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Uma vénia, Carlos Lopes!

Por Juvenal Carvalho
21 Nov, 2024

Vildemoinhos, distrito de Viseu. Foi nesta localidade, oriundo de raízes humildes, que nasceu, no dia 18 de Fevereiro de 1947, Carlos Alberto de Sousa Lopes.

Falo, obviamente, daquele que, na minha opinião é ainda, aos dias de hoje, a maior referência do desporto português, e um dos maiores atletas de sempre a nível mundial.

Com a particularidade, extensiva a tantas outras figuras gradas do nosso país, de ser uma lenda made in Sporting Clube de Portugal. 

E falar de Carlos Lopes é, confesso, falar de recordações inolvidáveis da minha infância. Que me provocaram lágrimas de alegria, misturadas com uma, inesquecível, de sabor amargo. Jamais esquecerei a sua medalha de prata em Montreal-1976, batido pelo finlandês Lasse Viren. Quando ele tudo fez para descolar daquele nórdico, como o fazia, qual força da natureza com quase todos, mas viria a ser batido ao sprint. Terá sido, quiçá, o primeiro momento mais emocionante da minha existência a nível desportivo. Na altura achava que aquele corpo franzino, mas que impunha uma cadência arrasadora para os adversários, era invencível. Fiquei triste, por não ter ainda a percepção de que obter uma medalha de prata era um grande feito, para mais num país pouco habituado então a grandes conquistas.

Após oito anos, chegaria o Los Angeles-1984. Depois de muitas vitórias individuais e colectivas de Leão rampante ao peito, tanto a nível nacional como internacional, sob a orientação técnica do "mestre" Mário Moniz Pereira, estava guardado aquele que seria o momento de todos os momentos. Passaram no tempo 40 anos. Isto voa, decididamente. Mas recordo como se fosse hoje – literalmente – a sua entrada, isolado no Estádio Olímpico de Los Angeles e passados poucos segundos levantou os braços em sinal de vitória. Estava consumado o primeiro ouro olímpico para Portugal. Estava escrita uma página dourada com o "selo" do campeão dos campeões, o Leão Carlos Lopes. Desta vitória recordo ainda, que como que por magia que o Kimba, um gato siamês que tive em criança, vendo a minha euforia desmedida, se colocou em frente ao pequeno televisor que tinha no quarto, como que contemplando e agradecendo aquele momento inolvidável. Jamais o esquecerei.

Carlos Lopes é uma pessoa humilde, tive a oportunidade de o constatar nas vezes que com ele me cruzei pelos corredores de Alvalade, onde tive o grato privilégio de o conhecer. Deu muito a este país. Deu muito ao Sporting CP.

Na passada semana, dia 12 de Novembro, no Pavilhão com o seu nome e quatro décadas depois do ouro olímpico em Los Angeles – nunca é tarde para se fazer justiça e reconhecimento a quem o merece, Carlos Lopes viu ser lançados dois livros sobre a sua carreira estratosférica: "Carlos Lopes – Lenda Nunca Antes Contada", do jornalista António Simões e "Carlos Lopes – Provas, Recordes e Medalhas" do também jornalista Rogério Azevedo, este com a particularidade de ter sido atleta do Sporting CP e seu companheiro de equipa. Ficará assim retratada para a eternidade em dois livros, uma História que nunca se apagará, feita de títulos olímpicos, mundiais e europeus. Como no lema do seu/nosso Clube. Repleta de Esforço, Dedicação, Devoção e Glória...tanta Glória!

Uma vénia, Campeão! Uma vénia, Carlos Lopes!

P.S 1 – Amanhã, ante o Amarante FC em jogo para a Taça de Portugal, inicia-se a caminhada de João Pereira ao leme do nosso futebol. Caminharemos juntos rumo ao sonho do "Bi". Força, João. Força, rapazes! 

P.S 2 – João Matos completou 750 jogos de Leão ao peito. Uma história de vida feita de SCP. Feita de títulos nacionais e internacionais em mais de duas décadas marcadas pelo sucesso. Uma lenda. Obrigado, Capitão.