Recordações de uma vitória especial
Por sporting
20 Abr, 2013
20 Abr, 2013
Em 1985/86, Venâncio foi titular no triunfo por 2-1, que estragou a festa do título ao Benfica. Um jogo que, espera, sirva de inspiração para domingo.
Pedro Venâncio, antigo capitão do Sporting, representou o nosso Clube durante 11 anos. Chegou em 1981/82, para cumprir a última temporada como júnior e saiu em 1992, rumo ao Boavista, onde esteve duas épocas, terminando depois a carreira. Foi ainda treinador dos juvenis «leoninos» e adjunto da equipa principal, em 1998/99 e 1999/2000. Nesta última temporada, o Sporting sagrou-se campeão nacional, colocando ponto final num jejum de 17 anos. Em 1985/86, fez parte da equipa do Sporting que venceu por 2-1 na Luz e acabou por “roubar” o título ao Benfica, fazendo dupla com Morato no centro da defesa. Este último adiantou os «leões» no marcador, Manuel Fernandes ampliou o resultado e os «encarnados» reduziram por Manniche. “Lembro-me muito bem desse jogo. Chegámos ao Estádio da Luz num ambiente de festa antecipada, por isso depois deu-nos um certo gozo, não só por termos ganho, mas por termos visto todos aqueles benfiquistas saírem do estádio com uma enorme azia. Ficou na memória de todos os jogadores que participaram na partida e de todos os que assistiram ao vivo, num Estádio da Luz completamente cheio, com cerca de 120 mil pessoas”, recorda. “Quando chegámos ao antigo Estádio da Luz, deparámo-nos com os jogadores do Benfica, acompanhados dos familiares, num ambiente de descompressão. Quando o nosso autocarro chegou, eles estavam todos vestidos para a festa, na porta de entrada. Isso deu-nos mais vontade de estragar a festa antecipada que eles estavam a fazer e durante o jogo as coisas correram-nos bastante bem”, conta. A vitória «leonina» só surpreendeu quem não assistiu ao jogo. “Dominámos completamente. Chegámos ao 2-0 ainda na primeira parte. Primeiro, através do Morato, numa jogada de contra-ataque, aproveitando o facto do Benfica estar a fazer a linha de fora-de-jogo muito adiantado. Depois, marcou o Manuel Fernandes e eles só conseguiram reduzir no segundo tempo. Mas não passámos por qualquer sufoco nos últimos minutos e pelo que fizemos nos 90 minutos merecemos ganhar”, diz. Venâncio faz um paralelismo entre essa época de 1985/86 e a atual, tendo em vista o jogo do próximo domingo. “As circunstâncias são semelhantes e neste caso, até um empate pode ser considerado positivo, na luta pelas competições europeias. E se houver uma igualdade, o Benfica terá de ir ao Dragão muito pressionado, pois estará obrigado a pontuar para ser campeão”, sublinha. De acordo com o nosso antigo capitão, “a diferença de qualidade das duas equipas não justifica a enorme diferença de pontos que existe”. Ainda assim, reconhece que “o Benfica merece estar na frente, pois tem sido a equipa mais regular”. “Com esta nova direcção, as coisas estão a entrar no caminho certo, a equipa tem somado vitórias e esperemos que na Luz dê continuidade aos bons resultados e o Sporting volte a ser aquilo que era”, acrescenta. Venâncio acredita que é possível bater o Benfica. “A esperança de todos os sportinguistas é fazer um bom resultado. A nossa equipa tem qualidade, embora aqui e ali surjam os erros, principalmente devido à juventude de grande parte dos membros do plantel. Estes jogos grandes servem para dar mais maturidade, mais calo… Vai ser bom para estes jovens, tendo em vista o seu crescimento”, diz. O ex-defesa central participou ainda nos 7-1 ao Benfica, de 14 de Dezembro de 1986. “Cada vez que íamos à baliza marcávamos! Era o público a cantar ‘só mais um, só mais um’ e nós…pumba! Foi um daqueles jogos que acontece de 100 em 100 anos, hoje em dia quem vê o jogo na televisão percebe que os jogadores do Benfica estavam completamente arrasados, nem sequer se mexiam”, refere. Tiago Ilori tem-se afirmado como titular no eixo defensivo «leonino». Venâncio acredita nas suas potencialidades. “Tem cometido alguns erros, o que é natural, mas está cada vez melhor, trata-se de um jogador muito veloz, que recupera muito bem no terreno. No último jogo com o Moreirense envolveu-se muito bem no ataque e esteve em dois dos nossos golos. Isso denota que já sente outra confiança, é um jogador que sai a jogar. E se um central quiser jogar na equipa principal, tem de ser assim mesmo, faz-me confusão olhar para as principais equipas e ver jogadores que se limitam a ficar lá atrás”, constata. Venâncio tece ainda grandes elogios a Eric Dier. “Ele está a jogar a médio, mas na minha opinião até é melhor central. Vi-o muitas vezes a jogar na formação do Sporting, nos jogos com o Vitória de Setúbal, pois o meu filho Frederico tem a mesma idade que ele. Tem uma atitude competitiva fantástica, é viril, entrega-se ao jogo e está 90 minutos concentrado. Enfim, é a típica atitude inglesa…”, sublinha. Texto: André Cruz Martins Foto: César Santos