À procura de respostas para uma baixa de peso
15 Mar, 2018
Uma equipa é mais do que a soma das individualidades, mas há jogadores que podem transportá-la para outro patamar. Sem Rúben Ribeiro, agora leão, este Rio Ave parece outro - mesmo que as ideias continuem lá
Avaliando pelos resultados, o quinto lugar actual é sinónimo da melhor classificação de sempre do clube. Avaliando pelo futebol jogado, a equipa do Rio Ave continua a ser uma das que apresenta uma proposta mais ambiciosa, tentando valorizar as individualidades e o colectivo. Pondo estes argumentos na balança, o ano de estreia de Miguel Cardoso na primeira liga tem de ser considerado positivo. Mesmo com uma quebra exibicional nesta segunda metade, o conjunto vilacondense mantém-se num lugar privilegiado na tabela classificativa, podendo garantir o acesso às competições europeias. O suposto risco na escolha do novo treinador - pela falta de experiência, apenas - rapidamente desapareceu e as dúvidas tornaram-se certezas.
Assumindo a vontade de ser dominador contra qualquer oponente, o emblema rioavista destacou-se prematuramente pela capacidade de ter a bola em seu poder e pela paciência na procura do golo: começando desde a própria baliza (surpreendente o salto qualitativo de Cássio) e progredindo de forma apoiada até encontrar desequilíbrios para explorar. Tendo elevadas percentagens de posse, jogava muito tempo em ataque continuado e, simultaneamente, retirava hipóteses ao adversário. Também contra o Sporting conseguiu equilibrar, mas a cabeça de Bas Dost valeu três pontos aos leões.
Antes e depois de RR
Não há como negar as consequências da mudança de Rúben Ribeiro para o Sporting. Estamos a falar de um dos nomes próprios da primeira metade do campeonato, com uma influência tremenda nos vilacondenses - pelo que jogava e pela forma como melhorava os colegas. A parceria com Francisco Geraldes reunia na mesma zona do terreno dois jogadores criativos e resistentes à pressão, características indispensáveis no modelo de jogo do Rio Ave. Quando os dois médios ofensivos se associavam, o futebol da equipa ganhava um perfume distinto. Nos últimos encontros, a turma de Miguel Cardoso não tem sido capaz de exibir os atributos que a levaram a uma posição de destaque, sendo mais facilmente anulada pelos adversários.
A previsibilidade no ataque atingiu níveis preocupantes - dois golos marcados nos últimos quatro jogos e poucas oportunidades criadas - e o técnico rioavista terá de encontrar soluções para contornar o problema. João Novais, que assumiu em definitivo a titularidade com a temporada a decorrer, é mais finalizador do que criador; acrescenta no primeiro capítulo, mas não contribui especialmente no segundo.
De resto, com Geraldes fora do encontro de Alvalade, crescerão as responsabilidades em cima do colombiano Barreto. Frente ao Sporting, o Rio Ave quererá mostrar uma melhor versão do que aquela que se apresentou no Dragão e na Luz. Para que isso aconteça precisará de ter a bola e, se possível, tê-la longe da sua baliza, evitando que a sua linha defensiva seja constantemente exposta.
O Treinador - Miguel Cardoso
Depois de uma primeira volta em que o seu Rio Ave mostrou uma identidade marcante, esta é a fase da temporada em que se notam maiores dificuldades para impor as suas ideias. Ainda assim, não abdica daquilo que julga aproximar a equipa do sucesso
A figura - João Novais
Com a saída de Rúben Ribeiro e a ausência de Francisco Geraldes, o médio é o principal protagonista ofensivo da equipa. Não começou a época como titular, mas o rendimento que ofereceu a partir do banco foi decisivo. Tem remate fácil e é um exímio marcador de livres