Passo a passo
07 Out, 2021
“O desporto transformou a minha vida. Fiquei cega aos 12 anos e aos 13 comecei a praticar o goalball, que devolveu a minha vontade de viver e sonhar novamente”. As palavras são da nossa atleta Ana Carolina Duarte.
O Sporting CP conquistou no passado fim-de-semana o seu 41.º título europeu. O feito foi alcançado pela equipa feminina de goalball do Clube que venceu, pela segunda vez consecutiva, a Champions League (antiga Superliga Europeia).
Esta modalidade é um verdadeiro caso de dedicação, de superação, de persistência, de querer ser mais e melhor. No caso da nossa equipa feminina, treinam com os homens e não têm outras equipas para competir em Portugal, apenas na Europa. “O desporto transformou a minha vida. Fiquei cega aos 12 anos e aos 13 comecei a praticar o goalball, que devolveu a minha vontade de viver e sonhar novamente. Eu achava que não seria mais capaz de fazer desporto e a minha vida sem o goalball não é nada”. É desta forma que a nossa Ana Carolina Duarte resume a importância da modalidade na sua vida. E é assim que, em poucas palavras, explica o papel central que o desporto tem para si. “Esta vitória foi uma construção de todas nós”, disse.
O goalball nasceu pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial com a missão de integrar pessoas com falta de visão – na sua grande maioria soldados que regressaram a casa com mazelas da guerra. E foi assim, em 1946, o austríaco Hanz Lorenzen e o alemão Sep Reindle apresentaram ao mundo um novo jogo, com regras e equipamentos próprios: duas equipas (constituídas por três pessoas cada), duas balizas e uma bola a ser lançada pelo chão com o objectivo de marcar golo ao adversário. A bola tem algumas características específicas: dimensão idêntica a uma bola de basket, mais pesada, com pequenos guizos que permitirem ouvir o som do movimento. Os atletas têm ainda de usar tampões oculares e viseiras opacas de forma a garantir que todos competem em pé de igualdade.
A simplicidade das regras do jogo permitiu que o mesmo fosse crescendo até 1976 onde teve a sua primeira aparição nos Jogos Paralímpicos em Ontário – ainda que tenha sido numa versão apenas de exibição, ou seja, sem medalhas. Estes Jogos foram também os primeiros onde as pessoas com deficiência visual competiram pela primeira vez.
Para a história, fica a vitória por 12 a 2, frente ao FIFH Malmo, da Suécia. Com a particularidade de o jogo não ter chegado ao fim – o goalball tem essa regra: uma vez atingida a diferença de dez golos o jogo acaba e está conhecido o vencedor. E, neste caso, representou a conquista do 41.º título europeu para o Sporting CP. Parabéns a todos os envolvidos.
Com as vitórias do futsal masculino e do rugby feminino no passado feriado, o Sporting CP fez o pleno dos Troféus Stromp desta época, num total de dez vitórias. Mais uma demonstração de força do nosso eclectismo que nos faz encarar a temporada com optimismo em várias frentes.
Uma palavra também para os nossos supercampeões do futsal. Depois das conquistas pelo Clube, sete dos nossos Leões foram reis na Lituânia onde se sagraram, pela primeira vez na história, Campeões do Mundo por selecções da modalidade. Os nossos sinceros e sentidos parabéns.
Finalmente, no futebol, a equipa de Rúben Amorim conquistou em Arouca mais três pontos, permitindo encarar esta pausa FIFA com o foco no descanso e recuperação dos jogadores. O Sporting CP volta a fornecer vários jogadores a várias selecções, com dois destaques: a primeira vez de Matheus Nunes e a primeira vez que uma equipa portuguesa cede dois jogadores à selecção espanhola, para o caso, Pedro Porro e Pablo Sarabia. Que continuem a espalhar qualidade dentro de campo. E que regressem bem, idealmente sem lesões.
Editorial da edição n.º 3840 do Jornal Sporting
* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal