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Ouro de devoção e crença

Por Juvenal Carvalho
24 Mar, 2022

Pedro Almeida Cabral, meu companheiro de viagem semanal neste nosso Jornal, e que como eu é Leão de veia ecléctica, fez na passada edição a sua coluna de opinião mais premonitória de sempre, a que deu o título de 'Auriol', e onde falou no objectivo da nossa Leoa ultrapassar os 20 metros no lançamento do peso, marca que perseguia a cada prova e que veio em tão boa hora. Com esse objectivo chegou também o título mundial de pista coberta, com a fantástica marca de 20,43 metros, aquele êxito épico que antevejo seja seguido de muitos outros, e com ele uma lágrima marota no hastear da bandeira portuguesa no pódio, ela que sendo camaronesa de nascimento, adoptou o nosso país como o dela, numa história de vida que quis o destino que em boa hora se cruzasse com o nosso Sporting CP.

E nessa história de vida, quando tudo apontava que o seu caminho fosse para França, a sua crença e veneração na Nossa Senhora de Fátima, por ser extremamente crente, benzendo-se com regularidade, como mulher de fé que é, o destino haveria de lhe trocar as voltas. A descoberta do Sporting Clube de Portugal viria depois, através de uma amiga lhe falar no extraordinário trabalho que o nosso Clube desenvolve na modalidade.

Seria através do facebook, que bom esta possibilidade do advento das novas tecnologias isto proporcionar, que o destino de Leão ao peito chegaria, através de um contacto por mensagem, que haveria em boa hora de ter resposta. Este foi o seu segundo momento de exaltação patriótica, depois de se ter sagrado campeã europeia o ano passado, ela que aprendeu a amar o nosso país, onde vive na cidade de Leiria, treinada por Paulo Reis, um homem tão determinante na carreira de Auriol.

A sua humildade é até contagiante. Sendo que no desporto os grandes são humildes por conceito, e também focados no essencial. Ganhar, ganhar e ganhar é o lema. E isso é intrínseco nesta Leoa que Portugal e o nosso Sporting CP adoptaram.

Ao falar de Auriol, não posso esquecer Francis Obikwelu, um outro caso de vida de quem também tantas alegrias deu ao nosso Clube e ao nosso País, e que marcou uma história de que tanto o deve orgulhar. Também ele vindo de África, neste caso da Nigéria, ainda tão jovem para se radicar no Algarve, onde começou pela construção civil, e daí partir para o estrelato mundial, sendo mesmo um dos melhores velocistas mundiais de sempre.

Dois casos de vida. Dois campeões. Duas histórias de sucesso que tem o Sporting CP como denominador comum. Seguramente mais haverão no futuro.

O atletismo do Sporting Clube de Portugal, que tem um historial que se confunde até com o país, voltou em Belgrado, na capital da Sérvia, a escrever a letras de ouro mais uma página de um "livro" repleto de feitos históricos. Onde estiver, o professor Mário Moniz Pereira estará feliz por ver a continuidade da sua obra a dar frutos, e a dizer as tão suas sábias palavras para o sucesso: "amanhã há treino" e "a sorte dá muito trabalho". Era um fazedor de campeões como ninguém. Será eternamente o "Senhor Atletismo".

PS - Agora é tempo de preparar a próxima coluna de opinião para o número do centenário do nosso Jornal. Com quanto orgulho estarei neste momento marcante. Obrigado, Sporting Clube de Portugal!