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O "meu" dérbi

Por Juvenal Carvalho
12 Jan, 2023

Existem momentos que nem a inesperada derrota na Madeira, apesar da tristeza que a mesma me provocou, como sempre que as coisas nos correm menos bem, em que abrimos o coração, e são esses momentos, na irracionalidade do futebol, que nos fazem também ser “irracionais”. Sim, o meu rival de sempre, e que funciona como que um “ódio” de estimação será sempre o SL Benfica. Como costumo dizer entre amigos Sportinguistas, gosto que eles percam, até nos treinos. É assim que vejo hoje, e se ainda não me passou até agora, decerto que me ficará para todo o sempre, o meu sentimento pelo rival... o nosso eterno rival. 

Desde muito criança, e os meus amigos estão muito acima de que clube forem, porque os amigos de sempre não têm clube, ideologia política ou crença religiosa que me afaste deles, que sempre vi o rival com pouca simpatia. Aquela antipatia derivada de ser o clube que, passem os anos que passarem será o eterno rival − inimigo é outra coisa.   

E porque esta semana iremos ao Estádio da Luz, vou, como disse no início deste texto, abrir o coração. É o momento, e já vivi tantos, até porque desde cedo me apaixonei pelo Sporting CP, que estranhamente fico nervoso e diferente na semana que o antecede.  

É uma semana que, independentemente da classificação do momento, e desde que me conheço, até que chegue a hora do jogo, o meu pensamento está no pontapé de saída. Como que uma sensação estranha me invade. Procuro não ler muito sobre o mesmo, evito até ver espaços televisivos, onde tantos opinam, que me levem a ele antes da sua realização. 

Parece-me mesmo que os dias são maiores e que nunca mais chega o momento de a bola começar a rolar. Chegado o momento, seja ao vivo ou pela televisão, estou completamente fora do registo. Sofro desmedidamente. Nem sei se digo palavrões ou se o meu léxico durante os 90 minutos é o meu estado normal em modo dérbi. Sou, pois, um irracional, que só vê faltas contra o adversário, penáltis a cada queda na área do adversário, etc.

Esta semana estou, pois, estranhamente nervoso. E assumo que quero ganhar os jogos todos, e a todos, sabendo que isso não é possível, mas o dérbi é o meu jogo de todos os tempos. Aquele que me tira do sério. Aquele que se ganhar não consigo dormir a rebobinar os grandes momentos. Aquele que se perder fico com um humor pouco recomendável. 

E isto é jogo após jogo. Ano após ano. Será assim ad eternum. Só volto à normalidade no dia seguinte. Que este seja mal dormido pela excitação da vitória.

Decididamente, são o meu rival, sendo que o desporto não é uma guerra. "Guerra" são aqueles 90 minutos!

PS - Partiu Ferenc Mészáros e com ele tanto da minha memória de adolescente. Que guarda-redes. Que classe. Que campeão. Até sempre, magiar do cabelo comprido e do bigode farfalhudo.