VITÓRIA CATEGÓRICA
12 Ago, 2021
No regresso dos adeptos aos estádios (ainda que em reduzido número em virtude dos constrangimentos provocados pela COVID-19), o Sporting CP venceu de forma categórica conquistando os primeiros três pontos da Liga
A vitória na ronda inaugural da Liga Bwin por 3-0 diante do recém-promovido FC Vizela foi um reflexo da ideia do treinador Rúben Amorim acerca da importância de se saber o que se quer, como se quer e como se transmite isso aos seus jogadores e aos seus adeptos a cada instante.
No regresso dos adeptos aos estádios (ainda que em reduzido número em virtude dos constrangimentos provocados pela COVID-19), o Sporting CP venceu de forma categórica conquistando os primeiros três pontos da Liga. A equipa forasteira apresentou-se muito organizada num 4-4-2 que foi recuando ao longo da partida e com ideias positivas de saída de bola e a querer disputar o jogo frente ao Campeão Nacional, mas foi incapaz de o suster.
O Sporting CP apresentou-se no tradicional 3-4-3 onde Ricardo Esgaio e Rúben Vinagre substituíam os lesionados Pedro Porro e Nuno Mendes, e Matheus Nunes ocupava novamente a posição ao lado de João Palhinha preenchendo a vaga do meio-campo. Desde cedo os nossos Leões mostraram ao que vinham e como vinham. Apesar de um esquema “no papel” idêntico ao da Supertaça, a verdade é que a equipa desde cedo explorou os corredores laterais de uma forma mais vincada do que no jogo que permitiu o primeiro troféu da temporada. As constantes acções de Vinagre e Esgaio a ganhar profundidade nas laterais, aliadas a uma capacidade de variar o jogo rapidamente de flanco para flanco no passe longo ora por Palhinha ora por Matheus Nunes, abriam brechas no processo defensivo vizelense que não conseguia pressionar a saída de jogo do Sporting CP de forma compacta e ia sendo empurrado para os últimos 35 metros do seu reduto.
Esta abordagem ao jogo da equipa de Rúben Amorim mais larga e mais profunda obrigava a equipa adversária a aumentar a distância entre os blocos e entre jogadores, fomentando invariavelmente o 1x1 onde os jogadores do Sporting CP poderiam ganhar vantagem, bem como a chegada tardia de ajudas o que permitia aos jogadores Leoninos ganhar a linha de fundo e espaço para jogar, cruzar e criar oportunidades de golo.
Quando Álvaro Pacheco trocou os seus jogadores dos corredores tentando que o pé “de dentro” fosse dominante e estimulasse mais coberturas interiores, Rúben Amorim na sua forma sagaz de responder pediu a Gonçalo Inácio e a Feddal para serem eles a passarem a carregar o jogo na posse progredindo metros com bola e chamando a si a marcação dos jogadores que se posicionavam para dar coberturas e voltavam a deixar o espaço pretendido disponível para “ferir” a defesa vizelense pelos corredores. Brilhante.
A falta de pontaria numa grande penalidade falhada por Jovane Cabral e em mais quatro tentativas de golo na primeira parte levavam o jogo para intervalo num nulo que se percebia que não poderia durar muito mais tempo pelo domínio, maturidade e capacidade de entrar no último terço por parte dos jogadores do Sporting CP.
A segunda parte começa com o 1-0 pelo homem do costume e que não perdeu os bons hábitos da última temporada, Pedro Gonçalves. O corte providencial de Palhinha já direccionando a bola para o contra-ataque que Paulinho conduziu de forma perfeita ao chamar a si a atenção de três marcadores, permitiu libertar o melhor marcador Leonino para um golo de belo efeito e que demonstra uma relação com a baliza sem par. Essa relação viria a ser ainda mais evidente no segundo golo do Sporting CP logo nos minutos seguintes com o Sporting CP a recuperar a fórmula da primeira parte. Aglomerar jogo e jogadores num dos corredores (neste caso o esquerdo) e variação de flanco rapidamente (para o direito) e com conta, peso e medida para o ala bem aberto e solto de marcação no corredor contrário. Esgaio aproveitou de forma perfeita ganhando metros e com uma assistência sob a forma de cruzamento a régua e esquadro deixou Pedro Gonçalves com bola onde ele é letal, desviando-se de um adversário e fazendo a bola entrar na baliza de forma indefensável.
Os cruzamentos perfeitos não ficavam por aqui. Nuno Santos não queria ficar para trás e deu de bandeja a Paulinho o 3-0. Bem merecia o golo do avançado barcelense coroando uma jogada de contra-ataque como mandam os livros e uma exibição de encher o olho. Desde o corte providencial de Coates, ao passe de Esgaio (mais um) que encontra Paulinho solto de marcação e lhe permite abrir todo o corredor esquerdo para Vinagre e Nuno Santos explorarem, o sprint para chegar a tempo do cruzamento de Nuno Santos e empurrar com o pé direito sentenciando com golo, assistência e muitas jogadas uma noite onde mostrou a todos os Sócios e adeptos do Sporting CP o porquê de tanta insistência do nosso jovem treinador em poder contar com ele. Paulinho nunca marcará 30 golos numa época e dificilmente será recordado pelo número de golos que fará. Paulinho é muito mais que isso, é um avançado completo! Sabe ler o jogo e chamar a si o mesmo longe das zonas de finalização. Sabe atrair marcações para soltar espaços para os colegas aproveitarem. Sabe tocar e andar para a frente, mas também receber, segurar e meter a bola a rodar atrás. Sabe combinar e enrodilhar o jogo por dentro, mas também lançar o jogo por fora. É um avançado raro que sabe os timings de jogo, de ter e não ter a bola, como já escrevi é um N.º 9 que sabe baixar e ser o N.º 10 entre linhas do adversário. Sabe finalizar na boca da baliza, mas também soltar um petardo de longe e fazer tremer o guarda-redes adversário. Entrosado, a saber o que a equipa precisa da parte dele, e também o que o treinador pretende em cada momento do jogo, é jogador chave a jogar na frente sozinho ou com companhia pois já demonstrou que Tiago Tomás pode lutar não apenas por jogar no seu lugar, mas também ao seu lado em função da estratégia definida para cada jogo.
Para a 2.ª jornada aguarda-nos uma deslocação ao difícil terreno do SC Braga que tentará “vingar” a recente conquista da Supertaça. Será um jogo diferente do de Aveiro. O Sporting de Braga tenderá a assumir mais as rédeas por jogar em casa e com o seu público e Carlos Carvalhal vai optar por povoar mais o meio campo ao invés de puxar tanto a equipa para trás com cinco defesas. Com Piazon, Ricardo Horta e Fábio Martins no apoio ao ponta de lança (seja Mário Gonzalez ou Abel Ruiz), o Braga não se deverá ficar por apenas uma oportunidade de golo como no recente confronto e será um bom teste para a assertiva e ultracompetente defesa Leonina. Nada que o capitão Sebastián Coates e seus discípulos não estejam preparados e à altura. Certamente sairemos mais uma vez de Braga com um orgulho imenso nesta equipa que aprendemos a amar e pela qual ansiamos diariamente ver novamente em campo a defender as nossas cores e o nosso Leão rampante!