Miguel Maia: "Vamos fazer ainda melhor este ano"
27 Jul, 2020
Capitão da equipa de voleibol renova contrato com os Leões
Miguel Maia vai continuar a vestir de verde e branco na próxima temporada. O capitão da equipa de voleibol do Sporting CP renovou contrato com o Clube de Alvalade e, em entrevista concedida à Sporting TV, mostrou-se feliz por continuar numa casa que conhece bem.
Renovação de contrato aos 49 anos
“Renovei contrato com o Sporting CP, era aquilo que queria e o Clube também. A pandemia acabou por atrasar tudo um pouco mas estou aqui como se fosse a primeira vez, em 1991, quando vim para o Sporting CP através do SC Espinho: com o mesmo ânimo, a mesma entrega e a mesma vontade”.
Expectativas para a próxima temporada
“As expectativas são sempre altas. Para mim, que já estou aqui há muitos anos, é sempre igual, como se fosse a primeira vez. Os que chegam agora com certeza também pensarão da mesma forma, é um Clube grande com expecactivas muito elevadas. O Sporting CP está habituado a ganhar, tem uma massa adepta muito presente e que gosta de estar perto das modalidades. Temos de dar tudo e prepararmo-nos para fazer uma grande época porque é isso que a história do Clube exige a quem aqui chega. Como jogador mais velho do plantel, transmitirei tudo o que é ser Sporting CP e estar numa equipa que precisa de vencer títulos, puxar pelos adeptos e sentir-se honrada por eles no dia-a-dia e no fim-de-semana”.
Transmissão de valores aos mais novos
“Sinto que tenho essa responsabilidade, tanto por ser Sportinguista como por ser capitão de equipa. É muito importante saber resolver situações que não sejam boas para o seio do grupo, tentar transportar a equipa para patamares superiores e jogar sempre no limite para podermos atingir o êxito. É isso que vou transmitir aos meus colegas. Além disso, tenho a sorte de ser Sportinguista e de seguir o Clube desde que nasci. Não é apenas o futebol, são 54 modalidades em que todos os anos temos muitas vitórias e é com esse pensamento que temos de viver aqui dentro. Todos têm de ganhar alguma coisa porque o Sporting CP vive de títulos. É uma responsabilidade e as pessoas têm de perceber que jogar aqui não é apenas aparecer mais na comunicação social ou vestir uma camisola mais bonita do que as outras. Não é só estar em contacto com os maravilhosos adeptos que temos, é preciso lutar, ter êxito, ganhar e conquistar taças”.
Época 2020/2021: recuperar o tempo perdido ou novo começo?
“Temos de encerrar tudo o que aconteceu na época passada. Estávamos em três frentes, a fazer uma época brilhante e com possibilidade de conquistar troféus. Isso acabou devido à pandemia, os jogadores foram embora e neste momento tempos apenas cinco jogadores que continuam da temporada passada. Precisamos de reformular o grupo, perceber até onde é que a equipa pode ir e começar tudo de novo. O importante é integrar quem chega, continuar o bom trabalho que estávamos a fazer na época passada e, a partir daí, traçar os objectivos: ganhar todas as competições em que estamos inseridos”.
Importância da pré-época antes da Supertaça
“Precisamos de treinar, mas também precisamos de jogar muito para testar a equipa e ver quais as dificuldades que ela tem para entrarmos logo numa competição difícil como a Supertaça. É um troféu e, portanto, queremos ganhar. Espero que consigamos fazer alguns jogos de treino antes dessa prova para que a equipa se possa apresentar na sua melhor forma. Claro que no início da época as equipas não estão na sua plenitude, mas vamos tentar aproximar-nos do nosso máximo para podemos podermos lutar pelo título”.
Os tempos de confinamento
“Foi bastante difícil a todos os níveis. O atleta quer treinar e jogar e não pode. O cidadão comum que gosta de desporto quer ver jogos ao vivo, seja de que modalidade for. Falo por mim porque gosto de vir aqui ao Pavilhão João Rocha ver qualquer modalidade, a jogar e a ganhar, e de um momento para o outro somos impedidos de fazer aquilo que mais gostamos. Tivemos de nos adaptar e não tive a possibilidade de voltar a tocar na bola, treinar e jogar com os meus colegas. Reinventei os treinos, fiz trabalho físico em casa e comecei a correr. Fiz 57 corridas e isso abstraiu-me de tudo o que se estava a passar naquela altura”.
Capacidade física actual
“Neste momento estou bem preparado para começar a treinar, talvez por ter tido essa preocupação de não ficar muito tempo parado. Até porque quanto mais velho um atleta fica, mais tem de treinar e menos pode parar. Pode não ter uma carga tão excessiva, mas tem de estar sempre em actividade, e foi isso que procurei fazer nestes quatro meses para apresentar-me aqui da melhor forma e não sentir tanto as dificuldades da pré-época”.
O primeiro ano de Gersinho à frente da equipa
“(…) Mudámos para um projecto de treino mais virado para aquilo que se faz no Brasil: trabalho mais técnico, com mais repetição e com muita presença dentro de campo. Ou seja, uma forma completamente diferente daquela a que estávamos habituados na temporada anterior, mas uma boa forma. Os resultados que fomos tendo ao longo da época vieram comprovar que estávamos a fazer uma boa temporada, os jogadores entendiam-se bem, havia criatividade, união dentro da equipa e todos sabiam o que tinham de fazer dentro de campo. Mudámos rapidamente aquilo a que estávamos habituados e fomos seguindo a nossa vida dentro do campo a treinar e a jogar da melhor forma porque gostávamos do que estávamos a aprender. Todos gostamos da escola brasileira, até porque é de topo mundial. Estamos num bom caminho e vamos fazer ainda melhor este ano”.
Ser visto como uma referência
“Sinto que as pessoas gostam de me ver dentro de campo e ficam surpreendidas pela minha idade e por ainda estar todos os dias em actividade. Quero é transmitir aos jovens os meus valores, o meu percurso e a maneira como o fiz para tentar incentivá-los e criar outro tipo de visão no sentido em que podem conquistar muitas coisas, almejar estar em grandes equipas e campeonatos e serem reconhecidos. Ao treinarem e jogarem, são valorizados e depois reconhecidos pelo que vão fazendo no dia-a-da. São esses valores que vou transmitindo para tentar fortalecer essa ambição e deixá-los mais à vontade dentro de campo”.
O amor pela modalidade e pelo Sporting CP
“São duas ou três coisas. É gostar de estar no Clube em que estou, que amo e em que me sinto bem, e é pela modalidade que me abraçou desde os seis anos numa cidade que respira voleibol. Tenho de ter muito respeito pelo Clube em que estou e pela modalidade que pratico, assim como pelo prazer que tenho em fazer isto. Sinto-me bem fisicamente e enquanto isso acontecer vou continuar cá. Nunca tive a meta de chegar aos 35, 40, 45 nem 50 a jogar. As coisas vão-se passando e eu vou continuando em finais, a conquistar títulos, a ajudar equipas, grupos, treinadores e colegas de equipa. É para isso que estou aqui, para servir. Não me coloco de lado em nenhuma situação, porque tenho também de fazer o meu trabalho e não posso viver à custa do que fiz até aqui. Se não mostrar no dia-a-dia as pessoas vão dizer que eu já não tenho idade para estar aqui. Enquanto me sentir bem e com vontade, vou continuar até que idade for. Mas é um ano de cada vez. Vou jogar até aos 50 anos e quiçá até aos 51 ou 52”.