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Assim não VAR

Por Miguel Braga
25 maio, 2023

Editorial da edição n.º 3925 do Jornal Sporting

Dos nove especialistas que falam e escrevem semanalmente sobre arbitragens em Portugal, oito, repito oito, afirmaram que o golo do SL Benfica já depois dos 90 minutos contra a nossa equipa foi mal validado. A saber:

- Em A Bola, Duarte Gomes escreveu: “… o médio encarnado impediu, com o corpo em rotação, a movimentação e Coates (…); o jogador encarnado estava adiantado irregularmente e tomou parte activa no jogo ao interferir (com contacto físico) na acção do seu adversário. Foi motivo suficiente para justificar a anulação do golo”; antes já o tinha afirmado na SIC Notícias;

Em O Jogo, três especialistas, a mesma opinião:

- Jorge Coroado afirmou “Florentino (…) interferiu, obstruiu e derrubou Coates. (…) Decisão errada derivada à falta de coragem”;

- José Leirós declarou que “o VAR devia indicar a infracção, considerando irregularidade na lei 11, e não validar o golo”;

- Fortunado Azevedo referiu “conforme determina a lei 11.ª, o jogador ao obstruir Coates com contacto toma claramente acção no jogo. O golo deveria ter sido anulado”;

- Na RTP 3, Pedro Henriques garantiu que “a explicação é simples: o Florentino está em fora de jogo posicional (…) e faz isso com intenção e faz aquilo que não pode fazer (…); ele não faz falta, mas ao promover o contacto passa de fora-de-jogo posicional (…) para um fora-de-jogo activo”;

- Já Marco Pina, na CMTV, disse: “O Florentino ao movimentar-se em posição irregular de fora-de-jogo para junto do Coates (…) impede com a sua posição irregular que o Coates se movimente para a bola para disputar o lance. Estando o Florentino em fora-de-jogo tem de ser punido por isso”;

- Tanto na SportTV como no Record, Jorge Faustino afiançou que o golo foi “mal validado. (…) Estamos a falar de um jogador que estando em fora-de-jogo estorva a movimentação do defesa e portanto, fora-de-jogo. Num contexto de futebol de vídeo-árbitro, o vídeo-árbitro tinha todas as condições para intervir e anular este golo”;

- Também no Record Itaurralde González foi peremptório: “bloqueio claríssimo”. E vai mais longe: “é uma jogada de escola de arbitragem. O jogador que está em posição adiantada (…) fez um bloqueio ao defesa do Sporting. Os bloqueios são ilegais no futebol. É uma jogada claríssima e o vídeo-árbitro tinha de intervir”.

Perante uma questão de escola e um lance destes, o sempre prestimoso Marco Ferreira conseguiu escrever no Record que “Coates choca com Florentino que tinha a posição ganha (…). Florentino está adiantado, mas não interfere com nenhum adversário a jogar a bola”. Diz o povo que o maior cego é aquele que não quer ver. E apesar do óbvio, consegue este ex-árbitro voltar a insistir na sua teoria, no mesmo jornal, desrespeitando os seus oito ex-colegas de profissão e as leis que diz que defende, esquecendo-se que o futebol não é basquetebol, que no futebol os bloqueios não são permitidos e que se Coates não interferiu na jogada é porque foi bloqueado por um jogador que estava em posição irregular. Simples para todos, menos para Marco Ferreira. Assim se resume um mau serviço à arbitragem.

Na minha opinião era um lance de VAR, uma ferramenta que em Inglaterra foi explicada, jogo a jogo, pelo ex-árbitro Howard Webb, responsável máximo da arbitragem, ao vivo e a cores na televisão. Sem medos e com transparência. Pelas melhores, mas também pelas piores razões (como se viu neste jogo) o VAR é, nos dias hoje, uma ferramenta central do futebol. Permitir que todos conheçam o racional por trás de cada decisão não deveria causar calafrios a ninguém, muito pelo contrário.

Que quem está atrás das câmaras seja cada vez mais competente é o que se deseja: competente, justo e transparente. A bem do futebol e da verdade desportiva. Infelizmente, no último dérbi, tal não se viu. E o SL Benfica empatou o jogo com um golo irregular.