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Como deixar a sexta lança na Catalunha?

Por Jornal Sporting
16 Out, 2015

Antevisão de Tuco e João Valente dos Santos ao jogo em Barcelona

Uma semana depois, tudo se vai multiplicar. Por um lado, os 700 e tal lugares do Livramento vão dar lugar às 7.000 e tal cadeiras do Palau Blaugrana; por outro, a ambição ‘leonina’, que já era muita, é hoje maior. E sempre a crescer. A primeira mão da Taça Continental provou que a equipa de hóquei em patins trata o impossível por tu, olhos nos olhos, e desafia o inantigível com uma qualidade colectiva que consegue abafar o brilhantismo individual de alguns dos melhores jogadores do Mundo. Falta agora o capítulo final de mais um pedaço de história que vai ainda a meio: como conseguirão os comandados de Nuno Lopes colocar a sexta lança na Catalunha, depois dos triunfos alcançados pelo Sporting nessa região com Vilanova (6-3, 1977), Voltregá (6-3, 1984), Noia (4-1, 1984), Igualada (3-2, 2015) e Reus (4-3 nas grandes penalidades, 2015)?

“Os primeiros minutos de jogo serão muito importantes para percebermos como irão decorrer as coisas”, salienta Tuco, experiente defesa que reforçou a equipa na presente temporada e que conta no currículo com todos os títulos internacionais do hóquei em patins (uma Liga Europeia, uma Taça CERS, duas Taças Continentais e uma Taça Intercontinental). O argentino, de 35 anos, foi uma peça determinante no triunfo com os ‘blaugrana’ na primeira mão, apontando o segundo golo ‘verde e branco’ a três minutos do fim e carimbando não só uma vantagem de dois golos para a segunda partida como a maior vitória frente ao Barça (na outra, os ‘leões’ tinham ganho por... 1-0).

“Um dos segredos mais importantes deste Sporting é a força colectiva da nossa equipa. Temos um balneário muito bom e isso é bastante importante para alcançar o sucesso. Em termos de jogo, conseguimos defender muito bem o Barcelona, que é uma das melhores formações do Mundo, e saímos bem em transições e contra-ataques, tendo também boa capacidade nos tempos de ataque organizado”, comenta ainda a propósito da primeira mão, aproveitando a deixa para fazer o lançamento do segundo jogo. “Se conseguirmos manter estas características e se o resultado continuar em 0-0 durante algum tempo ou se conseguirmos marcar primeiro, o adversário vai ter de mudar a postura e devemos aproveitar esse facto para jogarmos como gostamos, de forma organizada na defesa e sempre a ver a possibilidade de sair rápido para o ataque tentando encontrar situações de superioridade numérica. Temos de ser fiéis ao nosso jogo e à nossa maneira de estar e manter sempre a calma e a concentração para conseguirmos ganhar outra Taça”, refere.

“Se o Barcelona tivesse ganho no Livramento, teríamos uma tarefa mais complicada, porque são fortes na gestão do resultado. Assim, a perder por dois golos, são obrigados a vir atrás da reviravolta, com tudo o que de bom e mau isso possa ter. Acredito que essa questão pode funcionar a nosso favor porque encaixamos bem contra equipas que se apresentam dessa forma mais ofensiva. Estamos preparados para o jogo e para sair de Barcelona com a vitória”, completa Tuco.

Segurar uma vantagem em Espanha após uma primeira mão em Lisboa não é fácil e trouxe quase tantas alegrias (quatro) como dissabores (três). Mas é num dos recintos mais consagrados do desporto espanhol, que já recebeu inúmeras fases finais de provas europeias das mais diversas modalidades – incluindo a final de hóquei em patins dos Jogos Olímpicos de 1992, que a Argentina venceu frente à Espanha –, que o Sporting vai lutar para garantir o único troféu europeu ainda em falta no seu currículo, após três finais perdidas. O encontro do Livramento provou que é possível. Porque é este o Sporting que se quer: a desafiar os seus limites, a bater o pé aos melhores e a mostrar que pode ganhar títulos.

Também João Valente dos Santos, membro da estrutura técnica do Clube, terá no sábado um dia especial, regressando a uma casa que conhece bem. “Dentro de um programa europeu que previa a inclusão de um estagiário no treino desportivo na condição de observador da equipa e dos trabalhos, estive lá a fazer um estágio profissional em 2006/07 com o Quim Paüls, actual seleccionador de Espanha. Foi bom porque acabei por ganhar lá também o meu espaço de intervenção e fiquei com ligações às pessoas. Percebi que o Barcelona conseguiu criar uma cultura desportiva que não é equiparável a ninguém, valorizando os activos, os seus jogadores, e a estrutura directiva altamente profissionalizada. É um clube com muitos recursos, com grande organização e com uma dinâmica um pouco à semelhança do que estamos a implementar no Sporting”, salienta o licenciado em Ciências do Desporto e Educação física, mestre em Treino Desportivo para Crianças e Jovens e em Gestão da Formação e Administração, e doutorado em Ciências do Desporto – Treino Desportivo, que fala também do ambiente que os ‘leões’ irão encontrar no Palau Blaugrana.

“Por norma, durante a temporada regular, os jogos não têm muitos adeptos. Neste caso, e tratando-se de uma final, reorganizaram-se para fazerem o jogo antes do futebol, por forma a atraírem mais gente. Mas não é um ambiente hostil mas sim de apoio, bom para qualquer jogador colocar em prática o que sabe de forma tranquila e motivadora”, comenta, acrescentando: “O Barcelona não está muitas vezes nesta situação. Têm um ‘defeito’, se o podemos dizer: a motivação. Ou seja, como têm grande qualidade, acham que conseguem sempre dar a volta porque surge sempre uma individualidade. No entanto, o Sporting tem argumentos suficientes para vencer a Taça. Não é normal o adversário ter terminado um jogo sem marcar e provavelmente não volta a acontecer mas isso mostra a dinâmica do nosso grupo, o bloco unido que é e a força que tem nas transições”.