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Português, Portugal

Emoção à flor da pele à chegada de Doha

Por Jornal Sporting
01 Nov, 2015

Quatro mundialistas ‘leoninos’ aterraram hoje no Aeroporto de Lisboa

Depois do suor derramado no Qatar, vieram as lágrimas em Portugal. A chegada ao Aeroporto de Lisboa de Luís Gonçalves, Gabriel Potra, Eduardo Sanca e Hugo Cavaco – os quatro ‘leões’ presentes nos Mundiais de atletismo do Comité Paralímpico Internacional (IPC) –, assim como da restante comitiva portuguesa, foi repleta de emoção, com a felicidade e o sentimento de missão cumprida dos atletas a aliarem-se à saudade sentida por aqueles que os acompanharam e torceram à distância durante as duas semanas que durou a estadia nacional em Doha.

“Sinto-me em êxtase. Depois de tanto tempo fora e de tudo o que passámos no Qatar, chegar aqui e ser recebido pelas pessoas que amamos e que nos amam é fantástico. É mesmo maravilhoso sentir todo este calor humano”, começou por dizer Luís Gonçalves, que aterrou em Lisboa com a presença nos Jogos Paralímpicos 2016 assegurada e com uma medalha de ouro conquistada em Doha, após sair vencedor da prova de 400 metros T12, com o tempo de 49,67 segundos. “Esta competição foi o culminar de um trabalho muito árduo durante todo o ano. Os objectivos foram cumpridos, apesar de ter ido para o Qatar sem grandes expectativas porque não gosto de as criar. A única coisa que prometo é que vou dar sempre o meu melhor e foi o que fiz. Estes dias foram fantásticos, toda a delegação esteve bem e estamos de parabéns por isso”, afirmou o ‘leão’, visivelmente satisfeito com a sua prestação.

E o que sente um português ao subir ao lugar mais alto do pódio e ouvir “A Portuguesa”? “Ouvir o hino nacional numa competição internacional é sempre fantástico. Nesta prova teve um sabor ainda mais especial porque foi a primeira vez que sentimos o apoio vindo das bancadas dos portugueses residentes no Qatar. Tentei aguentar as emoções, mas quando ouvi as pessoas nas bancadas a cantar o hino nacional não aguentei e desmanchei-me mesmo, porque é muito emocionante ouvirmos tantos portugueses a cantar o nosso hino com a euforia que se vivia no momento”, responde Luís Gonçalves, recordando o momento da consagração.

Mas não foi só em Doha que as emoções do ‘leão’ se fizeram sentir à flor da pele. À chegada a Lisboa, Luís Gonçalves tinha aqueles que mais ama à sua espera. E as saudades eram tantas… “Foram duas semanas num país completamente diferente do nosso, com uma cultura distinta e o stress emocional muito grande. Quando cheguei, a emoção veio ao de cima, pensei na medalha e senti um turbilhão de emoções cá dentro. Quando passei a porta só pensei em correr para os braços de quem estava à minha espera”, confessou o medalhado, completando: “A primeira pessoa que vi foi o meu pai. Abraçou-me, chorou comigo e a primeira coisa que me disse foi “está feito, estás de parabéns”. Fica a sensação de dever cumprido. Trouxe uma medalha, mas mesmo que não a trouxesse, com as condições e apoios que temos no nosso País, para quem faz isto de coração fica sempre a sensação de missão cumprida. Esforçamo-nos e trabalhamos diariamente, com mais ou menos apoios, e, como medalhado, digo que o que faço, faço-o do coração, com ou sem apoios”.

Esta vitória teve dedicatória especial aos pais, à namorada, ao treinador, à aldeia de Lagoa (de onde Luís Gonçalves é oriundo) e a todos os portugueses em geral. As próximas? Mais tarde se verá. “Como atleta do Sporting, prometo dar sempre o meu melhor. Não prometo medalhas, mas empenho e dedicação pelo Sporting, sempre”, concluiu.

Também Gabriel Potra, que garantiu os mínimos B para os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, concluindo as quatro eliminatória dos 100 metros T12 em 13.º e o salto em comprimento T12 em nono lugar, com a marca de 5.92 metros, promete dar o máximo de ‘leão’ ao peito. “É uma experiência nova, nunca tive o privilégio de ser apoiado pelo Sporting. A época vai traçar-se daqui para a frente e, até agora, tenho tido todo o apoio dos dirigentes e da massa do Clube. Estou entusiasmado e satisfeito e, a partir de agora, é fazer o meu trabalho o melhor que puder”, confessa.

O balanço final dos Mundiais em Doha é positivo, pese embora os poucos apoios prestados em Portugal quando comparado com os outros países participantes. “Sendo realista, o meu balanço é o reflexo da realidade do País. Temos muito pouco apoio se compararmos com as outras selecções, mas os meus resultados foram positivos, apesar de alguns azares na prova dos 100 metros. Ainda assim, fiz as minhas melhores marcas desde 2012 e espero que com este novo projecto do Sporting consiga estar melhor e mais bem preparado nos Jogos Paralímpicos do próximo ano”, considera Gabriel Potra.

Quem também garantiu os mínimos B para o Rio de Janeiro foi Hugo Cavaco. O ‘leão’ terminou a final dos 400 metros T13 em oitavo lugar, percorrendo a distância em 52,62 segundos, e era um atleta satisfeito com a sua prestação. “Foi muito positivo. Para ser sincero, não estava à espera dos resultados que tive. Consegui passar à final por muito pouco, mas dei sempre o meu melhor e fiz os mínimos B, consegui fazer a minha marca e estive perto do meu recorde pessoal, portanto estou de consciência tranquila”, confessa. O apoio à chegada não lhe foi indiferente: “É óptimo ter esta recepção. Sentir o amor dos portugueses é muito bom. Quando estamos fora, sentimo-nos distantes e é muito bom perceber que mesmo longe temos o vosso apoio”, confessa Hugo Cavaco, que promete trabalhar para chegar aos Jogos Paralímpicos. “A minha primeira época ao serviço do Sporting vai ser um desafio porque vou começar a experimentar áreas do atletismo que nunca experimentei. Preciso de o fazer para ter acesso aos Jogos, que é o meu grande objectivo e é para isso que vou trabalhar”, garante o ‘leão’.

Se para uns os Mundiais tiveram um balanço positivo pelos resultados alcançados, para outros, como Eduardo Sanca, a competição em Doha serviu para perceber o que correu mal e não repetir. “Faço um balanço negativo porque não aconteceu o que esperava. Cometi erros, tomei nota disso e penso ultrapassá-los já nos próximos dias. Nas próximas competições vou estar bem melhor. São provas de lançamento em que temos de arriscar; eu arrisquei e correu mal”, confessou o atleta ‘verde e branco’, que se mostra confiante numa melhoria de resultados com o apoio do Clube do coração: “O apoio do Sporting bem ajudar-nos bastante. Nunca tive um Clube como o Sporting a apoiar-me e tenho a certeza de que vai tudo correr muito bem está época. Não estava à espera que viesse alguém do Sporting ao Aeroporto, isso demonstra a grandeza do Clube. É sempre o primeiro em tudo, o meu Clube do coração e estou sem palavras para adjectivar o que está a acontecer neste momento, estou muito contente e confiante para o futuro”, concluiu Eduardo Sanca, visivelmente emocionado, tal como os restantes. Afinal, não era para menos: a estrondosa recepção de que foram alvo foi por eles merecida. E de que maneira.

Luís Gonçalves apurado para final e Jogos

Por Jornal Sporting
25 Out, 2015

Prova de 400 metros T12 no Campeonato do Mundo em Doha

Luís Gonçalves garantiu esta manhã o apuramento para a final da prova de 400 metros T12 do Campeonato do Mundo de Atletismo IPC, conseguindo o melhor tempo das séries e, em paralelo, o mínimo A para os Jogos Paralímpicos de 2016.

O atleta ‘leonino’ correu a segunda de três séries, terminando com o tempo de 50,19 à frente do mexicano Jesus Martinez Valles (50,94), do norte-americano Carlos McCormick (56,50) e do moçambicano Hilário Chavela (desqualificado).

De referir ainda que, nas outras séries, o azeri Elmir Jabrayilov venceu a primeira eliminatória com 50,82 e o chinês Qichao Sun ganhou a última ronda com 50,73.

Em relação aos restantes atletas ‘verde e brancos’ no Mundial IPC, de referir que também Gabriel Potra conseguiu o mínimo para os Jogos Paralímpicos na prova de salto em comprimento T12, que terminou na nona posição com 5,92. Kamil Aliyev (Azerbaijão) ganhou a medalha de ouro com 7,13, seguido de Mingyu Chen (China, 7,07) e Mohamad Ishak (Málsiia, 6,94). Antes, Potra já terminara as qualificações da prova de 100 metros T12 no terceiro lugar da primeira série com o tempo de 11,59 (atrás do chinês Mingyu Chen e do brasileiro Diogo Jerónimo da Silva).

Já Eduardo Sanca, que teve entrada directa na final no lançamento do peso F12, concluiu a prova no 18.º lugar com a marca de 10,91, conseguida após dois nulos iniciais. Roman Danyliuk, da Ucrânia, venceu a medalha de ouro com 16,64, bem à frente do iraniano Saman Pakbaz (15,19) e do espanhol Kim Lopez González (15,03).

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