A culpa não é do carteiro
26 Out, 2017
Editorial do Director do Jornal Sporting na edição n.º 3647
A última jornada da I Liga trouxe, uma vez mais, um conjunto de episódios que merecem a nossa atenção, pois as coincidências e os erros persistem… sempre a favor do mesmo beneficiário. Sejam agressões de extrema violência que passam incólumes, golos em fora-de-jogo, penáltis contra não assinalados ou, pelo contrário, marcados quando inexistentes. Estão, por certo, os caros leitores a identificar, sem mácula, de que equipa se trata mesmo que nós, por “problemas de comunicação”, não tenhamos referido qual.
Parece que assistimos, semana após semana, a uma homilia em que os padres ordenados cumprem religiosamente a cartilha, persistindo na salvaguarda do manto sagrado. Esta é acompanhada por uma máquina de propaganda ao estilo do ministro da informação Iraquiano, Muhammad Saeed al-Sahhaf, que, já na recta final da guerra do Golfo quando os americanos estavam às portas de Bagdad, fazia passar nas suas intervenções a imagem de um Saddam vitorioso.
Nesta linha, e perante as evidências em que o VAR contribuiu para um maior escrutínio, vêm agora os mesmos de sempre tentar descredibilizar a tecnologia utilizada pelo vídeo-árbitro, lançando uma vez mais as tradicionais cortinas de fumo para desviar as atenções, e para que exista um retrocesso neste domínio. A propósito, recordo aqui a letra da música “O Carteiro”, do conjunto António Mafra:
“Manhã cedo segue a marcha
sempre na mesma cadência
e lá vai de caixa em caixa
metendo a correspondência
para uns são alegrias
para outros tristezas são
o carteiro não tem culpa
é a sua profissão.”
Tal como o Carteiro, a tecnologia do VAR não tem culpa e cada vez mais se percebe o quanto ela é útil para a minimização de erros, para uma maior justiça e verdade desportiva.
Trata-se de facto de uma grande e importante inovação enquanto suporte do exigente e difícil trabalho das equipas de arbitragem. Parece por isso claro que o problema não está, nem pode estar, na tecnologia pois esta não tem vida própria. Trata-se, como bem se sabe, apenas de um instrumento de apoio, uma ferramenta disponibilizada para auxiliar o trabalho dos árbitros e sempre, mas sempre, dependente de quem a manuseia, de quem a observa…ou ignora!
Quanto a este último aspecto, parece que foi o que aconteceu no último jogo em Alvalade, fruto de uma teimosia cega em que, mais uma vez, se demonstrou que o problema não está na tecnologia utilizada pelo VAR mas sim de quem dela faz uso ou, no caso, não!
A greve é um direito inalienável de qualquer trabalhador, dentro do quadro legal num país democrático. Mas este é também um instrumento de luta que exige responsabilidade e um mínimo de bom senso. A eventual greve anunciada pela APAF, se é legítima do ponto de vista do direito, é no entanto destituída de tudo o resto.
Parabéns a todos os Cinquentenários que no passado sábado receberam o seu emblema de ouro e a réplica do respectivo cartão de Sócio no mesmo metal precioso. Foram mais de uma centena, desde o Sócio mais anónimo até ao que já foi medalhado com ouro nos Jogos Olímpicos, Carlos Lopes. Também o nosso Sócio número 1, João Salvador Marques fez questão de marcar presença, com as suas 97 primaveras, para colocar o emblema de ouro, pela quinta vez, a mais um dos seus filhos. Também Vítor Salgado, dirigente da secção de bilhar, colocou ao seu filho Rui Pedro o respectivo emblema, pelo que aqui evoco a letra dos Supporting: “Passar este amor esta paixão, de geração em geração, é a obrigação de todo e qualquer Leão".
A cerimónia presidida por Bruno de Carvalho, acompanhado por toda a sua Direcção, em que um dos membros da equipa recebeu também o emblema, Jorge Sanches, bem como por atletas de diferentes modalidades, foi intensa e cheia de emoção e significado. Um exército que, alinhado e a rumar todo para o mesmo lado, torna o Sporting Clube de Portugal mais forte e invencível.
Nota final para a iniciativa da Fundação Sporting em Alvalade, no Pavilhão João Rocha e nos Núcleos, que fez crescer a onda verde de solidariedade por todo o país recolhendo bens para as vítimas dos incêndios. Destaque também para o Mês Rosa e todas as acções de sensibilização para a prevenção do cancro da mama.
Boa leitura!