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Encontrar os limites da parcialidade

Por Jornal Sporting
20 Abr, 2016

Sergio Olmedilla falou da inexistente imparcialidade no jornalismo desportivo

Sergio Fernández Olmedilla foi directo e claro em todas as suas intervenções. Numa área onde, simultaneamente, se alberga tantas opiniões e paixões, é impossível, mesmo para um jornal desportivo fundado em 1938, encontrar a utópica imparcialidade. O editor do jornal espanhol ‘Marca’ não apresentou quaisquer reticências antes de declarar a tendência pró-Real Madrid do periódico, mas também defendeu os limites aceitáveis que têm de marcar o trabalho daqueles que se pretendem destacar positivamente na profissão.

“Não creio que exista imprensa imparcial. Um jornal é um negócio que tem de definir o seu leitor tipo para vender e a liberdade está precisamente no leitor, pois é ele que escolhe o que lê, o que ouve, o que vê”, começou por dizer Olmedilla, à medida que ia apresentando várias capas do rival Sport, famosíssimo pelas notícias referentes ao Barcelona. Num dos exemplos, foi possível ler-se em letras garrafais as palavras “Provocador, Agressivo e Chulo”, sendo que as mesmas se fizeram acompanhar por uma fotografia de Cristiano Ronaldo. “Não duvido da razão encontrada por estes jornalistas para publicarem esta manchete, mas havia um milhão de formas de dar esta notícia. Será que isto não ultrapassa os tais limites da parcialidade?”, interrogou, num natural tom retórico, para de seguida exibir uma capa montada pela ‘Marca’ referente à 27.ª Taça do Rei conquistada pelos ‘catalães’, cujo título foi “Sua Majestade”, mencionando Lionel Messi. “O meu pai não me fala por causa desta capa”, brincou, sem se descentralizar do foco com que iniciou o discurso: “Temos de fazer jornais, todos os dias. Não há nada pior do que um grupo de jornalistas aborrecidos e, infelizmente, já vivemos numa época onde se disputam 'cliques'. Os conteúdos dos outros, mesmo que não tenham mais qualidade, podem ter mais visibilidade do que os teus e essa é a realidade da nossa sociedade”, sublinhou.

A busca insaciável de exclusivos e de novas informações está intrínseca a todos os jornalistas, embora não exista nenhum clube capaz de saciar diariamente cerca de três jornais desportivos, no caso de Portugal, e os diversos programas futebolísticos que passam na televisão - esta foi uma verdade exposta pelo Presidente de Bruno de Carvalho, que pediu a Sergio Fernández Olmedilla que se colocasse no seu papel e arranjasse soluções capazes de não aborrecer os jornalistas. “Não há nenhum clube que deixe passar todas as informações que possui e isso é compreensível. No entanto, penso que deveria existir uma maior abertura entre a comunicação social e os clubes porque, na verdade, deveríamos trabalhar em conjunto”, relembrou o editor espanhol, concluindo assim a sua intervenção.