Ruben Amorim: "Este é um dos momentos mais marcantes"
10 Nov, 2024
Treinador reagiu à vitória no seu último jogo no Sporting CP
Depois do apito final na vitória por 2-4 em casa do SC Braga, Ruben Amorim, treinador dos Leões, esteve em conferência de imprensa para fazer o rescaldo do seu último encontro no comando do Sporting CP.
“É difícil resumir. Foi uma aventura incrível. Vivi um contexto muito difícil quando chegamos, mas muito especial. É muito difícil recriar aquilo que tivemos aqui. O que posso dizer aos Sportinguistas é ‘obrigado’. Fiz o que pude, cometi alguns erros e teimosias, mas sempre a pensar na equipa. Esteve sempre em primeiro lugar e, tirando o erro no fim da época passada, esta foi a vez em que pensei em mim mais do que na equipa, senão não poderia fazer isto”, começou por dizer, directamente para os adeptos.
“Obrigado, desculpem esta decisão a meio, mas senti que esta era a minha hora”, acrescentou, apontando também ao que se segue para a equipa verde e branca: “Há que continuar, na próxima jornada podemos bater o recorde do melhor arranque de sempre e, por isso, há muito a fazer”.
Já sobre o jogo na Pedreira, Amorim realçou a “esperteza do SC Braga a saber onde tapar e sair para o contra-ataque”, mas considerou que a sua equipa “podia ter evitado os dois golos sofridos”. Globalmente, o técnico considerou que os Leões foram “uns justos vencedores”, sobretudo pela resposta dada na segunda parte.
“Há coisas que não se explicam. Pareceu que, na segunda parte, entraram em campo o Vitorino [Antunes], o [Luís] Neto, o [Sebastián] Coates, o João Pereira, o Matheus Nunes… Foi especial e muito mais importante do que na terça-feira [4-1 ao Manchester City FC]. Toda a gente que passou aqui nestes últimos anos entrou em campo e não havia maneira de perder este jogo. Já fui campeão pelo clube do meu coração, mas este momento foi inacreditável. O terceiro e o quarto golos tiveram um significado muito especial para mim”, enalteceu, reforçando que a sua despedida “tinha de ser assim”.
“Isto dava um filme, correu tudo bem. Vou muito feliz”, reforçou Ruben Amorim, que ao longo da conferência de imprensa foi também muito saudado pelos jornalistas devido à sua postura e relação com a comunicação social ao longo dos últimos anos.
Ainda sobre o encontro, o treinador Leonino não escondeu que o sentiu “muito difícil”, mas frisou também a sua crença. “Sentia que se marcássemos um golo, a nossa equipa estava mais fresca e podíamos conseguir a reviravolta. A diferença entre jogos teve influência. Até esse golo estávamos muito estagnados, com falta de emoção, velocidade e até de paixão. Foram duas semanas complicadas”, detalhou Amorim, antes de destacar os golos decisivos de Morten Hjulmand e Conrad Harder.
“Um grande golo de um grande jogador e capitão, e que chegou há um ano ao Sporting CP. Ao intervalo ouvi-o a gritar no balneário. E depois o Conrad, que por ser nórdico e por querer as coisas à maneira dele, fica frustrado quando joga, marca e a seguir vai para o banco. Nos momentos em que foi preciso ele esteve lá e vai aprender a lidar com isso, porque tem um fenómeno à frente dele. Vai muito longe”, apontou.
Neste momento de despedida, questionado sobre os principais momentos vividos de Leão ao peito, Amorim lembrou “as festas [de campeão] todas”, mas realçou que esta reviravolta para a vitória em Braga tornou-se “um dos momentos mais marcantes, senão o mais”, traçou.
“Era a despedida, mas pela forma como foi. Foi como contar a nossa história em 90 minutos e acabou por correr bem”, resumiu o técnico.
Relativamente ao futuro dos Leões, que terão um novo treinador no comando, Ruben Amorim reforçou a sua confiança no rumo actual do Sporting CP.
“Tenho confiança, porque acredito muito nos jogadores e no novo treinador. Disse aos jogadores que há coisas que vão ser diferentes, mas a pessoa que vai estar no meu lugar tem a mesma essência. Isto estava a ser planeado, mas teve de ser mais cedo”, atentou, continuando: “Isto encaixa bem, é preciso ter muita sorte - e nem toda a gente tem a que eu tenho -, os jogadores têm de continuar a ser humildes e vão ter de se agarrar uns aos outros e puxar certos jogadores para cima. Fizemos questão também de partilhar informação com toda a gente”, disse.
Apesar da mudança, estão reunidas as condições “para encaixar bem e levar a equipa até ao Marquês”, considerou o treinador, concluindo: “Vou torcer pelo grupo de trabalho e este clube está bem orientado”.