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Crença e sede de vencer

Por Rodrigo Pais de Almeida
29 Abr, 2021

O jogo disputado na Pedreira no passado domingo resume de forma perfeita o percurso desta equipa, destes jogadores, deste staff e desta equipa directiva. Mas, sobretudo, a verdadeira mentalidade de todos estes!

O mundo tem sustentado muito da sua evolução (seja no ambiente, na tecnologia, no desporto, na educação, na economia, etc.) na capacidade das pessoas/sociedade resistirem e se adaptarem ou serem elas próprias catalisadoras da mudança, sem olharem ao percurso sinuoso que por vezes têm de percorrer para atingir um objectivo final.

Tenho vindo a escrever neste espaço acerca da(s) grande(s) mudança(s) que o Sporting Clube de Portugal tem vindo a preconizar neste ciclo. Há quem reconheça essa mudança no projecto/cultura desportiva traçado por quem gere o Clube. Há quem veja na equipa de futebol profissional o dínamo dessa mudança. Há quem perceba pela forma e conteúdo da comunicação o que mudou no paradigma do Clube. Há quem refute tudo isso e circunscreva a mudança apenas à conquista de melhores resultados desportivos. Pois bem, se tivesse de resumir o que me parece a charneira da mudança foi… A Mentalidade!

O jogo disputado na Pedreira no passado domingo, para além de um dos capítulos mais dramáticos e bonitos desta época desportiva da nossa equipa de futebol profissional, resume de forma perfeita o percurso desta equipa, destes jogadores, deste staff e desta equipa directiva. Mas, sobretudo, a verdadeira mentalidade de todos estes! Uma crença e uma sede de vencer de verdadeiros Leões… Uma mentalidade competitiva que luta, de uma forma leal, para superar todas as adversidades… Uma união de sangue de uma verdadeira família, em que todos encarnam a alma, o sonho e o coração de todos os Sócios e adeptos do Sporting Clube de Portugal!

Rúben Amorim colocou Nuno Santos no lugar de Tiago Tomás para dar maior rapidez e solidez ao último terço do campo e fez regressar Feddal ao lado esquerdo do trio defensivo depois uma paragem para gestão dos seus índices físicos. O Sporting CP começava o jogo de forma a suster o maior ímpeto inicial do SC Braga, não sofrendo golos e ir paulatinamente gerindo a posse de bola, trazendo assim intranquilidade à equipa adversária que também gosta de a ter.

Um jogo equilibrado com Carlos Carvalhal a recuar Nico Gaitan para verdadeiro organizador do jogo ofensivo, pautando as entradas de Fransérgio e de Ricardo Horta entre os centrais Leoninos com a largura a ser dada pelos mais alas que laterais Ricardo Esgaio e Galeno. Sem marcações fixas no eixo defensivo face à superioridade aparente de 3 contra 1, eram Feddal e Inácio a taparem as entradas dos jogadores com maior mobilidade e velocidade do adversário que em bolas na profundidade tentava ludibriar a defesa menos batida da Europa.

O Sporting CP foi tendo mais bola, foi gerindo a mesma, mas foi algo precipitado em alguns passes que valeram alguns calafrios e um primeiro cartão amarelo a Gonçalo Inácio logo na primeira falta do jogo. Com uma posse de bola de quase o dobro do SC Braga nos primeiros 20 minutos e com o jogo equilibrado e no momento definido para começar a ferir a defesa bracarense (já o tinha feito por uma vez) o jogo ficava ferido de verdade em dois lances no mesmo minuto. Numa entrada imprudente e perigosa que poderia lesionar gravemente João Palhinha, Artur Soares Dias poupa o jogador do SC Braga à merecida expulsão e nem o VAR (que podia ser chamado de acordo com o protocolo) interveio. Na jogada seguinte, num lance sem perigo e dominado territorialmente pela defesa do Sporting CP, e logo na segunda falta da equipa no jogo, o mesmo árbitro e de forma precipitada, pressionado, incoerente e contra o que a lei determina, expulsa com segundo amarelo o jovem Gonçalo Inácio condicionando um jogo de futebol que tinha tudo para ser dos melhores desta Liga NOS.

A ter de jogar com menos um elemento durante 70 minutos contra uma das melhores equipas da Liga NOS, a tarefa da nossa jovem equipa parecia impossível. Abdicou rapidamente do trio ofensivo fazendo recuar Nuno Santos para a ala esquerda e Nuno Mendes para o trio defensivo, optando Rúben Amorim por manter o equilíbrio de trás para a frente e confiando na capacidade física/técnica de Paulinho e Pedro Gonçalves para conseguirem fechar os caminhos da primeira linha de construção do SC Braga. Quando a equipa recuperava a posse de bola a sua missão era dar alguma profundidade aos ataques que libertassem a pressão atrás e conquistassem as possíveis jogadas de perigo junto do último terço da equipa bracarense, sem inverter as prioridades de cada sector.

O desejado intervalo chegou para reorganizar os dez verdadeiros Leões que tinham de procurar trazer algo de Braga. Rúben Amorim chamou à partida Luís Neto e Matheus Nunes, confiando na experiência e capacidade de liderança do primeiro, e na capacidade física e de criar desequilíbrios do segundo. A equipa defendia mais atrás para dar o engodo ao adversário sem nunca se desequilibrar e, mesmo com superioridade numérica, o SC Braga apenas por uma vez assustou António Ádan que respondeu de forma brilhante e com uma defesa que irá surgir seguramente nos momentos mais marcantes da Liga NOS. O toque subtil que permitiu segurar o empate naquele momento e fez uma equipa acreditar que, contra todas as adversidades, era possível. Que por muito escassas que fossem as oportunidades, naquele momento, naquela hora em que e se surgisse, a eficácia iria ditar o resultado final.

A equipa uniu-se. A equipa lutou. Um a um os jogadores cortavam e festejavam cada sucesso defensivo como se de um golo na baliza adversária se tratasse. Motivaram-se. Acreditaram. Compromisso e pacto de sangue entre TODOS. A nove minutos do final surgiu o momento. O Sporting CP esperou por ele como um verdadeiro Leão espera pela sua presa. Soube sofrer como nunca. “Fingiu-se” de morto para que o adversário cedesse à sua sobranceria e com humildade, na raça, e no momento certo, matava o jogo numa troca de olhares de Pedro Porro que sinalizava a esperança de todos os Sportinguistas, isolando Matheus Nunes. Com um remate em força, de raiva, que detinha a esperança e a sagacidade de todos os Sportinguistas dava corpo a um jogo de transcendência dos bravos Leões e a uma vitória com contornos épicos. Vitória que teve tanto de sonhada/ficcionada como de real pela chama e alma que nunca esteve em causa desde o início desta Liga NOS.

Nota final para algo que tenho vindo a escrever sobre as crianças e os jovens Sportinguistas. Se tem tanto de magnífico como de difícil ser do Sporting CP, muito mais complicado é ser do Sporting CP sem nunca ter visto o Clube campeão. Se cada um de nós tem a obrigação de, como diz a música, passar este amor de geração em geração, a verdade é que para o sucesso desta continuidade e crescimento da comunidade jovem Sportinguista muito tem contribuído outra mudança no universo Leonino à qual tenho de fazer aqui e agora a devida vénia. A forma e o formato da comunicação no Clube. A aposta clara em conteúdos digitais modernos, pioneiros na mudança e na mentalidade desportiva em Portugal. Estratégia que tem ultrapassado a barreira do futebol e alastra diariamente a todas as modalidades do Clube. Comunicação que eleva o sentimento de orgulho e pertença ao Clube a cada segundo por todas as famílias Sportinguistas. No site. No Jornal de clube mais antigo do Mundo. No próprio estádio. Nas redes sociais cada vez mais rápidas na difusão desta atmosfera Leonina tão díspar da de todos os nossos adversários. Ver os meus filhos a perguntarem quando sai o Inside Sporting, qual a música desta semana do Backstage Sporting e o que é que o Senhor Paulo Gama (é assim que o tratamos lá em casa) vai fazer no TikTok desta semana, ou quais as histórias mais divertidas deste episódio do “ADN de Leão”, é tão importante como qualquer vitória em qualquer modalidade. É educação. É forma de ser e de estar. É amor. É a paixão por este Clube, por estes valores e ideais que nos passaram os nossos antepassados desde os fundadores em 1906 a cultivarem-se, a alimentarem-se e a transmitirem-se para as próximas gerações de Sportinguistas. É a mudança e o garantir do desenvolvimento sustentável e do futuro do Sporting Clube de Portugal!