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Mészáros

Por Pedro Almeida Cabral
12 Jan, 2023

Custa sempre quando um ídolo desaparece. Ainda para mais, quem tanto nos fez sonhar. Partiu há dias Ferenc Mészáros, o antigo guarda-redes internacional húngaro do Sporting Clube de Portugal, campeão em 1982. Numa altura em que não se exigia aos guardiões que fossem muito altos, Mészáros media apenas 1,83m. Tinha, porém, outros atributos para compensar. O “Leão de Budapeste”, como ficou conhecido, era exímio na reposição da bola em jogo. Num excelente livro sobre a histórica época de 1981-1982, intitulado Big Mal e Companhia, da autoria do Sportinguista Gonçalo Pereira Rosa, ficamos a saber como Malcolm Allison exigia este movimento, que foi uma imagem de marca. Lá ia a bola rápida para Freire ou Oliveira, os extremos do Sporting CP nesse ano de dobradinha. Mas Mészáros fazia mais. Com elegância, defendia bolas impossíveis, saltando a distâncias consideráveis. Desde a saída de Damas, ocorrida anos antes, que a baliza Sportinguista tinha ficado órfã de classe na defesa das redes. Foi o húngaro que finalmente esteve à altura e acabou por ser fundamental na campanha dessa época, que ainda rendeu a Supertaça no início da época seguinte.

Para mim, Mészáros é apenas uma memória muito enevoada, porque era muito miúdo e o Sporting CP chegava-me aos soluços, quando o meu pai não estava entretido a puxar-me para outro clube lisboeta. Porém, recordo bem a sua figura característica, com bigode e farto cabelo a condizer. Dessa equipa inesquecível, onde o trio mais conhecido eram Manuel Fernandes, Jordão e Oliveira, não podiam faltar na defesa Carlos Xavier, Eurico e Mário Jorge, bem como os médios Nogueira e Ademar. Sabemos bem o que custa ser campeão em Portugal pelo Sporting CP. Por isso, cada vez que relembro um campeonato que presenciei, fica um orgulho Leonino que não desparece.  

PS: No último fim-de-semana, a derrota na Madeira perante o CS Marítimo ficou marcada por lances com influência no resultado. Ao minuto 50, não foi assinalado um claríssimo penálti sobre Pedro Porro. Não podem restar dúvidas quando se vê Léo Pereira a empurrar pelas costas o jogador Leonino. Não bastasse o empurrão, houve também um toque com o pé esquerdo no tornozelo do espanhol. Infelizmente, para o Sporting CP, um erro parece nunca vir só. Logo a seguir, ao minuto 51, nova falta por assinalar, com os mesmos protagonistas. É certo que foi fora da grande área maritimista. Porém, teria de resultar em livre directo e cartão amarelo. Nada foi assinalado. O jogo seguiu e acabou como se sabe. Os anos passam, os campeonatos jogam-se e, mesmo com VAR, há erros clamorosamente reincidentes contra o Clube. Merecíamos mais.