O meu ‘dérbi eterno’
21 Out, 2021
Toda a envolvência do período antes do jogo mexeu comigo. Foi bonito ver o azul e o verde conviver de forma fraterna nas imediações do estádio
Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021. Eram 20h45, quando o portuense Gustavo Correia, o árbitro escalado para o reencontro entre dois históricos do futebol português, apitou para dar início ao dérbi lisboeta entre o Clube de Futebol Os Belenenses e o Sporting Clube de Portugal. Um dérbi ancestral e mítico, tão mítico que a primeira partida entre os dois clubes se disputou no já longínquo mês de Abril de 1920, marcando desde aí, e até há poucos anos atrás, um jogo que para mim será, ad eternum, o meu verdadeiro ‘dérbi’ de Lisboa.
Toda a envolvência do período antes do jogo mexeu comigo. Foi bonito ver o azul e o verde conviver de forma fraterna nas imediações do estádio.
Rebobinei mesmo o momento em que eu, criança, pela mão do meu avô materno, um inveterado adepto do clube da Cruz de Cristo, e o pioneiro da minha primeira ida ao Restelo, bem como com os meu pais, vivi outros jogos entre as duas equipas, e que era apelidado por ele, e por uma maioria familiar afecta ao ‘Belém’, como o ‘desertor’ da causa azul.
Quando reentrei no Restelo, confesso que me veio à memória belas recordações do passado. Olhei de cima o palco majestático onde se vê o Tejo numa paisagem única. Sim, estava ali, de novo, o ‘meu’ Sporting Clube de Portugal a jogar contra o verdadeiro e centenário Clube de Futebol Os Belenenses. Com aquela sensação estranha de achar que estava a viver um sonho, e quase me apetecer beliscar para acreditar. Quando as bolas do sorteio ditaram este desafio, fiquei feliz e intuí que não poderia faltar a este jogo. Assim o fiz, e como diz aquele velho ditado... “tudo está bem quando acaba bem”. E foi o caso. Ganhou, como era expectável, o nosso Sporting CP. As forças em compita assim o previam. Passámos naturalmente à próxima eliminatória da Taça de Portugal, revi amigos e pessoas que me estão no coração, num ‘dérbi’ que começou ao almoço, em Alcântara, com o meu bom amigo de muitos anos, e dirigente dos azuis do Restelo anos a fio, o Mário Henriques, que respira Belenenses por todos os poros.
Este dia 15 de Outubro, não foi só de reencontro entre históricos do futebol e do desporto português, foi também de bons reencontros pessoais e de rever amizades que ficaram para a vida. Um dois em um que ficará gravado na memória. E que belas memórias tenho destes jogos no Restelo.
Foi até um dia que gostaria que passasse mais devagar, tal a forma como dele desfrutei. O desporto é muito mais que um simples jogo. É sobretudo amizades, e reviver e recordar momentos.
Como cantava como só ele Chico Buarque: “Foi bonita a festa, pá”. Apenas faltou o pastel de Belém que tradicionalmente comia após todos os jogos com o meu avô. Onde estiver, esta minha coluna de opinião é muito para ele e para os meus diversos familiares ‘pastéis’. Sabendo todos eles, que o Sporting é o meu grande amor!
PS - Se dúvidas houvessem sobre a saúde com que vive o futebol do Sporting, Istambul provou que o Esforço, a Dedicação e a Devoção, aliadas a um trabalho fantástico de baixo para cima, a Glória é perfeitamente possível e que nada é por acaso. O caminho está delineado... é por aqui!