Maré negra e quebra-cabeças no banco com navio em mar calmo
31 Mar, 2017
O Arouca vive uma época distante da valorosa campanha que o levou à Liga Europa, mas tem uma segurança de 10 pontos para a permanência. As debilidades perante os grandes e a saída do técnico não são bons indícios.
Quando os arouquenses voltaram das férias de Agosto e viram a sua formação eliminar o Heracles na Liga Europa e garantir o embate (perdido depois) contra o Olympiakos, poucos projectariam a ansiedade que se viveria nas hostes do clube na Liga NOS. Na primeira volta, entre as jornadas três e dez só dois empates (Sp. Braga e Belenenses). Agora, quando a série se repete, contam-se seis derrotas consecutivas antes do encontro diante dos leões. Manuel Machado entrou após a vitória de despedida de Lito Vidigal (convidado pelo Maccabi Telavive) e nem um ponto somou, dando lugar a Jorge Leitão, treinador de juniores da equipa nortenha.
O ex-treinador do Nacional saiu do emblema com um score de 17 golos sofridos e três marcados, com cinco derrotas por mais de um golo (Marítimo, 3-1; FC Porto, 4-0; Sp. Braga, 3-1; Chaves, 2-0; Benfica, 3-0) e uma pela margem mínima (Belenenses 2-1). A situação era bem mais favorável há seis jogos. O Arouca era 10.º, a oito pontos do difícil apuramento europeu. Hoje, é 13.º, com 10 pontos sobre Tondela e Nacional. Uma época atípica e de expectativas goradas talvez, mas de permanência praticamente garantida… graças a Lito Vidigal.
Baliza escancarada
O Arouca tem sido dos mais penalizados pelo confronto com o ‘top-6’ da tabela. A saber, desaires copiosos diante do FC Porto (0-3 e 4-0), derrotas com Benfica (1-2 e 3-0) e Sporting (3-0). Frente ao Sp. Braga foi conquistado um ponto e, em casa, contra o Marítimo, deu-se a única vitória aos seis melhores da liga. O Vit. Guimarães também já derrotou o Arouca. Frente ao Sporting, o registo histórico é de nove derrotas em nove jogos. Em Alvalade, o adversário amarelo e azul rematou por uma vez à baliza de Rui Patrício, apenas conseguiu 31% de posse de bola e Dost obteve o segundo bis pelos verdes e brancos. A isto junta-se a série de 14 jogos a sofrer golos.
Bom miolo e dúvida na frente
Depois de uma chicotada psicológica é sempre imprevisível projectar os titulares e a ideia de jogo a aplicar. Rafael Bracalli é a grande baixa, estando lesionado até fim da época, e Bolat não apresenta a mesma solidez entre os postes. Jubal é o defesa mais sólido da formação, sendo bem adjuvado por uma dupla de médios-centro competente. André Santos (ex-Sporting) e Nuno Coelho têm uma alta percentagem de passes realizados e de acerto no mesmo (a rondar os 40 passes por jogo e sucesso perto dos 80%), mas se forem alvos de pressão alta sentem dificuldades na construção. Das alas vem a velocidade, com Kuka e Mateus a perigarem nas transições e com possíveis passes para golo. Na frente mora a principal dúvida: a opção pelo reforço Tomané ou por Walter González, melhor artilheiro. O paraguaio é mais participativo e enquadra-se em contra-golpe; o luso mais talhado para finalizar dentro da área. O Sporting vive fase tranquila, com tranquilidade e qualidade de jogo. Objectivos a manter.
O dianteiro do Arouca é dos jovens com maior margem de progressão do Campeonato Nacional e, mesmo tendo perdido alguma preponderância, é o melhor marcador da equipa (cinco golos). Destaca-se pela participação nos principais lances de perigo dos nortenhos, até pela mobilidade que consegue apresentar nas transições rápidas, e tem já quatro assistências para golo.
Nunca é fácil avaliar o que um treinador pode fazer em menos de uma semana, ainda para mais um técnico com provas dadas.... nos juniores. Recebeu o comando após série de seis derrotas consecutivas e terá muito a ganhar e pouco a perder nesta experiência. Frente ao Sporting, não são expectáveis muitas mudanças no onze base.