ano mais tarde, a Comissão de Instrutores da Liga entendeu acusar Rúben Amorim de fraude e falsas declarações. O Sporting CP também não está livre de acusações, considerando a Comissão que contratar Rúben Amorim só foi possível com um contrato fraudulento.
Seriam fraudes em cadeia, num esquema bem urdido para enganar Portugal inteiro. Teríamos até que dar os parabéns a tão atenta Associação e aos sapientes instrutores da Liga por terem desmascarado esta tramóia. Se não fossem eles, nunca se teria descoberto que Rúben Amorim treinava o Sporting CP.
O único problema é que o parágrafo anterior só existe nas cabeças de quem entendeu que todo o mérito deve ser castigado. Todos sabiam qual era o percurso e a qualificação profissional de Rúben Amorim quando veio para o Sporting CP. Ninguém ignorava que teria de fazer um curso específico. Nenhum atleta do Sporting CP se recusou a ser treinado por Rúben Amorim. Os Sócios e adeptos do Sporting CP também não puseram em causa a pretensa desqualificação do treinador. Em resumo, ninguém se importou com o irrelevante papelinho.
A verdade é que não houve investigação alguma de nenhum organismo. Trata‑se apenas de tentar manter um caduco sistema de qualificações que é impossível de cumprir, dado que tem vagas limitadas e obriga a permanência no mesmo nível vários anos. Pior. A prática de inscrever treinador‑adjunto até obter a qualificação de treinador principal existe há mais de dez anos, sendo aceite pela Liga sem questionar. É este o triste retrato de um Portugal corporativista, burocrático e avesso ao mérito que mais parece pretender ser o protagonista do último terço do campeonato. Os dirigentes da associação querem tanto escolher ‘quem treina quem’ que se comportam como a Associação Nacional dos Fazedores de Futebol. Talvez assim esqueçam os seus fraquíssimos resultados como treinadores. Já a comissão, em vez de instruir, mais parece apostada em destruir, agindo como Comissão de Destruidores da Liga, desestabilizando e procurando influenciar o campeonato. Mais um triste episódio a que estou certo que Rúben Amorim responderá onde tem respondido: em campo.