Reflexão universal
12 Out, 2023
Editorial da edição n.º 3945 do Jornal Sporting
Na Assembleia Geral do passado domingo, dia 8 Outubro de 2023, dos 3771 Sócios que votaram, sete em cada dez votaram a favor da medida proposta pelo Conselho Directivo de alteração dos estatutos para se poder votar electronicamente à distância.
Na condição de Presidente do Clube considero que é da mais crítica relevância para o futuro do Sporting CP uma reflexão, e consequente mobilização, do universo Leonino sobre os resultados em causa.
O primeiro ponto de reflexão é sobre o facto de o universo de 3771 Sócios que votou representar menos de 4% de todos os Sócios que podem exercer o seu direito.
O segundo é que se torna evidente que, com o sistema de votação vigente, essa minoria de 1% dos Sócios sabe que se transforma em 30%, ou mais, consoante a habitual fraquíssima participação eleitoral.
Queremos que uma minoria de 600, 800 Sócios continue a decidir por mais de 100 000 Sócios com poder de voto? No dia em que o voto seja Universal, nunca mais um grupo qualquer consegue controlar ou condicionar uma Assembleia.
No dia que houver voto electrónico à distância o poder fica realmente disperso e descentralizado por todos os Sócios do Sporting CP, e nunca mais por grupos minoritários. Este é que é o verdadeiro cerne da questão do voto electrónico. O poder que uma minoria não quer perder para continuar a condicionar uma maioria.
Aceitaremos sempre os resultados, sejam eles quais forem, mas decidamos todos.
Desde 2017 que as que eleições nesse ano, em 2018 e 2022 foram realizadas com voto electrónico, sendo o processo de contagem de votos 100% digital e auditado por uma empresa externa ao Clube.
A possibilidade de voto electrónico à distância é a única que permite efectivamente darmos mais um passo à frente, fundamental para que o voto seja Universal.
Os 70% que votaram a favor não foram suficientes para cumprir a maioria de 75% exigida pelos estatutos. Cumpriremos sempre os estatutos, assim como o sentido de votação expresso pela maioria.
Haverá novo dia, mas de pouco valerá se os Sócios abdicarem de exercer o seu principal direito: participar, decidir… votar.