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Uma vida de Leão ao peito

Por Juvenal Carvalho
26 Out, 2023

É uma frase feita, mas que contém uma irrefutável verdade. O Sporting Clube de Portugal é feito de pessoas. Sem elas, a nossa instituição, como qualquer outra, aliás, não tinha vida.

E nas pessoas, posso dizer que a minha vivência como desportista me deu dois privilégios, o de ser Sportinguista e maior ainda, ter tido a oportunidade, porque entrei muito cedo pela porta do dirigismo no "meu" clube do coração, de conhecer e até trabalhar com pessoas que eram para mim, um então jovem adepto na bancada, os meus ídolos, as minhas referências. Que faziam as minhas delícias e a quem me apetecia pedir autógrafos, independentemente da modalidade que praticassem. 

E nestas pessoas, hoje vou falar de uma que, por privilegiado, tenho por ela amizade.

Falo de Nélson Serra, uma figura de todo o sempre do nosso Sporting CP. Um basquetebolista que sempre jogou no nosso Clube e que enquanto praticante nunca vestiu outra camisola que não a nossa, aquela que um dia foi também de Francisco Stromp, e de tantas outras figuras da nossa história e do desporto português.

Desde Moçambique, onde viveu na sua juventude até vir para Lisboa, o Sporting nasceu e cresceu consigo. Ama como poucos o nosso Clube.

Conheci o Nélson era eu bem jovem, quando estive como seccionista da equipa sénior de basquetebol, na década de 90, e era ele o treinador principal. Quando o cumprimentei pela primeira vez, recordei aquele homem que via nas bancadas, a que a minha primeira memória vai de um jogo na Figueira da Foz, ante o Ginásio Figueirense, que nos deu um título de campeão de "lançamento esquisito", metia literalmente de todo o lado de onde lançava. 

Ele com Carlos Lisboa, Augusto Baganha, Manuel Sobreiro, Tomané, Carlos Sousa, Hélder Silva, Mário Albuquerque, Rui Pinheiro, Quim Neves e outros são as primeiras referências que a minha memória alcança de uma modalidade que se viria mais tarde, por razões óbvias, a entranhar-se em mim. 

Dele ouvi estórias deliciosas com verdadeira gula de querer saber mais de si. Não as contava por vaidade, aliás a humildade é a sua imagem de marca, mas saiam com infinita naturalidade, como quem falava de um amor de uma vida, o Sporting CP.  Desde os seus tempos de jogador, um campeão, até aos tempos em que como treinador, depois de antes já ter sido adjunto, em missão de serviço e de Sportinguismo, após o encerramento da secção em 1981/1982, e apenas dois anos depois, pegou, com Carlos Sousa como treinador adjunto e Edgar Vital a liderar a secção, na equipa sénior pela terceira divisão. Subiu em apenas dois anos ao escalão principal da modalidade. Mais tarde, voltaria a pegar na equipa no escalão secundário, de novo chamado para mais um momento delicado da modalidade. Voltaria a colocar a modalidade no seu lugar, o escalão máximo, e por lá permaneceria como treinador principal, aí com Álvaro Amiel como seu adjunto, até ao tão injusto encerramento  da secção, decorria o ano de 1995. 

Um exemplo de dedicação, a deste Prémio Stromp por duas vezes. Que também é um exemplo como Homem do Desporto.

Obrigado, Nélson Serra. 

A história não se apaga. E que história esta, na qual tive a felicidade de me cruzar.