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O mal do Bayer que se tornou a dor de cabeça do Sporting

Por Jornal Sporting
25 Fev, 2016

'Leões' caem de cabeça erguida da Liga Europa após derrota em Leverkusen (3-1)

Assim como uma eliminatória deve ser analisada à luz dos dois jogos, e globalmente o Bayer Leverkusen superiorizou-se ao Sporting CP, também cada um dos encontros deve ser dissecado por aquilo que foi, em todas as suas características e inserido no contexto. Assim, e até aos 62 minutos da partida na Alemanha, os ‘leões’ tinham a passagem em aberto. Em alguns períodos, foram mesmo superiores ao adversário. Nesse minuto, Kiesseling, avançado dos germânicos, lesionou-se, teve de sair e Roger Schmidt, em vez de fazer troca por troca, optou por reforçar o ‘miolo’ do meio-campo, soltando na frente Mehmedi, Chicarito e, sobretudo, Bellarabi. Três minutos depois, o ‘carrasco’ de Alvalade marcaria o 2-1 que mataria as ambições ‘verde e brancas’.

O mal do Bayer acabou por ser o azar do Sporting CP, que partia para Leverkusen numa clara tentativa de desafiar a história. E conseguiu-o, até esse momento – a hipótese de ganhar pela primeira em solo alemão era real. No final, o 3-1 acaba por ser um resultado demasiado pesado para aquilo que se passou em campo, premiando o pragmatismo alemão e a ineficácia ‘leonina’ no último terço. Mas nem isso foi capaz de quebrar o conjunto ‘verde e branco’, que saiu de cabeça erguida da Alemanha e com o forte apoio dos cerca de três mil adeptos presentes na BayArena.

A partida começou a um ritmo frenético e com a bola a rondar ambas as balizas: logo aos dois minutos, Papadopoulos saltou mais alto do que a defensiva ‘leonina’, na sequência de uma bola parada batida por Çalhanoglu, e cabeceou para defesa de Rui Patrício, que se tornou o jogador do Sporting CP com mais jogos europeus (73); na jogada seguinte, após um cruzamento recuado de Bruno César, Carlos Mané rematou enrolado por cima. Estava dado o mote para uma primeira parte movimentada, com uma ligeira supremacia inicial dos alemães, beneficiando de alguns passes falhados pelo conjunto ‘verde e branco’ na fase de construção que permitiam saídas rápidas na frente. Ainda assim, só por uma vez o Bayer assustou, com Patrício a travar um remate de Wendell.

Com o passar dos minutos, e fruto da enorme inteligência e maturidade táctica de João Mário, o Sporting CP começou a crescer e a ‘mostrar-se’ em termos ofensivos, mostrando capacidade de ultrapassar a densa primeira linha de pressão germânica. Era uma espécie de cortina que, depois de superada, abria o espaço entre linhas para os criativos poderem desequilibrar, como aconteceu aos 26 minutos, quando Bruno César, em boa posição para fazer o cruzamento, arriscou o remate para defesa apertada de Leno. Os comandados de Jorge Jesus começavam a destapar-se, procuravam a melhor fórmula de criarem desequilíbrios nos últimos 20 metros, mas acabaram por ser surpreendidos à passagem da meia hora num desses momentos, com o conjunto alemão a aproveitar os espaços nas costas do sector recuado ‘leonino’ para, num ataque rápido simples, Bellarabi receber isolado um passe de Chicharito Hernández e inaugurar o marcador.

A perder por 1-0 no jogo e 2-0 na eliminatória, o Sporting CP deu uma demonstração de força colectiva, cultura táctica e coragem, desafiando o poderio germânico de uma forma pragmática e com resultados práticos: já depois de um lance onde Mané recebeu isolado na área mas acabou por não rematar (36’), os ‘leões’ chegaram mesmo ao empate aos 38 minutos, com João Pereira – outra grande exibição, em dia de aniversário – a descer bem pelo flanco direito, a cruzar atrasado para o remate de Mané defendido por Leno e, na recarga, João Mário a encostar para o 1-1 que relançava as contas da partida. O intervalo chegava com as equipas empatadas em remates, cantos... e no resultado.

O segundo tempo arrancou com uma mexida nos visitados (Mehmedi entrou para o corredor lateral em detrimento de Brandt) mas as mesmas características que apenas não mudaram porque, em três minutos, todos falharam: primeiro foram os ‘leões’, aos 57 minutos, com Carlos Mané a não conseguir de novo rematar à baliza em boa posição (João Mário viu depois a recarga evitada por Leno); depois foi o próprio árbitro, Ruddy Buquet, a não ver uma clara agressão de Wendell a Bruno César (59’).

O Sporting mostrava condições para conseguir virar a eliminatória, mas um mal do Bayer Leverkusen – a lesão de Kiessling – acabou por ser o azar dos ‘verde e brancos’: com a saída do avançado e a entrada de Ramalho, defesa adaptado a médio, os alemães foram tentando soltar as unidades mais criativas na frente com o desenho de um novo modelo em 4x3x3 que acabou por beneficiar o suspeito do costume: Bellarabi, que apontou o 2-1 aos 65 minutos com um fantástico remate de fora da área em arco sem hipóteses.

Jorge Jesus, que já tinha trocado Mané por Bryan Ruiz, arriscou as entradas de Slimani (por Teo Gutiérrez, 67’) e Gelson Martins (para o lugar de Bruno César, 78’) mas não mais a equipa ‘leonina’ conseguiria reerguer-se da ‘facada’ sofrida aos 65 minutos, quando estava por cima e sofreu o 2-1. Em paralelo, João Mário, a jogar à direita, apareceu menos e a própria dupla William-Aquilani deixou de evidenciar a mesma disponibilidade a nível de recuperações e construção – combater a intensidade de jogo dos visitados também deixa as suas marcas... Com tudo isto, seria ainda o Bayer Leverkusen a chegar ao terceiro golo aos 87 minutos por Çalhanoglu, no seguimento de um passe longo de Tah.