Sonho europeu adiado
23 Abr, 2018
Leões deixaram a pele em campo, mas não conseguiram derrotar o Inter Movistar na final da UEFA Futsal Cup
Charlie Chaplin, que dispensa apresentações, disse um dia que "a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios". Pelo meio do seu célebre pensamento, incentivou cada um a viver de forma intensa cada momento, "antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Foi este, no fundo, o sentimento de quem viveu este domingo a final da UEFA Futsal Cup, que terminou com a vitória do Inter Movistar frente ao Sporting CP (5-2), no pavilhão Príncipe Filipe, em Saragoça. Até porque a cortina se fechou mesmo sem os tão desejados (e merecidos) aplausos.
Sim, a vida é injusta. Já sabíamos. Sim, a bola é redonda, não há como contrariar a afirmação. Mas ninguém pode negar que a campanha verde e branca na prova de futsal mais importante de clubes acabou por ser inglória. Falamos de uma formação, liderada pelo míster Nuno Dias, que depois de uma fase inicial (Main Round e Elite Round) exemplar, assim como tantas outras anteriormente, voltou a cair aos pés do conjunto espanhol (já vão no quinto título) pelo segundo ano consecutivo.
Apesar de todas as lágrimas naturais de uma conquista perdida, quando o esperado eram sorrisos, podemos garantir-lhe, caro leitor, que sim, o Sporting CP caiu, mas caiu de pé! Até porque tendo em conta o Esforço, Dedicação e Devoção destes jogadores e respectiva equipa técnica, não temos dúvidas de que o sonho europeu ficou adiado para um novo formato a começar já na próxima temporada.
Balde de água fria num sonho antigo
André Sousa. Pedro Cary. João Matos. Merlim. Dieguinho. Estes foram os cinco leões que deram o pontapé de saída na final da UEFA Futsal Cup. Merlim fez o primeiro disparo, ainda com 40 segundos de jogo decorridos, mas o remate saiu fraco. Seguiu-se a vez do Inter, com André Sousa a ter de sujar os calções pela primeira vez. Defesa atenta, mas segura do internacional português.
Dois minutos de jogo, a primeira contrariedade: cartão amarelo para Merlim, que depois de ter perdido a bola, numa altura em que era o último homem, foi obrigado a parar Gadeia em falta. Elisandro cobrou o livre, com a bola a sair perto do poste direito da baliza verde e branca. No banco de suplentes, o míster Nuno Dias respirou de alívio, mas por pouco tempo. É que Elisandro voltou à carga, num lance individual, em que passou por João Matos e André Sousa, mas a bola perdeu-se pela linha de fundo.
A resposta não tardou. Merlim lançou longo e uma bicicleta de Dieguinho (belo gesto técnico, depois de ter parado o esférico com o peito) obrigou Jesús Herrero a uma grande tirada. A falta de sorte não ficou por aqui, já que uma desatenção leonina permitiu a Gadeia inaugurar o marcador aos 3'. O Inter manteve-se à carga e Ricardinho levou a bola a embater com estrondo na barra, após um remate de meia distância, em zona frontal. Dieguinho tentou chutar para conto o rumo dos acontecimentos, mas sem a melhor pontaria (4').
O jogo prosseguiu com os espanhóis a manterem a toada e os leões a responderem a espaços. Até que a sorte sorriu: Merlim trabalhou na esquerda, levantou a cabeça e assistiu Cavinato ao segundo poste da baliza, que só teve de encostar para o empate (8'). Uma igualdade que André Sousa defendeu com o peito, após um canto estudado do Inter (9'). Não chegou, já que Ricardinho colocou o marcador em 2-1 com um potente remate do meio da quadra poucos tempo depois.
Dieguinho voltou a ter mais um 'crédito' aos 12', mas acertou no poste. Pany também viu uma bola sua ser cortada na linha de golo. Como quem não marca sofre, já dizia o ditado, Elisandro encheu o pé para o terceiro dos espanhóis - André Sousa nada podia fazer. O Sporting reagiu e até podia ter uma oportunidade para reduzir a desvantagem aos 17', mas o árbitro da partida não viu (ou não quis) assinar uma grande penalidade clara sobre Dieguinho, derrubado em falta dentro da área contrária.
Ao intervalo, a vantagem de dois golos premiava a eficácia do Inter, perante a falta de acerto do Sporting CP, que sofreu um novo golpe logo a começar o segundo tempo (23'). Merlim escorregou e Rafael aproveitou para aumentar a contagem (4-1). Pany Varela e Dieguinho tiveram duas oportunidades para reduzir a diferença, mas o guardião Jesús Herrero acabou sempre por ficar a sorrir no fim. Diogo, um dos mais inconformados, não mandou a toalha ao chão e, já depois de ter deixado Ricardinho pregado ao chão, atirou cheio de intenção, com a bola a ser desviada por um 'molho' de pernas adversárias.
Em sentido contrário, Marcão ia negando, como podia, as intenções dos espanhóis. Até que Diogo fez renascer a esperança aos 37', com um remate potente em zona frontal. Numa altura em que o 5x4 verde e branco encostava o Inter às cordas, Dieguinho teve nos pés o 4-3, mas falhou o alvo, assim como Divanei momentos antes.
Um soco no estômago que ainda teve direito a um balde de água fria: a poucos segundos do fim, Pola apontou o quinto da partida, selando o resultado final em 5-2. Para a história, fica ainda a medalha de segundo lugar... com sabor amargo!