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Foto Ivo Martins

Diário de Palma de Maiorca - Dia 2

Por Sporting CP
03 maio, 2023

Bola a rolar, primeiros treinos e o palco da final four

Em cima das 8h00, o silêncio era quase imperturbável e não havia vivalma no hotel, a não ser os elementos da comitiva verde e branca que se encaminhavam para o pequeno-almoço. Embora a isso convide o sol que já se faz sentir, com dois treinos à porta fechada marcados para hoje, o primeiro dia completo em Palma não é de férias. Curiosamente, o mesmo é aplicável ao maiorquino Rafael Nadal - um dos melhores tenistas de sempre - que também está por cá, mas não para férias. O espanhol está a recuperar de lesão e já treina na sua Academia, em Manacor - na costa oposta da ilha, a Este de Palma -, segundo acabo de ler no jornal Diario de Mallorca.

Por cá, toca-a-andar também para dar início à acção dentro das quadras e a um dia longo. O primeiro treino do Sporting CP em solo espanhol foi na casa do AE Palma Futsal: o Palau Municipal d'Esports Son Moix (capacidade para cerca de 3800 pessoas sentadas), que partilha o nome com o estádio de futebol do RCD Mallorca, que está bem aqui ao lado do pavilhão.

Para aqui chegar, no entanto, o trajecto durou meia-hora ou, melhor, cerca de uma dezena de músicas escolhidas a dedo pelos jogadores – uma unidade de tempo igualmente fiável e que promete marcar estes dias. No autocarro, a música amplificada pela coluna era cantada a plenos pulmões pelos mais desinibidos, havia palmas a compasso e, no meio de tudo isto, fazia-se a harmonia possível. Sempre em português, mas a diferentes ritmos e sotaques, passava-se de um estilo musical para outro como quem troca uns passes rápidos na quadra.

Chegados ao recinto, tempo então para os artistas trocarem a música pela bola estrelada que todos desejam e aí o grupo Leonino brilha com outra intensidade. Intensidade essa que não faltou, sobretudo, nos jogos reduzidos que se seguiram a um início de treino mais descontraído – fase em que Carlos Alves, técnico de equipamentos, é um alvo constante das brincadeiras.

Concluída a primeira sessão, no regresso ao hotel, onde já está também a comitiva do RSC Anderlecht, deu-se um reencontro especial entre a equipa técnica Leonina e Diogo, ala brasileiro que jogou – e marcou muito - de Leão ao peito entre 2014 e 2018. À porta dos elevadores, o adjunto Paulo Luís pediu-lhe que, na sexta-feira, a cada vez que receba a bola "só tem de passar a bola para o lado", disse, entre risos. Melhor do que ninguém, os técnicos Leoninos sabem bem do que é capaz o esquerdino.

Já ao almoço, para lá da comida sempre variada disponível, repete-se um elemento no menu: Jenga, e o entusiasmo é crescente. E aqui, não há magia que valha, os magos também perdem - Merlim que o diga. “Difícil”, diz Sokolov, enrascado, perante o quebra-cabeças, mas com frieza lá consegue retirar uma peça; Guitta também, mostrando a utilidade do seu jogo de mãos; já tomando o seu tempo, Pauleta é paciente e metódico em cada jogada; de repente até Nuno Dias começa a mostrar interesse. “Podes tirar peças de onde?”, questionou, primeiro, até ficar rendido minutos depois: "É um jogo giro". Se acham que esta equipa dá espectáculo a jogar futsal, deviam vê-los no Jenga - espreitem as redes sociais das modalidades do Sporting CP, vai valer a pena.

Brinca-se quando é para brincar, mas acima de tudo trabalha-se quando o momento o exige: com o sol bem lá em cima, à tarde, é hora de mais um treino, desta vez para conhecer os quatro cantos do palco da final four: Velòdrom Iles Balears, também conhecido por Palma Arena. A acompanhar a comitiva verde e branca, na vertente logística, está o oficial de ligação Rubén García, que considera melhor adiantar a hora de partida devido ao trânsito: dito-e-feito, e com razão. Não é de somenos ter em conta que Palma seja a oitava cidade mais povoada de Espanha (415.940 habitantes), agora certamente ainda mais, neste início de Maio, com o turismo também já a ‘engordar’ a estatística.

A fome de bola é tanta que os jogadores do Sporting CP não esperam ao término do treino do RSC Anderlecht para voltar a tocar na bola e vão recreando-se com ela, de forma improvisada, num dos corredores. E por aqui, na arena que vai acolher todas as decisões, já ‘cheira’ a UEFA Futsal Champions League. A decoração alusiva à prova está um pouco por todo o lado e afinam-se os últimos detalhes logísticos numa arena que tem muito de particular. Em 2007, o Velòdrom Iles Balears foi construído, principalmente, para acolher o Mundial de ciclismo de pista desse ano, daí a sua natureza ampla e, sobretudo, a extensa pista oval em madeira que vai rodear a quadra.

Já acolheu, no mesmo ano da inauguração, o Eurobasket e é espaço habitual também de exposições e concertos. Agora, reconfigurada para esta final four, aponta-se que possa albergar um número de espectadores a rondar os cinco mil – e os jogos já estão quase, quase, aí.

Antes disso, porém, amanhã há mais por aqui: haverá conferência de imprensa conjunta de antevisão à meia-final entre Sporting CP e RSC Anderlecht e mais um treino no palco onde a ambição etérea se pode transformar em realidade palpável; e haverá também mais um diário neste espaço – deste fica apenas mais um parágrafo.

Tal dia como hoje, 3 de Maio, mas de 2021, os Leões do futsal conquistaram a sua última UEFA Futsal Champions League – a segunda da História do Clube. E agora, dois anos volvidos, voltam a estar na fase final. “Já conhecemos esse sabor e vamos em busca de o conseguir outra vez", apontou o guarda-redes Guitta à margem do primeiro treino de hoje. Pode o futuro ser como dantes?

Por Xavier Costa, em Palma de Maiorca.