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ADN Sporting

Por Juvenal Carvalho
26 Nov, 2020

(...) o código genético do meu Sportinguismo nunca se deixou abalar nos maus momentos. Os bons, ao assistir a tanto e tanto êxito suplantaram em muito os maus, apesar de nas vitórias ser muito menos preciso apoiar do que nos momentos menos bons

Lembro-me perfeitamente do dia em que entrei para Associado do Sporting Clube de Portugal, quando ainda criança, pela mão de meu pai, e na companhia do Sócio proponente – na altura era condição obrigatória – o Sr. Olímpio, de quem já aqui falei do quanto influenciou o meu Sportinguismo numa das minhas colunas de opinião anteriores, entrei com eles na secretaria do antigo estádio.

Como se fosse hoje, recordo essa tarde tórrida de um mês de Julho da década de 70 do século passado. A alegria era contagiante. O momento inolvidável. Ser Sócio do Sporting CP e ostentar na carteira, também ela com o emblema do nosso Clube, o cartão de Sócio com o símbolo do Leão rampante, era motivo de orgulho suplementar, e servia também para apimentar as conversas com amigos de infância de clubes rivais, dizendo-lhes que nem associados do clube deles eram, entre outras saudáveis picardias. 

A cada renumeração, fui tendo, como todos nós, mais cartões, e com todos eles, gostando mais ou menos do grafismo de cada um, o orgulho e a alegria pela sua recepção, foi o mesmo.  

Da mesada dos meus pais, gente humilde de bairro, paguei as primeiras quotas. Posteriormente, e sem atrasos até hoje, cumpro religiosamente o meu dever de Associado.  

É este ADN e a forma de viver o Sporting CP, que para mim são intemporais. De sempre e para sempre, o código genético do meu Sportinguismo nunca se deixou abalar nos maus momentos. Os bons, ao assistir a tanto e tanto êxito suplantaram em muito os maus, apesar de nas vitórias ser muito menos preciso apoiar do que nos momentos menos bons. 

Já passaram muitos anos desde que me fiz Associado, já tive até o prazer de ser dirigente do nosso Clube, e de fazer também inúmeras amizades que perduram no tempo. 

Tudo isto, essencialmente para vos dizer com a emoção que a minha escrita transborda, e os que me conhecem sabem bem da genuinidade da mesma e da forma como sinto o Clube, confesso-vos que voltei a sentir o “acne juvenil” como o do dia que me fiz associado, ao abrir diariamente a caixa do correio com a ansiedade da chegada do novo cartão. E eis que ele chegou a meio da semana passada. E recebi-o com a alegria que nem a passagem do meio século de vida, e o branquear dos cabelos, me deixam de fazer sentir um teenager na forma como vivo e sinto o nosso Clube. E acima de pessoas. Até porque todos nós passamos. Ficará sim, e para todo o sempre, o nosso grande amor: o Sporting Clube de Portugal.