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Heróis

Por Pedro Almeida Cabral
29 Abr, 2021

(...) É assim que tem sido a nossa equipa nos 29 jogos do campeonato, mesmo nos que não ganhámos. E será assim que entraremos em campo nos cinco jogos que faltam. Se a sorte protege os audazes, sorri ainda mais aos heróis

Os campeonatos fazem‑se de histórias. Este já leva muito que contar. Desde os miúdos que agarraram o lugar, como Nuno Mendes ou Tiago Tomás, até aos golos do capitão Coates, feito ponta‑de‑lança, passando pelos decisivos tentos de Matheus Nunes contra o SC Braga e o SL Benfica, os 29 jogos do Sporting Clube de Portugal no campeonato têm sido uma caminhada inesquecível. Porém, nada será tão lembrado como o heróico jogo contra o SC Braga do passado domingo.

Raras vezes uma equipa de futebol se superou de forma tão perfeita. Com uma entrada titubeante face à organização ofensiva dos bracarenses, seria Gonçalo Inácio a marcar o jogo, com uma expulsão, decorridos somente 18 minutos. Para muitos que consideravam que Rúben Amorim andava a fazer leituras pouco clarividentes, o nosso míster deu uma resposta esclarecedora. De imediato, baixou as linhas e orientou a equipa para jogar num simples ferrolho 5‑4, defendendo a baliza de Adán com todos os jogadores que tivessem duas pernas. Ao intervalo, as entradas de Neto e Matheus Nunes deram ainda mais consistência a esta estratégia. O brilhantismo esteve em fazer com que uma equipa tão empenhada em defender nunca voltasse a cara à vitória. Só um onze extremamente motivado e confiante poderia fazer este jogo: dentes cerrados cá atrás, olhos focados lá à frente, na baliza adversária. Isto é trabalho de treinador. Quem acompanha o campeonato desde o início, sabe a valia superior que tem Amorim no conhecimento do jogo e no treino psicológico de jogadores tão novos. E, por isso, tantos sabiam que a vitória podia chegar.

E chegou mesmo, aos 81 minutos. Uma jogada estudada, um entendimento sublime, um golo que arrancou exuberantes festejos ao mais contido Sportinguista. Foi Porro quem fez sinal a Matheus Nunes para se desmarcar, que enganou toda a defesa do SC Braga e conseguiu um precioso avanço de alguns metros para bater o guardião adversário. Depois, restava não mexer em nada, guardando um pouco mais a bola, como fez Plata, que entrou nos minutos finais.

Não é possível vencer um jogo destes, com um a menos e a lutar contra um vendaval atacante, sem sofrimento, abnegação e sabedoria. É desta massa que são feitos os heróis, atingindo o que muitos acham impossível. É assim que tem sido a nossa equipa nos 29 jogos do campeonato, mesmo nos que não ganhámos. E será assim que entraremos em campo nos cinco jogos que faltam. Se a sorte protege os audazes, sorri ainda mais aos heróis.